Após dias de turbulência entre os três poderes da República, com troca de críticas entre membros do Executivo, Judiciário e Legislativo, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos afirmou que não existe qualquer mobilização política dentro das Forças Armadas e que o governo segue dialogando com os outros poderes. 

Em coletiva sobre as ações do governo no combate ao novo coronavírus, os ministros foram questionados sobre o acirramento de ânimos dos últimos dias entre o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). 

“Estou na ativa porque foi a opção do momento. Em junho de 2019 o presidente me convocou para essa missão. Estou aqui como cidadão. Cidadão que já foi integrante do alto comando do Exército. Não tenho contato nenhum, a não ser de amizade, e não participo de reuniões (das Forças Armadas). Não há nenhuma ligação de eu estar aqui representando o Exército. Estou aqui como cidadão. Não há nenhuma influência política ligada ao Exército”, afirmou o general Luiz Ramos. 

O ministro lembrou sua trajetória como militar e afirmou que mantém os valores aprendidos em sua formação no Exército, mas está no governo como um civil.

Nas últimas semanas o clima de tensão aumento após carta do ministro Augusto Heleno divulgar carta pedindo limites ao Supremo Tribunal Federal - documento divulgado depois que o STF sugeriu ao Ministério Público a possibilidade de apreender o celular do presidente Jair Bolsonaro. 

Na semana passada, o clima piorou depois que veio à tona o vídeo da reunião ministerial em que o ministro da Educação Abraham Weintraub fez críticas a representantes de outros poderes. O ministro sugeriu a prisão de “vagabundos” e citou o STF. 

“Era uma reunião privada do presidente com seus ministros. Agora, sobre a opinião do Weintraub, tem que ser perguntada a ele”, afirmou Ramos ao ser questionado o que pensava da fala do ministro da Educação na reunião ministerial. 

O ministro-chefe da Casa Civil, Braga Netto, afirmou que foi questionado por lideranças parlamentares durante uma reunião sobre a possibilidade de um golpe, mas que considerou a pergunta um absurdo. 

“A reunião foi feita com parlamentares de uma comissão, um comitê que faz acompanhamento da crise do coronavírus. Foi aberta ao público. Surgiram diversas perguntas e uma delas sobre golpe. Aquilo para mim era um absurdo. Deixei claro que o governo é um governo conservador liberal. Ele se pauta em valores: Deus, família, liberdade, valores éticos e morais, contra a corrupção. E liberal por se pautar pelo liberalismo econômico”, afirmou Braga Netto.