A vereadora Nely Aquino (PRTB) foi empossada na tarde desta terça-feira (1º) como presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte. Ela é a segunda mulher a assumir o segundo posto político mais importante da capital, uma vez que Luzia Ferreira foi a chefe do legislativo municipal no biênio de 2009/2010.
Junto de Nely foi empossada a nova mesa diretora, formada pelos vereadores Preto (DEM) como 1º vice-presidente, Jair Di Gregório (PP) como 2º vice-presidente, Carlos Henrique (PMN) como secretário-geral, Catatau (PHS) como 1º secretário e Marilda Portela (PRB) como 2ª secretária. A Mesa é responsável por coordenar as atividades legislativas e exercer a administração da Casa.
Emocionada no discurso, a presidente da Câmara disse que assume um desafio nobre e que vai procurar desenvolver um trabalho eficiente somando a experiência de todos os colegas. "Nós vamos aproveitar muito o que foi feito pela mesa diretora. Essa casa vai continuar oferecendo a parcela de contribuição para a cidade", disse Nely.
A nova mandatária do Casa afirmou que não vai abrir mão da autonomia e independência do Legislativo, mas que pretende estreitar os laços com o Poder Executivo de Belo Horizonte. Por fim, voltando a ressaltar a origem de periferia na região Norte da capital, Nely declarou que foi eleita para dar voz aos "invisíveis".
Eleição
A vereadora foi eleita no último dia 12 em primeiro turno com 24 votos entre os 41 parlamentares. A votação foi marcada por por duras críticas ao prefeito Alexandre Kalil (PHS), que entrou na articulação para escolher o nome de Nely na véspera da eleição. No dia da eleição, Nely rebateu críticas sobre uma suposta ligação com o ex-presidente da Casa Wellington Magalhães e disse que não é inexperiente, apesar de estar no primeiro mandato. Ela já ocupou cargos públicos no Governo do Estado e na Assembleia Legislativa, além da Prefeitura e da Câmara de Belo Horizonte.
É função da presidente eleita representar a Casa perante as autoridades públicas e a sociedade civil, dirigir os trabalhos institucionais e manter sua ordem. Caberá a ela, ainda, autorizar a realização de despesas, prestar contas dos gastos do legislativo, assinar a correspondência oficial e convocar reuniões.
Perfil
Neli Pereira de Aquino, nascida em 17 de novembro de 1972 na cidade de São Sebastião do Maranhão, na região do Rio Doce, foi eleita na última semana para presidir a Câmara Municipal de Belo Horizonte. Segunda mulher a ocupar o cargo – a outra foi Luzia Ferreira, escolhida em 2009 – se elegeu vereadora em 2016 trazendo no próprio nome a vinculação com o irmão. Como Nely do Valdivino, pelo PMN, ela recebeu 4.765 votos, principalmente na região de Venda Nova.
Pouco tempo depois de chegar à Câmara, desvencilhou-se do nome do ex-vereador, aderiu o sobrenome ao nome parlamentar e, entre outras bandeiras, lutou pela causa feminista junto com as outras vereadoras da Casa. O PMN também ficou para trás e hoje ela é filiada ao PRTB, do vice-presidente da República, Hamilton Mourão.
Apesar de ocupar a cadeira de secretária geral na Mesa Diretora desde 2016, a vereadora não é uma parlamentar que está constantemente na frente das câmeras. Nos bastidores, porém, é tida como forte e de pulso firme. Ainda que esteja longe de ser possível qualquer comparação direta com a ex-primeira ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher, a vereadora terá que se acostumar com a alcunha de “Dama de Ferro” que tem recebido nos corredores da Casa, já que vai assumir a segunda cadeira mais importante da cidade de Belo Horizonte, para onde se mudou com menos de dois anos de idade.
Nely demonstra orgulho de sua origem. Intitula-se “favelada” quando acossada por críticas dos adversários para realçar sua capacidade de reagir às adversidades. Nos últimos dias, quando despontou como a escolhida na base de Kalil e foi bancada pelo prefeito, a parlamentar ressaltou suas raízes (região Norte da capital) e também o fato de ser a única mulher em primeiro mandato a ser eleita para comandar a Casa. “(Vamos) parar de viver em guerras pessoais e vamos nos unir para a construção de uma cidade. Amo a minha cidade, que deu a chance da menina da favela chegar a ser vereadora”, disse Nely ao microfone, um dia depois de ser eleita.