Eleições

Petistas insistem em Dilma no Senado e dão ultimato ao MDB

Ala próxima do governador afirma que decisão sobre candidatura é de Lula e não será alterada

Por Fransciny Alves
Publicado em 26 de abril de 2018 | 03:00
 
 
 
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Integrantes de uma das alas do PT de Minas Gerais, em tom de ultimato, dizem que o MDB tem que se acostumar com a ideia de que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) vai ser candidata ao Senado nas eleições deste ano pelo Estado. O governador Fernando Pimentel (PT) tem sofrido pressão por parte dos emedebistas para que ela não faça parte da chapa. Uma das justificativas é que não é coerente que Dilma e os deputados favoráveis à cassação dela dividam o mesmo palanque.

Um parlamentar petista afirma que, se o MDB quiser coligar com o PT, “cabe a eles aceitar” a participação de Dilma. A avaliação é que a chegada da petista à chapa é um caminho sem volta, já que a movimentação foi feita em nível nacional pelo ex-presidente Lula e precisa ser efetivada. Mas foi exatamente o fato de a negociação ter sido realizada sem se consultar a agremiação em Minas que causou a ira dos emedebistas.

A aliança entre as duas legendas antes era algo dado como certo pelo grupo formado, em sua maioria, por deputados estaduais, sendo liderado pelo presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Adalclever Lopes. Isso porque eles tinham mais chances de se reeleger. No entanto, Adalclever, que era cotado para postular o Senado, foi o principal prejudicado com essa negociação.

Além das vagas de governador e de vice, a chapa é formada por duas cadeiras ao Senado. E, como dificilmente dois nomes do mesmo espectro conseguem se eleger para o Legislativo, mesmo que Adalclever ocupasse um dos dois postos disponíveis, ele teria muito mais trabalho com Dilma na corrida eleitoral. Além disso, o MDB perdeu a vaga de vice, que era ofertada antes.

Diante disso, a maior parte do grupo emedebista começou a defender a tese de candidatura própria – que vai de encontro ao que pensa a outra parcela do partido, em especial o presidente do MDB estadual e vice-governador, Antônio Andrade. Mas, como mostrou O TEMPO, essa movimentação dos deputados estaduais é vista como uma estratégia para pressionar Pimentel a ceder e dar mais espaço para a agremiação na chapa.

Um dirigente do PT ouvido pela reportagem contou que seria “terrível” ir para uma eleição sem o MDB. Contudo, hoje o centro é Lula. Ainda segundo ele, é difícil saber se os emedebistas podem ou não ceder e que essa decisão somente deve ocorrer próximo do prazo de se registrarem as chapas. “Mas pelo menos temos que deixar uma porta aberta para o segundo turno”, ressaltou.

Outro fator considerado importante por petistas com a chegada de Dilma é o de que ela vai ajudar eleitoralmente Pimentel, que tem caído nas pesquisas. Porém, nos bastidores, é dito que ela também tem se sentido constrangida com a possibilidade de dividir espaço com aqueles que a derrubaram. Para reduzir um pouco o desgaste entre as siglas, foi sugerido por emedebistas que a ex-presidente se lançasse como candidata a deputada federal. No entanto, essa hipótese é descartada pelo PT.

“Ela seria boa para puxar votos como deputada federal, mas como ficar num palanque com quem você cassou? Isso atrapalha muito eleitoralmente e pode dar mais trabalho para reeleger. Por isso, se o MDB não lançar candidatura própria, podemos coligar com outros partidos, como o DEM e até o PSDB. O nosso partido é muito cobiçado. Essa, sem dúvidas, vai ser uma escolha de Sofia para os dois lados (MDB e PT)”, declarou um deputado emedebista.

Relógio

Decisão. No dia 1º de maio, o MDB vai realizar prévias para definir se vai ou não ter candidato próprio na disputa pelo governo de Minas. Mas a escolha final somente vai ser tomada nas convenções.

 

Ex-presidente pode ajudar 5 “inimigos”

Se for confirmada uma aliança entre PT e MDB em Minas Gerais, num cenário em que a ex-presidente Dilma Rousseff dispute uma cadeira ao Senado, cinco deputados federais emedebistas que foram favoráveis ao impeachment dela teriam que dividir o palanque com a petista. Todos esses políticos devem participar do pleito deste ano.

A situação pode ser ainda mais curiosa se Dilma for candidata a deputada federal, como também é aventado nos bastidores. Neste caso, seus votos poderiam até ajudar a reeleger os algozes para seus cargos.

Em abril de 2016, eles compuseram a parcela de 376 parlamentares da Câmara dos Deputados que autorizou o Senado a julgar a então presidente por crime de responsabilidade. Posicionaram-se favoravelmente à cassação de Dilma: o vice-presidente do Legislativo, Fábio Ramalho, e os deputados Mauro Lopes, Newton Cardoso Jr., Saraiva Felipe e Leonardo Quintão.

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