A decisão do presidente Jair Bolsonaro, nesta quinta-feira (16), de demitir Luiz Henrique Mandetta da chefia do Ministério da Saúde não repercutiu nada bem na classe política. De diferentes frentes ideológicas, parlamentares criticaram a decisão do Palácio do Planalto, ressaltando que a saída dele do cargo foi por seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde e obedecer a uma linha técnica. Mas, nos bastidores, aliados do agora ex-ministro estão aliviados por ter chegado ao fim o processo de “fritação” dele.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), afirmou que Mandetta cumpriu com a sua missão. “Fez do nosso país, com todas as suas limitações na área da saúde, referência internacional de como enfrentar a propagação do coronavírus. Salvou milhares de vidas. Obrigado”, disse. Caiado rompeu com o presidente durante essa crise, após o episódio que Bolsonaro se referiu à Covid-19 como “resfriadinho”.

O primeiro vice-presidente do Senado, Antonio Anastasia (PSD-MG), disse que Mandetta, com muito esforço e dedicação, honrou a nação e seu trabalho como médico, servindo o país com base nos seus conhecimentos técnicos e científicos.

“Merece nossos agradecimentos e nosso melhor reconhecimento. Ao novo ministro Nelson Teich, desejo sucesso e um bom trabalho. O Brasil necessita e espera isso, especialmente neste momento”, falou o parlamentar mineiro.

O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (SP), lamentou a saída do político do cargo no momento, segundo ele, que o país caminha para a fase mais aguda da pandemia. O tucano foi duro ao dizer que Mandetta se tornou alvo de críticas e intrigas dentro do governo nos últimos dias justamente por estar fazendo um bom trabalho, alinhado à ciência, aos organismos e às autoridades internacionais.

“O que se espera, neste momento, é que seu substituto mantenha a linha de atuação que os países, na sua grande maioria, estão adotando. Não é possível que o mundo inteiro esteja errado. São vidas que estão em jogo, e o esforço para preservá-las deve estar acima de disputas políticas e ideológicas”, declarou Sampaio.

No mesmo sentido, a bancada do PSB na Câmara repudiou o “fato de que disputas políticas menores estejam desviando o que deveria ser o principal foco do governo neste momento: a saúde e a vida de todos os cidadãos”. O líder da legenda na Casa, Alessandro Molon (RJ), ainda afirmou que Bolsonaro “não pode usar o Ministério da Saúde como replicador de suas crenças infundadas e irresponsáveis”.

“A pasta deve ser ocupada por um quadro técnico, sério, que seja guiado pela ciência e pelas orientações da Organização Mundial da Saúde. Somente assim o Brasil conseguirá evitar o cenário catastrófico que se desenha diante das inconsequências do presidente da República”, pontuou.

A líder do PSOL no Legislativo, Fernanda Melchionna, considerou que a situação era grave e agora ficou gravíssima. “A demissão do ministro Mandetta significa anticientífico, obscurantista, de propagação de fake news e que já levou a 1.769 mortos e mais de 30 mil pessoas infectadas. E, infelizmente, esse número tende a aumentar diante da irresponsabilidade desse governo que é inimigo da ciência e que ao mesmo tempo não paga os benefícios para que a população faça o isolamento social”, disparou.

DEM

Quem também se posicionou foi o presidente do Democratas e prefeito de Salvador, ACM Neto. O ex-ministro é filiado ao partido e recebeu elogios do dirigente. Segundo ele, diante da pandemia Mandetta sempre agiu de acordo com critérios científicos para tentar conter o avanço da doença e, assim, diminuir ao máximo a perda de vidas. Na nota, ele destaca que mesmo com a demissão, o médico ainda vai contribuir muito para a vida pública nacional”.

“Mandetta sempre partilhou com a sociedade, de forma responsável e transparente, informações técnicas, seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde, esclarecendo a população sobre a importância de medidas preventivas e demonstrando total preocupação e absoluto compromisso com a saúde dos brasileiros. Foi assim que conquistou a confiança da grande maioria da nossa sociedade, fazendo sua mensagem chegar às famílias em todo o país”, afirmou.