BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), classificou como “fake” a notícia de que ele teria traído o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a votação do texto que derrubou o aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF).
Motta voltou a rebater críticas da base governista em um vídeo publicado em suas redes sociais nesta segunda-feira (30). “Capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa, não é leal, é cúmplice. E nós avisamos ao governo que essa matéria do IOF teria muita dificuldade de ser aprovada no Parlamento", disse.
"O presidente de qualquer Poder não pode servir a um partido. Ele tem que servir ao seu país. Pode ter certeza, se uma ideia for boa, nós vamos defender e assoprar para que ela possa atingir toda a população”, completou. Motta ainda destacou que a derrubada dos decretos sobre o IOF contou com votos, inclusive, de parlamentares da esquerda, mesma ideologia política de Lula.
“Quem alimenta o nós contra eles, acaba governando contra todos. A Câmara dos Deputados, com 383 votos de deputados de esquerda e de direita, decidiu derrubar um aumento de imposto sobre o IOF, um imposto que afeta toda a cadeia econômica. A polarização política no Brasil tem cansado muita gente e agora querem criar a polarização social”, frisou.
Os decretos de aumento da alíquota do IOF foram publicados pelo governo em maio como forma de aumentar a arrecadação e cumprir a meta fiscal. As medidas, porém, não foram bem aceitas pelo Congresso Nacional. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou um pacote alternativo para evitar a derrubada, mas sem sucesso.
Na última quarta-feira (25), a revogação dos decretos foi aprovada tanto pela Câmara dos Deputados, quanto pelo Senado. Com a decisão promulgada na quinta-feira (26), todas as alíquotas mais altas do IOF caíram, e o imposto voltou a ter taxas menores. O governo Lula estuda, agora, a possibilidade de recorrer da decisão ao Supremo Tribunal Federal (STF). O caso está sob análise da Advocacia-Geral da União, comandada pelo ministro Jorge Messias.