Exonerações

Prefeitura de BH tem debandada após retirada de adesivos LGBT+

A subsecretária de Direitos de Cidadania e a diretora de políticas para a população LBGT da cidade pediram exoneração nesta terça-feira; a secretária de Assistência Social já havia deixado o cargo na última semana

Por Letícia Fontes
Publicado em 05 de março de 2024 | 08:56
 
 
 
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Após a saída da secretária de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, Rosilene Rocha, pediram exoneração da Prefeitura de Belo Horizonte também a subsecretária de Direitos de Cidadania, Glecenir Vaz Teixeira, e a diretora de políticas para a população LBGT, Gisella Lima - primeira mulher trans a assumir o posto na PBH. 

Assim como Rosilene, as servidoras não quiseram continuar na pasta após a prefeitura ceder à pressão de deputados e vereadores de direita e ter removido a identidade visual do Centro de Referência LGBT+, localizado na região central da capital. 

Alvo de críticas por conta das cores do arco-íris e da frase "Bem-vindes" na entrada do local, Glecenir e Gisela teriam ficado incomodadas com a retirada da plotagem do equipamento público depois que parlamentares criticaram a ação.

Mais exonerações. O pedido de exoneração das servidoras foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM) desta terça-feira (5), mas não devem ser os únicos. A expectativa é que o coordenador do Centro de Referência LGBT, Gustavo Magalhães também saia do cargo. Ele já teria anunciado sua saída a servidores. Inicialmente, ele fica no posto até abril. 

"Saiu a exoneração de mais duas pessoas importantes para as políticas de Direitos Humanos da cidade (...) a exoneração delas foi um grande passo para todos nós que defendemos justiça social na cidade. Agora, perdemos as duas companheiras para uma agenda atrasada e preconceituosa  que manifesta, de todas as formas, seu horror à diversidade", lamentou o vereador Pedro Patrus (PT) nas redes sociais.

Na última semana, o prefeito Fuad Noman (PSD) alegou que a retirada da identidade visual do Centro de Referência não teria tido nenhuma relação com pressão de movimentos de direita, mas sim com uma das diretrizes da PBH de não colocar elementos visuais na portaria de órgãos públicos. 

Substituções. Desde a saída de Rosilene Rocha na última semana, quem comanda interinamente a secretaria de Assistência Social é o ex-secretário de governo, Josué Valadão. Na prefeitura desde 2009, ainda durante a gestão do ex-prefeito Marcio Lacerda, Valadão estava atuando recentemente nas regionais, como consultor técnico no gabinete do prefeito.

Sem a definição de um novo secretário, apenas o posto de secretária adjunta foi nomeado após os recentes pedidos de exonerações. No lugar de Glecenir Vaz Teixeira irá assumir a subsecretária de Direitos de Cidadania, Luana Magalhães, que até então estava na diretoria de acompanhamento legislativo na Secretaria de Governo. 

A avaliação de interlocutores é que a prefeitura possa enfrentar dificuldades em preencher os quadros devido a repercussão das últimas decisões do Executivo.  

Conforme publicado por O TEMPO, a saída de Rosilene não teria nenhuma relação com o lançamento da pré-candidatura de Fuad Noman à reeleição. Segundo interlocutores, a ex-secretária estava disposta a continuar na prefeitura pelo menos até o começo da campanha eleitoral. A gestora foi indicada à administração municipal pelo grupo liderado por Patrus Ananias (PT).

De acordo com aliados, foi apenas uma coincidência sua saída ter acontecido no mesmo dia que Fuad anunciou sua pré-candidatura. Fontes próximas à ex-secretária garantem que seu pedido de exoneração não tem relação com o fato do PT também possuir um pré-candidato no pleito municipal.

A reportagem de O TEMPO entrou em contato com a Prefeitura de Belo Horizonte e aguarda um posicionamento. 

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