O projeto de reforma administrativa do Estado enviada pelo governador Romeu Zema (Novo) à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) vai dar um indicativo de como a base vai se comportar. Hoje, é dito por deputados estaduais que a falta de traquejo do empresário com os políticos tem atrapalhado o trabalho dos líderes do Executivo na Casa e feito com que seja inviável formar um grupo sólido. Pelas contas dos políticos, Zema não teria apoio nem mesmo de um terço dos 77 deputados da Casa.

No próprio bloco de governo, formado por 22 deputados, pelo menos cinco deles dizem abertamente aos colegas que não fazem parte da base fidelizada. Alguns fatores têm ajudado para isso, como o fato de que ele tem visitado cidades do interior e não tem avisado aos parlamentares da região para que estejam presentes e, assim, possam ser prestigiados. Ontem, ele esteve em Bonito de Minas, no Norte do Estado, e os que fazem parte da base souberam de última hora.

“Todos os dias a gente espera a ‘surpresa’ do Zema do dia. Porque uma hora ele aparece do nada em uma cidade e não avisa nada. Em outro dia anuncia medidas a prefeitos e ninguém sabe de nada. Ele insiste naquilo da velha política, como se todos fossem ruins. Os secretários, a maioria, nos recebem, mas não têm poder na caneta”, declarou um parlamentar da base que pediu anonimato.

Outro ponto que tem atrapalhado seria a atuação do secretário geral da Governadoria, Igor Mascarenhas Eto. Políticos reclamam que ele “manda” e “desmanda” e tem impedido uma interlocução maior com os parlamentares. O entendimento dos parlamentares é que o líder de governo, Luiz Humberto Carneiro (PSDB), e o líder do bloco de governo, Gustavo Valadares (PSDB), estão tendo dificuldades em conseguir atrair mais nomes para o grupo por conta dessas interferências.

Resposta

Gustavo Valadares disse que hoje não há como falar que Zema tem maioria na Casa porque não se teve uma votação importante para medir o apoio. Ele, no entanto, confirma que tem sido recorrente um desencontro, em especial do governador e suas agendas para com a relação com os deputados estaduais. Porém, o tucano conta que o grupo levou para Zema, na última semana, a demanda de que é preciso melhorar a interlocução, e isso foi entendido. 

“Ele compreendeu que era necessário que tivesse uma relação mais direta, mais transparente com a Assembleia, mas a coisa ainda não chegou no que deveria ser. Mas isso é natural. É um novo governo, de novas pessoas, com novas ideias, e é preciso quebrar alguns paradigmas que elas têm colocado na cabeça de que existe a velha e a nova política, e nós não concordamos com isso. A Assembleia pratica a boa política, e é preciso que o governo entenda e enxergue isso”, afirmou. 

Ainda segundo o tucano, o relacionamento, que está um “pouco truncado”, vai melhorar. Valadares acredita que até o projeto de reforma ser colocado em pauta, o diálogo vai estar coeso: “O governador tem se mostrado aberto às críticas e tem se colocado à disposição para melhorar da parte dele. Acho que, quando for votar o primeiro projeto do governo na Casa, da reforma administrativa, nós teremos uma relação mais próxima, tranquila, produtiva, que vai gerar um bom resultado”.