O PSDB decidiu lançar chapa própria para disputar o governo de Minas Gerais. A informação foi revelada a O TEMPO pelo ex-deputado Marcus Pestana. Ele se reuniu nesta quarta-feira (4) com a bancada do PSDB de Minas em Brasília e com o pré-candidato à presidência da sigla, João Doria. 

“Está decidido que vamos lançar uma chapa. Até o final de maio, nós vamos conversar com os aliados. Os dois nomes que fariam parte da chapa sou eu e o vice-governador Paulo Brant. Um como governador, outro como senador”, disse Pestana.

A tendência, neste momento, é que ele seja candidato ao governo de Minas na chapa, enquanto Brant deve disputar o Senado. A vaga de vice seria cedida a outra sigla. O martelo, porém, ainda não está batido. “Podemos até rever a chapa em função das conversas com outros partidos”, declarou Marcus Pestana.

O processo de coordenação da chapa e das alianças será tocado pelo presidente do PSDB estadual, deputado federal Paulo Abi-Ackel (PSDB). Ele deve conversar nos próximos dias com potenciais aliados, como União Brasil, PDT, Avante, Podemos, além do Cidadania, que integra a federação com os tucanos.

“O partido tem história. Nós ocupamos por 16 anos o Palácio da Liberdade. Temos um legado que nenhum outro partido tem em Minas Gerais. Temos quadros, temos ideias”, afirmou Pestana. Desde a redemocratização, o PSDB teve como governadores Eduardo Azeredo (1995 a 1998), Aécio Neves (2003 a 2010) e Antonio Anastasia (2011 a 2014).

Ele irá participar na noite desta quarta-feira (4) de um jantar em São Paulo com os pré-candidatos a governador do PSDB. Também estarão presentes o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; a ex-prefeita de Caruaru, em Pernambuco, Raquel Lyra; o senador por Sergipe, Alessandro Vieira; e o deputado federal pela Paraíba, Pedro Cunha Lima. 

Com a decisão de lançar candidato próprio, o PSDB, na prática, rompe com o governo de Romeu Zema (Novo). Nos últimos meses, o partido demonstrou disposição de apoiar a reeleição do governador, desde que fossem contemplados com espaço na chapa. Sem uma decisão por parte de Zema e do Novo, os tucanos optaram por outro caminho.

O PSDB é aliado do governador desde o início da administração em 2019 e chegou a ocupar o primeiro escalão do governo com o ex-secretário Custódio Mattos, hoje no Cidadania.

Atualmente, a secretária de Planejamento do governo de Minas é a tucana Luísa Barreto. Apesar disso, ela não é vista como uma indicação do PSDB. Nesta terça, enquanto o partido decidia lançar candidato próprio, ela acompanhou Zema em uma reunião em Brasília com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP).

Na Assembleia Legislativa, o PSDB é base do governo Zema. Até abril, o líder de Governo era o deputado Gustavo Valadares, que permanece no posto, mas trocou o PSDB pelo PMN.

Legislação permite Brant candidato mesmo sem desincompatibilização

O vice-governador Paulo Brant (PSDB) pode ser candidato tanto a governador, como vice novamente ou senador, mesmo sem ter se desincompatibilizado do cargo. A legislação eleitoral determina que vice-chefes do Executivo não precisam deixar o cargo para disputar a eleição, desde que não tenham assumido como governador ou presidente da República em exercício nos seis meses que antecedem a eleição.

A última vez que Brant exerceu o cargo de governador em exercício foi em novembro de 2021. Na ocasião, o governador Romeu Zema (Novo) viajou para participar da COP-26, na Escócia. 

“Ele só não pode (ser candidato) se assumir o governo. Como isso nunca acontece, não tem nenhuma incompatibilidade”, disse Pestana a O TEMPO. A avaliação foi corroborada pelo professor de direito eleitoral do Ibmec, Leonardo Spencer. “Brant não precisa se desincompatibilizar. Entretanto, não pode assumir o governo nos últimos seis meses anteriores à eleição”, afirmou. O pleito está marcado para o dia 2 de outubro.

A candidatura de Paulo Brant, seja ao governo ou ao Senado, marca o fim de um ciclo iniciado nas eleições de 2018. Ele saiu de aliado de Zema para se tornar provável adversário nas urnas.

Brant se filiou ao Novo para ser o vice de Zema há quatro anos. Ele deixou o partido no início de 2020 devido à crise com a segurança pública. O governo havia fechado um acordo com a categoria para conceder reajuste salarial em três parcelas. Porém, após o projeto ser aprovado na ALMG, Zema sancionou apenas a primeira parcela e vetou as outras duas. 

“O povo de Minas não votou no programa e na plataforma política do Partido Novo”, disse Brant, à época, para justificar sua desfiliação. Ele destacou que a chapa com Zema e ele recebeu 72% dos votos em 2018, enquanto o Novo conquistou apenas três das 77 cadeiras do Legislativo mineiro.

Nos últimos meses, como mostrou a coluna Aparte, o vice-governador, já filiado PSDB, tem sido excluído de reuniões e decisões importantes do governo Zema, fato que aumentou sua insatisfação com o Novo e secretários ligados ao partido.

PSDB vai conversar com partidos que, hoje, apoiam Zema

A lista de partidos mencionada por Pestana como potenciais aliados na chapa do PSDB é formada por partidos que, atualmente, são aliados do governador Romeu Zema. As exceções são o PDT e o Cidadania, que vai integrar federação com os tucanos. 

O União Brasil negocia uma vaga na chapa de Zema. O próprio governador já sinalizou que o vice dele deve ser um nome do Sul de Minas, em aceno ao deputado federal Bilac Pinto (União). Já o Avante tem, inclusive, cargos no governo estadual. O partido indicou o atual presidente da Cohab Minas, Weber Dias.

O Podemos também deve caminhar com o governador. A sigla apoia o governo desde quando o diretório estadual era presidido pelo deputado federal Igor Timo. O apoio se mantém com a nova presidente do partido, a presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Nely Aquino, que é pré-candidata a deputada federal.

Matéria atualizada às 19h47