SÃO PAULO - O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse ontem que o partido continuará a apoiar o fim da reeleição e a extensão do mandato presidencial para cinco anos, apesar do início do ano eleitoral. Berzoini ressaltou que a legenda não se negará a discutir o assunto, caso seja posto na pauta do Congresso.

"O PT sempre foi contra a reeleição e o presidente Lula tem dito que gostaria de um mandato de cinco anos. Eu, pessoalmente, concordo com ele", disse.

O presidente nacional do PT insistiu, no entanto, que esta não seria a melhor época para debater a questão, pois a discussão poderia receber a influência de interesses eleitorais. "Mas o PT não vai se negar a debater", reiterou.

O deputado federal Alberto Goldman (PSDB), pré-candidato a governador de São Paulo, disse que vê a possibilidade de o Congresso discutir ainda na primeira metade de 2005 a proposta para pôr fim à reeleição e ampliar a cinco anos o mandato presidencial.

A avaliação de Goldman foi feita considerando a disposição do PT de continuar defendendo a mudança do sistema de reeleição. O deputado esclareceu que, apesar de ter ganhado força no PSDB, o projeto para mudar o mandato presidencial ainda não é um consenso dentro da agremiação.

"Não houve uma decisão partidária sobre isso", ressaltou, insistindo que, mesmo assim, existem várias posições favoráveis entre os tucanos. O deputado Jutahy Magalhães Júnior (PSDB-BA) apresentou uma proposta de emenda constitucional sobre o tema.

Crise
De acordo com Goldman, a crise política enfrentada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece como um dos motivos do fortalecimento da proposição do fim da reeleição.

"O processo de reeleição mostrou lados positivos, mas também mostrou muitos lados negativos. Principalmente, diante do que aconteceu com o governo Lula, temos a preocupação de que um governo assuma e se preocupe, exclusivamente, em se reeleger."

A proposta de pôr fim à reeleição e ampliar a gestão presidencial é defendida há muito tempo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob o argumento de que seria a forma de evitar que um governo ocupe o fim da administração com preocupações em relação à reeleição.