Na última semana da série sobre os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, analiso hoje a candidatura de João Vítor Xavier, escolhido pelo Cidadania para disputar o comando da capital. E reforço, mais uma vez, que o objetivo neste espaço é destacar pontos positivos e negativos, desafios e estratégias da chapa na campanha, como feito com os demais.
Em relação a João Vítor Xavier, o principal ponto favorável a ele nessa disputa é o grande arco de alianças que se formou em torno do seu nome. Isso demostra claramente a força da candidatura, que terá a maior presença no espaço eleitoral no rádio e na televisão. Cerca de um terço do tempo ficará com ele, que conseguiu nove partidos em sua coligação. Assim, terá tempo de sobra na propaganda para fazer suas propostas e alfinetar adversários. Ainda que o a campanha digital tenha ganhado espaço, é um ativo e tanto.
Dentro desse arco de apoios, nenhum é mais importante que o do senador Rodrigo Pacheco (DEM). Pretenso candidato ao Palácio Tiradentes em 2022, ele é figura essencial nesse pleito. Certamente vai usar todo seu prestígio nos bastidores para eleger João Vítor Xavier e pavimentar seu caminho na disputa com Kalil e Zema dois anos adiante.
Ainda é preciso enfatizar o perfil jovem e moderno de João Vítor, que tem a cara dessa renovação que as pessoas têm buscado nas eleições recentes. Isso se agrega ao fato de que tem facilidade de comunicação, o que tende a ajudar na tarefa de convencer o eleitor.
Em relação aos pontos negativos, uma lembrança que certamente os adversários farão é sobre o período em que João Vítor Xavier cresceu no PSDB, comandado no Estado por figuras desgastadas como a do ex-governador e hoje deputado federal Aécio Neves. Para quem fala em renovação na política, o histórico pode não ser o mais favorável.
João Vítor também tende a sofrer críticas por conta da total inexperiência em cargos do Executivo. Embora tenha uma sólida trajetória no Legislativo, já estando em seu terceiro mandato, nunca participou de administrações ou gerenciou nada, o que pode ser uma pedra no sapato na hora da comparação com outros candidatos.
Ele também tem um problema de ordem eleitoral. Hoje, o cenário aponta para uma forte ascendência de Bruno Engler (PRTB) sobre o eleitorado de direita conservadora, que defende Bolsonaro. A parcela de direita liberal tende a se aproximar de Rodrigo Paiva (Novo), candidato de Romeu Zema. À esquerda, há forte concorrência com Áurea Carolina (PSOL) e Nilmário Miranda (PT) e, no centro, está Alexandre Kalil (PSD), que larga com boa vantagem nas pesquisas. A pergunta então fica sendo: de onde sairiam os votos de João Vítor Xavier? Ele precisará achar um jeito de responder essa questão.