Política em Análise

Direto do túnel do tempo

Debate sobre segunda instância, notificação do TCE e verbas para o metrô são assuntos novos que parecem antigos

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 16 de outubro de 2019 | 03:00
 
 
 
normal

Nas próximas horas o Supremo Tribunal Federal (STF) decide se um condenado após duas instâncias na Justiça pode ser preso ou se é preciso esperar o trânsito em julgado. Enquanto isso, em Minas, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) pede explicações sobre uma espécie de empréstimo que o governo de Minas quer contrair por meio da Codemig para tentar sair da crise financeira em que se encontra. E em Belo Horizonte mais uma vez há o anúncio de que temos verbas federais garantidas para a construção da linha 2 do metrô.

Mas o que assuntos tão distintos têm em comum? O fato de que são notícias que, embora novas, repetem o que aconteceu nos últimos anos, demonstrando que, ainda que seja propalada a mudança na forma de fazer política, há mesmo coisas que não saem do lugar na democracia brasileira.

Vamos do final para o início: quem acredita que a ampliação do metrô de Belo Horizonte vai realmente acontecer? Depois de Lula, Dilma, Temer, Aécio e Lacerda dizerem que as obras sairiam do papel, o que era reiterado a cada ano eleitoral, todo mundo tem toda razão para ter o pé atrás. Os mais otimistas dizem que a diferença é que agora o recurso não sairá dos cofres do governo, mas da concessão de uma ferrovia. Mas quem garante que, quando a verba for real, não acabará sendo deslocada para outra coisa como aconteceu nas ocasiões anteriores?

Já no caso do pedido de explicações do TCE sobre a antecipação de royalties do nióbio pretendida pelo governo de Romeu Zema (Novo) para pagar o salário e o 13º dos funcionários em dia, a ordem é do mesmo conselheiro que, em 2018, barrou uma manobra de empréstimo do governador Fernando Pimentel (PT), utilizando a Codemig, para enfrentar a mesma crise. E o curioso é que o pedido para tal era do deputado Gustavo Valadares, hoje líder do bloco governista na Assembleia.
Ah, e tem a questão da segunda instância. Bem, essa já vimos em 2009, 2016, 2018 e veremos novamente amanhã. A diferença? Só os votos dos ministros que, de um ano para o outro, mudam de posição ao sabor dos ventos. Com tanta história repetida, parece que estamos vivendo em looping.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!