Política em Análise

Vazamento do vazamento

Presidente da República, o presidente da Câmara, o do Senado, ministros do Supremo e o presidente do Superior Tribunal de Justiça foram afetados

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 26 de julho de 2019 | 05:56
 
 
 
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Ontem (25) falava aqui nesse espaço sobre o choque que é descobrir o quão vulneráveis estão nossas autoridades, o que é demonstrado por esse ataque hacker. As últimas notícias vêm fortalecer essa preocupação. O presidente da República, o presidente da Câmara, o do Senado, ministros do Supremo e o presidente do Superior Tribunal de Justiça também foram afetados. Imagine o grau de risco que isso traz à democracia.

Nesse sentido, a Polícia Federal agiu rápido para prender os bandidos que usaram de artifícios simples para acessarem os dados privados de centenas de pessoas públicas. A elogiada ação, porém, também tem falhas, a começar pelos próprios vazamentos ocorridos após a prisão. É irônico que uma ação para coibir a divulgação de dados privados também acabe por ser divulgada por meio de vazamentos a conta-gotas para a imprensa, em vez de uma coletiva, com dados contextualizados. Como dito ontem, a imprensa está no seu papel de divulgar. Se vale para o The Intercept, vale para todos os veículos que estão agora divulgando informações a que têm acesso. Mas é preciso saber, no poder público, por qual motivo os protocolos não estão sendo seguidos mais uma vez.

Também causou estranheza a declaração do presidente do STJ, João Otávio Noronha, de que Moro lhe garantiu que a Polícia Federal vai destruir as mensagens privadas encontradas com o hacker. Parece claro para quem conhece a lei que tal decisão não deve ser do órgão investigador, mas do juiz que comanda o caso. Só ele pode determinar a destruição de provas que poderiam prejudicar inclusive a investigação sobre o ataque hacker. Ainda ontem, após a repercussão do caso, a Polícia Federal divulgou nota para negar que tenha decidido pela destruição das provas sem uma decisão do juiz. Ademais, o ministro cobrou do site The Intercept a disponibilização da íntegra do conteúdo para que se verificasse sua integridade e veracidade. Portanto, não faria sentido agora que se queira destruir o que foi obtido.

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