BRASÍLIA – Diante do tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos a produtos brasileiros, a Embaixada da China em Brasília tem usado as redes sociais para divulgar os negócios feitos com o Brasil e como eles têm potencial para serem ampliados.

O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou oficialmente na quarta-feira (30) um aumento de 50% nas tarifas sobre as importações brasileiras, que incluem café e carne, dos quais o Brasil é o principal exportador mundial.

Após o anúncio, a embaixada chinesa em Brasília publicou nas redes sociais que, entre 2020 e 2024, as importações líquidas de café da China cresceram 13,08 mil toneladas, mas há margem para mais.

“O consumo per capita ainda é de apenas 16 xícaras/ano, frente à média global de 240. O café vem conquistando espaço no dia a dia dos chineses”, destacou a publicação, seguida de foto com xícaras de café.

Mais tarde, em outro post, a representação diplomática publicou que o Brasil havia acabado de habilitar 46 empresas para exportar farinhas de aves e suínos para a China.

“+4 unidades também foram autorizadas a vender farinha de pescado. Em 2024, a China já comprou US$ 304 milhões em farinhas de origem animal. Relação comercial cada vez mais forte”, destacou.

Já na segunda-feira (28), a Embaixada da China divulgou, por meio de outro post, pronunciamento do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país sobre a, então, possível tarifa de 50% dos EUA ao Brasil.

“Já deixamos clara nossa posição. Guerras tarifárias não têm vencedores. O unilateralismo não serve aos interesses de ninguém. A China está disposta a trabalhar com o Brasil, outros países da ALC e do BRICS para defender o sistema multilateral de comércio centrado na OMC e salvaguardar a justiça internacional”, disse o porta-voz.

A China é a principal parceira comercial do Brasil desde 2009. Em 2023, o Brasil vendeu US$ 157,5 bilhões em produtos para a China, 27,1% de todo o volume de negociações externas do país, conforme dados da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil)

O tarifaço – que não é exclusivo ao Brasil – segue a política protecionista de Trump e esbarra também no interesse estadunidense em evitar que a economia da China, em franco avanço, ultrapasse os norte-americanos na dianteira mundial. 

Desde 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) dos asiáticos saltou 92%, saindo de US$ 9,74 trilhões para US$ 18,7 trilhões em 2024. 

Do outro lado, em Washington, o PIB cresceu menos, em comparação ao salto chinês: o avanço foi de 72,7%, deixando o patamar US$ 16,9 trilhões para US$ 29,2 trilhões, segundo dados da plataforma Trading Economics e do Banco Mundial.

Em alguns setores da indústria, como a siderurgia, enquanto a produção em Pequim cresceu mais de 30% nos últimos anos, o volume norte-americano teve um ganho de pouco mais de 2%. 

Apesar da disputa direta, a China não entrou no rol de países punidos por Trump a partir de 1º de agosto. O presidente norte-americano chegou a anunciar 145% de cobrança adicional ao mercado chinês, que revidou com uma taxa de 125%. 

No entanto, os países negociam um acordo em tratativas que devem se arrastar pelos próximos 90 dias, segundo a imprensa asiática. Até a chegada a um consenso, a alíquota aplicada à economia chinesa pelos EUA será de 30%. 

Parceiros comerciais da China, como o Brasil, amargam taxas distintas: Japão 15%, Coréia do Sul 25%, Vietnã 20% e União Europeia 15%.