O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), será recepcionado, amanhã, na posse dos deputados estaduais na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), por servidores públicos insatisfeitos com sua gestão. Diversos sindicatos se mobilizaram para manifestações contra o parcelamento do 13º salário e da remuneração mensal, o que chamam de “falta de diálogo entre o Executivo e os servidores”, a possível reforma da Previdência e a renegociação da dívida do Estado com a União.
De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol-MG), Marcelo Armstrong, são esperados cerca de 5.000 servidores no ato. Ele afirmou que os deputados têm a obrigação de cobrar do governador tratamento igualitários entre os servidores. “Vamos mostrar a nossa insatisfação e indignação em relação ao descaso do governo Zema com a categoria. Exigimos respeito e valorização. Os membros do Legislativo e do Judiciário recebem em dia e já receberam o 13º integral”, afirmou.
Segundo Armstrong, o governo não prioriza o servidor. “O governo tem o dinheiro do IPVA. Se o governador quisesse parcelar o 13º de três vezes ele poderia. Mas ele mostrou que o servidor público não é prioridade, e sim as prefeituras”, disparou.
O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE-MG) também convocou sua base para a manifestação pelo pagamento integral do 13º salário e pela abertura de negociação do governo. Segundo a entidade, apesar de várias solicitações, até o momento, nem o governador, nem a secretária de Estado da Educação, Júlia Sant’Anna, agendaram reunião com a entidade.
Ainda no comunicado, o Sind-UTE-MG critica o modelo de comunicação do governador. “A política de comunicação por rede social impossibilita qualquer diálogo e prejudica, de forma mais acentuada, os trabalhadores que recebem os menores salários, tendo em vista que as parcelas serão irrisórias se comparadas aos maiores salários do Estado”, diz o texto.
Já o diretor executivo provisório da Intersindical, entidade que representa 14 sindicatos do Estado, Eduardo Maia, afirmou que, apesar de o foco do ato ser o pagamento parcelado do 13º, outra insatisfação dos servidores é com termos de uma renegociação da dívida do Estado com o governo federal. “Para que essa renegociação seja feita, os servidores públicos vão perder alguns benefícios. Isso porque a Lei Federal 159/2017 estabelece que o governo estadual defina como vantagem para os servidores as mesmas vantagens oferecidas pelo governo federal. Sendo assim, os servidores de Minas perdem benefícios como o quinquênio e férias-prêmio, por exemplo”, explicou.
Mudança
Neste ano, a cerimônia de posse dos parlamentares não contará com as festividades que são habituais no rito. A assessoria de imprensa do Legislativo divulgou uma nota informando que, “diante da gravidade da situação decorrente do rompimento da barragem em Brumadinho, a ALMG, em respeito às vítimas e às centenas de atingidos, decidiu suprimir todas as etapas festivas da posse dos parlamentares, conferindo um caráter ainda mais sóbrio ao evento”, diz o texto. Assim, a solenidade estará restrita aos ritos obrigatórios, que são realizados dentro do plenário.
Questionada sobre os protestos, a ALMG afirmou que “manifestações são comuns na Assembleia e não há nenhuma orientação diferente para o dia da posse”. A Casa destacou que algumas áreas estarão com acesso restrito em razão da solenidade. Já o governo de Minas confirmou a presença de Zema na cerimônia e preferiu não se manifestar sobre os atos.
Outra postura
O Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Minas Gerais (SindPúblicos-MG) decidiu que não vai realizar nenhuma manifestação contra o governo de Minas amanhã. “Vamos apostar no diálogo nas negociações com o novo o governo”, disse o diretor político da entidade, Geraldo Henrique.
Ele afirmou que o sindicato aguarda a realização de uma reunião com o governo. “Nesse encontro, vamos discutir uma nova fórmula de escalonamento do benefício para os servidores do Estado que recebem até R$ 3.000. Esperamos que pelo menos o pagamento seja realizado em menos parcelas, porque é muito duro uma pessoa que ganha R$ 1.000, por exemplo, vai receber uma parcela de menos de R$ 100 por mês”, explicou.
O documento enviado pela entidade para o secretário de Planejamento e Gestão, Otto Levy Reis, destaca que, para o servidor que recebe remuneração de até R$ 3.000 manter minimamente o poder de compra, ele deve receber o benefício em até três parcelas.
Para o diretor do sindicato, o governo de Romeu Zema (Novo) já se mostrou mais aberto ao diálogo se comparado com o governo anterior de Fernando Pimentel (PT). “A gestão passada dificultou muito para o diálogo com sindicatos. O governo atual do secretário Planejamento e Gestão já se reuniu conosco no primeiro mês do ano. Então, já mostrou uma postura diferente. Eu quero acreditar que ele venha a ser sensível com essa proposta do Sindpúblicos de diminuir o escalonamento para quem ganha até R$ 3.000”, disse.