Eleições 2020

Seis prefeitos já renunciaram em Minas neste ano

Motivos vão desde tratamentos de saúde até a desincompatibilização para disputar o pleito em outro município

Por Thaís Mota
Publicado em 14 de abril de 2020 | 20:26
 
 
 
normal

Em meio à pandemia de coronavírus, quatro prefeitos de cidades mineiras renunciaram aos mandatos, sendo a maioria por motivos de saúde. E, antes mesmo da chegada da Covid-19 ao Brasil, outros dois prefeitos deixaram os cargos por motivações políticas, totalizando assim seis renúncias em prefeituras mineiras em 2020.

A renúncia mais recente foi da prefeita de Coimbra, na região da Zona da Mata mineira. Na carta entregue à Câmara Municipal na última segunda-feira (13), Maria Raimunda dos Santos Martins (PHS), mais conhecida como Diquinha, justifica a saída alegando desgaste físico e mental e motivos de saúde 

"Alguns episódios têm afetado de maneira drástica a minha pessoa, causando desgaste físico e mental, resultando em complicações de minha saúde, algo que vem se tomando cada vez mais intenso", escreveu. 

O documento não explicita quais foram os episódios mas, uma nota publicada pela prefeitura cita as enchentes que atingiram a cidade no início do ano e a dificuldade em obter recursos do governo estadual e federal para a reconstrução do município. Procurada, Diquinha não foi encontrada para falar sobre sua saída.

O prefeito de Varginha, no sul de Minas, renunciou no último dia 6. Antônio Silva (PTB) apresentou justificativa à Câmara Municipal um dia após revogar o decreto que permitia a reabertura do comércio da cidade.

No entanto, no documento ele alegou motivos pessoais. "Não sou prefeito, apenas estou prefeito, mas, nas atuais circunstâncias e por razões de foro íntimo, reconheço não ter condições de continuar administrando a prefeitura", escreveu. A reportagem tentou contato com Silva, mas seu telefone estava desligado.

No último dia 3, foi o prefeito de Monte Carmelo, Saulo Faleiros Cardoso (PSDB), também deixou o cargo. Em ofício enviado à Justiça, o chefe do Executivo pediu afastamento definitivo ao alegar estado grave de saúde.

Ele foi diagnosticado com um tumor no cérebro e faz tratamento em São Paulo. “Eu descobri no dia 2 de dezembro um tumor no cérebro, comecei as sessões de radioterapia em 2 de janeiro e, agora, sigo com a quimioterapia. Então, não havia como conciliar o tratamento com a administração municipal”, explicou.

Ainda no mês de março, o prefeito de Bom Despacho, na região, Fernando Cabral (Cidadania), anunciou que deixaria o cargo para tratamento de saúde. No entanto, a renúncia oficial aconteceu somente no último dia 4.

Cabral foi diagnosticado com espondilite anquilosante – doença inflamatória crônica, por enquanto incurável, que afeta as articulações e, que, se não tratada, pode tornar-se incapacitante – e anunciou que se afastaria antes mesmo do início da pandemia. Ele também não foi localizado para falar sobre o caso.

Antes da pandemia

Ainda no mês de março, outros dois prefeitos mineiros já haviam renunciado aos cargos: em José Raydan, no Vale do Rio Doce, e em Matias Barbosa, na Zona da Mata mineira.

No final do mês, o prefeito de José Raydan, Elias Godinho (PSDB), deixou o comando da prefeitura para viabilizar sua candidatura na vizinha Santa Maria do Suaçuí. “O motivo é que eu vou me candidatar a prefeito em outra cidade”, explicou.

Já início de março, antes mesmo da pandemia de coronavírus, o prefeito de Matias Barbosa, na Zona da Mata mineira, Carlos Lopes (PP), deixou o cargo alegando motivos pessoais.

Mas, em entrevista à reportagem, ele admitiu que renunciou para lançar o filho, o ex-vereador Carlos Roberto Mendes Lopes (PP), para prefeito da cidade. “Eu precisei me desincompatibilizar seis meses antes para meu filho ser o candidato em outubro”, justificou. 

A regra é prevista pela legislação eleitoral, que impede a eleição de “cônjuge/companheiro e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do prefeito ou de quem o substituiu nos seis meses anteriores à eleição”, “salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição”.

Segundo informações da Associação Mineira de Municípios (AMM), o número de renúncias em 2020 é atípico, mesmo sendo ano eleitoral. Em todo o ano passado, apenas dois prefeitos renunciaram aos cargos. 

Foi o caso do prefeito de Sete Lagoas, na região central do Estado, Leone Maciel Fonseca (MDB), que enfrentava um processo de cassação pela Justiça Eleitoral por abuso de poder econômico e pediu renúncia em março. Além dele, o prefeito de Barra Longa, na região da Zona da Mata, Elísio Pereira Barreto (MDB), também deixou o cargo em julho de 2019 alegando motivos pessoas.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!