Disputa

Servidores comemoram em bar a saída de subsecretário de Saúde

Em condição de anonimato, funcionários disseram que o antigo titular do cargo era conhecido por cometer abuso moral. Bruno Carlos Porto nega a acusação

Por Lucas Negrisoli e Thiago Alves
Publicado em 06 de março de 2020 | 08:00
 
 
 
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Parte dos servidores da secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) se reuniu em um bar, na noite da quarta-feira, 4, no bairro Jaraguá, na Pampulha, em Belo Horizonte, após saber que o ex-subsecretário de Inovação e Logística da Saúde, Bruno Carlos Porto, havia pedido demissão. A satisfação do grupo foi tanta que deve se estender até o fim de semana. “Há informações de que alguns planejam a abertura de uma champanhe”, revelou, em condição de anonimato, um dos funcionários da pasta.

A comemoração se deu em função do comportamento de Porto com os servidores. De acordo com os depoimentos de sete funcionários da pasta dados à reportagem, o ex-subsecretário, supostamente, usava termos de baixo calão para se referir, principalmente, às servidoras lotadas na SES-MG.

“Ele xingava tanto pelas costas, como também gritando. Não sei dizer quantas pessoas sofreram desses abusos morais, mas certamente são dezenas. Muita gritaria nos corredores chamando as pessoas de incompetentes. Palavrões utilizados em grupos institucionais”, revelou, sob sigilo, um dos servidores. 

De acordo com os depoimentos, Porto teria o costume de dar “apelidos” para secretários, subsecretários e funcionários que não gostava. Dentre eles, há um subsecretário queseria  chamado de “capivara” pelo ex-colega. 

Segundo os relatos, o assédio moral não era o único problema na atuação de Porto na secretaria. Uma das fontes informa que ele teria privilegiado processos e convênios de pessoas próximas, enquanto não respondia àquelas que não gostava. “(Porto) ignorava que as atitudes deles impactavam a população”, disse. 

Porto também era conhecido, segundo os servidores que falaram em condição de anonimato, por boicotar ações de outras subsecretarias dentro da Saúde. Na controvérsia mais recente, de acordo com os relatos, ele teria salientado aos servidores subordinados que ações voltadas para o combate ao coronavírus em Minas Gerais não deveriam ocorrer antes daquelas contra a dengue e “doenças brasileiras”. 

“Ele não se preocupou com a formação de equipes de emergência, logística ou equipamentos”, contou um dos servidores. Os relatos dão conta, até, de que pessoas foram nomeadas para espionar a atuação de outras áreas na pasta. 

O outro lado

A reportagem apresentou as denúncias dos servidores ao ex-subsecretário, que negou todas as acusações. “As acusações imputadas a mim não são verdadeiras. Durante a (minha) estada na secretaria, tratei as pessoas com respeito. Sempre tentando humanizar o atendimento. Prova disso foi a permanência por quase um ano na superintendência de Gestão de Pessoas e posteriormente promovido a função de subsecretário. Eu nego todas essas acusações, tenho 11 anos de serviço público e nunca tive nenhum processo administrativo ou judicial”, afirmou Bruno Carlos Porto.

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