As vereadoras do Psol Iza Lourença e Cida Falabella, ambas de BH, prestaram depoimento na manhã desta quinta-feira (24/8) na Delegacia de Polícia Civil Especializada em Atendimento à Mulher, ao Idoso, à Pessoa com Deficiência e à Vítima de Intolerância (Demad). Na unidade situada na avenida Barbacena, elas denunciaram a sequência de ameaças de morte e estupro corretivo recebidas no e-mail institucional da Câmara Municipal de BH.
O caso, agora, segue em investigação pela Demad, que contará com apoio da Delegacia Especializada em Investigação de Crimes Cibernéticos, onde as vereadoras registraram a primeira ocorrência. “Fomos muito bem recebidas aqui na Polícia Civil. Estamos muito confiantes de que as investigações vão ser levadas em frente. Acreditamos que essa conjunção das duas delegacias juntas vai funcionar para encontrar os ameaçadores, que nos violentaram psicologicamente através dos e-mails e que também nos ameaçam de violência física”, afirma Iza Lourença.
De acordo com a vereadora, o caso reforça os ataques ao espaço da mulher na sociedade. Ela preferiu não dar maiores detalhes aos ataques para não atrapalhar as investigações. “É um crime de ódio organizado contra parlamentares mulheres, para ameaçar nossas vidas. O intuito deles é nos retirar da política. Essa violência política de gênero que também atinge crianças no nosso país não é uma novidade. Mas, não é por isso que ela deve se perpetuar. Vamos continuar atuando politicamente”, diz a vereadora. Ela lembrou, até mesmo, do artigo que escreveu para o Jornal O TEMPO nesta quinta-feira abordando o tema.
O primeiro e-mail com ameaças chegou ao gabinete das vereadoras em 14 de agosto, por meio do endereço institucional usado pelos parlamentares. Porém, como a cidade estava em recesso devido ao feriado de Assunção de Nossa Senhora, só houve conhecimento do crime mais para o meio daquela semana.
Depois, mais quatro e-mails chegaram ao endereço institucional de Iza Lourença. Desta vez, as ameaças citavam a filha da vereadora, além de dados pessoais como telefones, endereços e o nome da mãe. A situação forçou a parlamentar a publicar uma nota para denunciar, além de pedir escolta da Guarda Municipal de Belo Horizonte.
Desde então, Iza e Cida se reuniram com autoridades ligadas ao governo federal para pedir apoio. Uma das agendas aconteceu com o ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino, que esteve em BH nessa segunda-feira (21/8). Uma reunião interministerial também aconteceu com a participação de servidores do ministério de Dino e das pastas dos Direitos Humanos e Cidadania e das Mulheres.
Uma das orientações dada às vereadoras é para não divulgar o conteúdo dos e-mails, justamente para que esse ato não sirva como troféu para os criminosos. O mesmo vale para a não divulgação do nome fictício usado pelo ameaçador.
Outras parlamentares
Os casos de Iza Lourença e Cida Falabella não são isolados. Em Minas, a deputada estadual Bella Gonçalves, outra do Psol, também recebeu ameaças semelhantes.
Outros alvos são as deputadas federal Daiana Santos (PCdoB-RS) e estadual de Pernambuco Rosa Amorim (PT). A vereadora do Rio Mônica Benício, mais uma do Psol, também recebeu o conteúdo violento, o que sugere uma ação coordenada dos criminosos.
Em todos os casos, os alvos são mulheres de esquerda, que são ou defendem o movimento LGBTQIA+. A primeira a ser agredida foi a deputada Bella Gonçalves. Ela recebeu a comunicação criminosa em 8 de agosto, mas só denunciou após os casos de Iza e Cida virem a público.