Vereadores da Frente Cristã rechaçaram a declaração dada, nesta terça-feira (17), na abertura da Semana Municipal de Educação pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD) em que ele definiu o projeto "Escola sem Partido", que está em discussão na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), como “idiota e inútil”. Os políticos consideraram a postura do chefe do Executivo municipal desrespeitosa com aqueles, que, segundo os parlamentares, sustentam grande parte da base de apoio de Kalil na Casa.
“Esses ‘idiotas’ que ele ofende são os mesmos que o apoiam em quase 100% dos projetos que ele enviou ao Legislativo nesses três anos de mandato. A gente repudia essas ofensas. Ele foi desrespeitoso”, declarou Wesley Autoescola (PRP), presidente da frente na Câmara.
Os vereadores Fernando Borja (Avante), e Jair Di Gregório (PP), ambos frente, elevaram o tom ao criticarem a fala do prefeito.
“Para mim, idiota é quem pensa nele mesmo. Kalil fala isso pensando em sua eleição. Ele quer se reeleger levando a esquerda com ele. Ele está querendo ocupar o espaço do (ex-presidente) Lula”, ressaltou Borja.
“Não aceitamos a forma que Kalil se pronunciou a respeito do projeto. Anteriormente ele usou um palavrão contra todos que não concordam com pautas LGBT. Queremos só deixar claro que a maioria dessa frente cristã é a maioria da base que tem ajudado ele a governar a cidade. Nós não vamos aceitar essa postura do prefeito”, exclamou Gregório.
O vice-líder do governo, vereador Álvaro Damião (DEM), afirmou que não há orientação de voto por parte do prefeito. Mas não comentou a fala de Kalil, alegando não ter escutado e, por isso, não poderia comentar.
Esquerda
Já vereadores da esquerda receberam com bons olhos a declaração do mandatário de Belo Horizonte, mas afirmaram que é preciso ser “vigilante com o projeto” que eles julgam inconstitucional e uma ameaça à democracia.
“Julgo importante que o prefeito tenha se manifestado contrário. Mas não concordo que ele seja idiota. Não podemos achar que projetos como esse são idiotas. Um dia, acreditamos que as ideias de Bolsonaro eram somente idiotas, né? Não podemos ignorar o avanço do obscurantismo sobre as artes, as ciências e as escolas”, declarou a vereadora Cida Falabela (PSOL).
O vereador Pedro Patrus (PT) afirmou que espera do chefe do Executivo municipal e da secretária de educação uma postura mais firme e objetiva diante do projeto.
“Primeiro deixar bem claro que o projeto é inconstitucional que já foi derrotado em várias cidades do pais. O prefeito deu uma declaração que precisa ser mais forte, mais definitiva. Claro que essa declaração sinaliza para alguma coisa, mas eu acredito que o prefeito precisa ter um declaração mais objetiva, inclusive com sua base de governo. Uma posição mais fechada. Precisa ter um posicionamento público explicando o porque que esse projeto é inconstitucional” , afirmou o petista.
Entenda
Na manhã desta terça-feira, na abertura da Semana Municipal de Educação, o Prefeito Alexandre Kalil chamou o Projeto Escola sem Partido de “idiota inútil”.
“Olha, está na Câmara, quando chegar aqui eu vou decidir. Eu disse e vou repetir: para mim, escola é para saber ler e escrever. Então, para mim, esse é um assunto estúpido e idiota que sempre vem à tona. É uma bobagem. Qual a preocupação que se tem com quem não está sabendo ler e escrever? Esses estúpidos que mexem com isso não me interessam”, pontuou Kalil.
De acordo com vereadores da frente cristã, autores do projeto, o intuito é criar regras para coibir o que eles denominam “doutrinação” e “ideologia de gênero” nas escolas da rede municipal, por parte do professores. Vereadores que se opõem ao projeto alegam inconstitucionalidade e apontam tentativa de censura. O PL deve ser votado em outubro.