Legado para longo prazo

Vice-governador eleito faz balanço de primeiro mandato de Romeu Zema

Em entrevista, Mateus Simões falou sobre as relações entre o governo do Estado e a Assembleia Legislativa, os prefeitos mineiros e o governo federal eleito

Por Ana Karenina Berutti e Gabriel Ronan
Publicado em 21 de dezembro de 2022 | 15:19
 
 
 
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O vice-governador eleito Mateus Simões (Novo) concedeu entrevista para o Café com Política, do jornal Super N 1ª edição, da Rádio Super 91,7 FM, nesta quarta-feira (21/12), quando fez um balanço do primeiro mandato do governador Romeu Zema (Novo), do qual participou como secretário-geral. Além disso, Professor Mateus, como passou a ser chamado nas eleições deste ano, falou sobre a relação entre o governo do Estado e a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), os prefeitos mineiros e o governo federal do PT, com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. O político também abordou as questões envolvendo as privatizações que já estão encaminhadas, como é o caso do metrô da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), Ceasa Minas, além das polêmicas envolvendo o projeto do Rodoanel.

Leia, na íntegra, a entrevista de Mateus Simões:

Embora o senhor tenha sido eleito nessas eleições como vice-governador de Minas Gerais na chapa do governador Rome Zema, no primeiro mandato o senhor foi bem atuante no governo. Qual o balanço que o senhor faz do primeiro mandato do governador Romeu Zema do Partido Novo?

O mais importante que foi feito nesses anos e é um legado para longo prazo é, sem dúvida, o equilíbrio fiscal. O governo que começou com um débito corrente de R$ 17 bilhões, ou seja, o governo gastava R$ 17 bilhões a mais do que arrecadava, não se fazia a conta básica de administração do lar para poder gerir o estado de Minas Gerais. E nós conseguimos chegar, neste momento, a um superávit para esse ano de mais de R$ 1 bilhão que nos permite começar a voltar a investir em infraestrutura no Estado. O equilíbrio fiscal não toca a vida das pessoas, mas foi por causa dele que nós conseguimos reformar mais de 1.400 escolas, colocar mais de 100 mil jovens em cursos técnicos profissionalizantes no Trilhas de Futuro com bolsas, não só para estudar, mas também com vale-transporte e vale-alimentação, tivemos o melhor resultado do Sul, Sudeste e Centro-Oeste no combate à pandemia, reformarmos mais de 2 mil quilômetros de estradas, conseguimos integrar mais de 4 mil homens às forças militares e mais de 800 à polícia civil, mais de 3 mil no sistema prisional, compramos mais de 4 mil viaturas. Então, em cada um dos setores que a gente olha, começamos a ver a condição de voltar a investir para que Minas Gerais volte a ser um estado de ponta. Não dá para gente ser a segunda maior economia do país, mas ficar atrás em todos os outros índices.

Para todos esses projetos se concretizarem, o governo alega que é preciso ter o apoio da Assembleia Legislativa para colocar o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) em prática. Quais são os planos do governo para efetivar o RRF?

O estado de Minas Gerais deve R$ 140 bilhões para a União. São dívidas do passado. Esse governo não adquiriu um centavo de dívida e para ser justo o último governo não aumentou a dívida não. Essa dívida tem que ser paga em parcelas anuais que somam, hoje, cerca de R$ 10 bilhões por ano. Nós não temos esse dinheiro. Então, há sete anos essa dívida não é paga. Nós temos uma oportunidade prevista na lei do RRF que permita que a gente faça um refinanciamento da dívida, alongando essa dívida para 30 anos e a nossa parcela inicial cai de R$ 10 bilhões para um pouco mais de R$ 2 bilhões. Ou seja, é uma forma de gerar R$ 7,5 bilhões de saldo no fluxo financeiro do Estado por ano de forma com que a gente consiga fazer o pagamento da dívida sem ter que parar de pagar funcionário e sem ter que parar de investir. Para isso, nós precisamos da aprovação de algumas leis na Assembleia e, infelizmente, a principal lei do RRF que é a privatização da Codemig, está parada na Assembleia tem dois anos.

Depois de uma relação repleta de conflitos com a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, sem conseguir ter o apoio da maioria dos deputados, durante o primeiro mandato do governador Romeu Zema, agora, não foi possível concretizar o Regime de Recuperação Fiscal. Nas eleições deste ano, com as coligações que o Novo fez, foi possível ter maioria na Assembleia. O que esperar do relacionamento entre executivo e legislativo daqui em diante?
Eu fico feliz de ver que estamos iniciando um novo momento com a Assembleia Legislativa. Não só porque nós elegemos deputados em número suficiente para formar a base do governador no próximo governo, mas porque também estamos reinaugurando a relação com cada um dos deputados. Hoje, nós vamos ter uma prova disso. Há uma previsão de destravamento da pauta da Assembleia, que está travada por um bloqueio nosso, para obrigar a discussão do Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Como nós obtivemos vitórias judiciais que garantem a adesão ao Regime de Recuperação, me parece que é o momento de reinaugurar a relação para que a gente possa começar o ano votando uma pauta propositiva e importante, com avanços claros no próximo ano para o povo de Minas Gerais. 

E como será a relação com os prefeitos mineiros?
Se por um lado nós tivemos uma relação difícil com a Assembleia nesses quatro anos, com as prefeituras, eu não vejo essa dificuldade. Nós tivemos mais de 600 prefeitos na campanha do governador, engajados, pedindo votos. Aliás, eu sempre atribuo o volume de votos no primeiro turno do governador a esse apoio enorme dos prefeitos no interior. Nós estamos falando de um Estado que tem 853 municípios, e você tem mais de 600 prefeitos declaradamente fazendo vídeo de apoio ao governador, dos partidos mais variados, nos eventos oficiais e nos atos de campanha. Muito presente. Acho que porque eles foram os primeiros a perceber uma forma diferente do governo lidar com os problemas, quando lá em 2019 o governador (Romeu Zema) pegou a dívida que o antigo governador (Fernando Pimentel, do PT) tinha com as prefeituras, foi para Justiça, fez um parcelamento e pagou. E nunca houve o atraso de uma parcela para as prefeituras. Então, eu acho que as prefeituras perceberam. 'Dá para trabalhar com esse pessoal, porque eles cumprem com o combinado'. Acho que com os deputados nós erramos no tom da conversa, e eles também erraram um pouco. Foi um processo de aprendizagem, que está efetivamente superado. Eu tenho ido muito à Assembleia nesses últimos 45 dias e tenho dito conversas diárias com os deputados que até outro dia eu considerava adversários ferrenhos do governo. Acho que tanto para nós quanto para eles, não vale a pena ficar carregando a mochila do passado. Nós temos que carregar a mochila que Minas está construindo para frente.

Em relação ao Rodoanel, que gerou divergências com os prefeitos de Betim e Contagem, o governo vai negociar também?
O Rodoanel é uma obra muito importante pra gente. Nós sempre fomos muito duros na questão de não adiar o Rodoanel. Pelos mesmos motivos que nós somos duros na questão de não adiar o metrô, que tem que ser licitado amanhã em São Paulo. A gente pode até corrigir problemas que existam, mas nós não podemos parar os investimentos que precisam ser feitos. Só para a gente ter uma ideia, desde que o projeto do Rodoanel foi apresentado já morreram mais 96 pessoas no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Isso mostra que a cada pequeno atraso que a gente tem, vidas se perdem ali. Por isso que nós somos duros na data de pôr na rua. Isso não significa não conversar com os municípios sobre adequações que sejam necessárias, até porque o Anel começa a ser construído no eixo norte, o eixo Caeté-040, sentido Sete Lagoas. Esse é um eixo onde não há dúvida de traçado. O eixo sul é o eixo mais complicado do ponto de vista ambiental, mas parece que está com problema resolvido. É o eixo da chegada lá na BR-040. Depois de conversar muito com as entidades ambientais, chegamos à conclusão que é melhor ele passar mais perto do Barreiro do que por dentro da serra, onde haveriam túneis. Há uma preocupação de que isso poderia causar algum tipo de impacto ambiental. E a gente tem o eixo oeste, que é onde a gente ainda tem ainda uma dúvida sobre traçado, que é onde ele corta as manchas metropolitanas de Contagem e Betim. Mas, tenho certeza que nós vamos chegar num desenho de Anel que atenda às prefeituras, mas especialmente consiga acabar com o perigo do Anel Rodoviário de Belo Horizonte, que vai se transformar numa avenida expressa.

Como vai ser o relacionamento com o governo federal diante das tentativas de suspender o leilão para concessão do metrô da Região Metropolitana de Belo Horizonte?
São três ações judiciais e nós ganhamos as três até agora. Nós tivemos ontem um avanço muito importante: o vice-presidente (eleito) Geraldo Alckmin (PSB) anunciou publicamente e mandou uma correspondência ao governo, dizendo que não há pedido da transição para suspensão da licitação do metrô. Se por acaso, algum entendimento se der de maneira diferente, ele estava esclarecendo que o pedido de suspensão era sobre a Ceasa. Se foi equívoco de leitura ou não, para nós isso é uma tranquilidade, porque nós estamos há uma semana lutando diariamente, o dia inteiro, para garantir que não fosse suspendido o leilão. Uma coisa curiosa: essa obra não é nossa. Essa obra é do governo federal, que está colocando R$ 2,8 bilhões no metrô. Nós, porque a gente acha que Belo Horizonte merece um metrô melhor, estamos colocando R$ 440 milhões num equipamento que nem é nosso. Volto a dizer: é um equipamento do governo federal para atender uma região metropolitana. Como nós estamos pondo R$ 440 milhões, nós temos direito de brigar pelo projeto, que é o que salvou o projeto nesse momento, porque o governo federal esteve pronto para suspender o leilão. Nós chegamos a comunicar que o leilão seria suspenso. Ontem (terça-feira, 20/12), às 14h, quando veio finalmente esse ofício da transição, dizendo que não há esse pedido. Isso mostra pra mim que esse diálogo que estamos estabelecendo com a transição vai surtir efeitos agora e vai surtir efeitos no futuro. Nós somos um governo fácil de dialogar tecnicamente. Se a gente está aprendendo politicamente quando a gente erra no tom, tecnicamente nós somos um governo fácil de dialogar. Nossa equipe é muito boa tecnicamente. Nossos secretários estiveram várias vezes em Brasília. Estiveram com vários membros da comissão de transição. Eu estive em Brasília. Então, isso gerou um entendimento que dá para deixar a licitação acontecer amanhã. Lembrando que temos licitação hoje também. Saio daqui e vou a São Paulo, se o trânsito aéreo e a chuva deixarem, porque hoje nós temos licitação lá na B3 (Bolsa de Valores) dos parques estaduais, principalmente o parque Ibitipoca, que vai ser concedido hoje. Vai ser nosso segundo complexo de parques concedido. Nós, primeiro, concedemos os parques da Rota Lund. Agora, o Ibitipoca. Para quem não conhece, é um parque maravilhoso. Um dos mais visitados do Estado. Para que a gente possa incentivar o turismo de aventura e de natureza de uma forma mais aguda em Minas Gerais. Minas Gerais é o Estado que mais fez concessões durante os últimos quatro anos. Nós vamos inteirar 15 projetos concedidos. Todos projetos muito grandes, que são motivo de muito orgulho pra gente. Isso é infraestrutura em funcionamento para o cidadão.

Se por um lado as pessoas acham que o Professor Mateus está adotando um tom mais leve, por outro lado o governador Romeu Zema está fazendo mais críticas, pelo menos em casos pontuais. Ontem isso aconteceu em relação ao balanço que ele fazia do governo e falava sobre uma tentativa de impedir a concessão do metrô e que o presidente eleito não era o que ele queria. Como vai ser a relação com o governo eleito?
Uma postura cooperativa, mas altiva. Não dá para gente achar que porque o presidente da República é do PT significa que a linha ideológica do PT é que vai prevalecer em Minas Gerais. Porque aqui seis milhões e quase 100 mil pessoas decidiram que a forma de governar escolhida é a forma liberal. O secretário Igor Eto, ontem, durante a apresentação do balanço de governo, chamou a atenção para o fato de que nós vamos continuar trabalhando nas pautas de privatização. Mas o governo federal falou que vai tentar parar todas as privatizações. Ok. Eles tentem parar as deles, as nossas não estão sob a gestão deles e nós vamos continuar fazendo porque o povo mineiro votou num candidato que foi à televisão e disse: 'eu pretendo sim, capitalizar a Cemig, eu pretendo sim, privatizar a Copasa, eu pretendo sim, privatizar a Gasmig, eu pretendo sim, privatizar a Codemig, porque isso é importante para que o serviço na ponta seja melhor. Ninguém está satisfeito com o serviço da Copasa, ninguém está satisfeito com a falta de cobertura da energia da Cemig e nós precisamos que os mineiros tenham acesso a isso porque isso é infraestrutura. A Gasmig não consegue fazer os investimentos necessários, o Triângulo Mineiro, que é um dos nossos polos produtores, não tem gás. Então, nós não temos condição de investimento efetivamente para que a gente faça com que essas empresas sejam o que elas precisam ser. A alternativa é a privatização. Como fazer isso com um governo federal que pensa diferente? Nós temas que são federais a gente vai negociar e entender que eles também ganharam a eleição e, portanto, nos temas federais eles vão conduzir como eles acham melhor. Qual é a nossa sorte? O que nós precisamos do governo federal, o governo federal já prometeu fazer no passado sob o comando do PT. Um exemplo é que a presidente Dilma fez uma licitação para conceder a duplicação da BR-381, mas não conseguiu, então nós temos certeza de que eles vão fazer a concessão da BR-381. Outro exemplo é licitar novamente a BR-040. Essa licitação é deles, do período deles, então não tem problema nenhum em falar em licitar a BR-040. Concluir as obras da BR-262. A licitação é deles, foram eles que concederam a BR-262, então são eles que têm que forçar as obras de duplicação da BR-262. E mesmo a privatização da Ceasa Minas que o governo federal pediu para suspender, me incomoda um pouco esse pedido da suspensão da licitação da Ceasa Minas porque o que nós estamos querendo fazer aqui em Minas é exatamente a mesma coisa que o Welington Dias, governador do Piauí pelo PT, agora senador cotado para ministro, fez com a Ceasa de Teresina. Então, se o PT fez com a Ceasa de Teresina, por que nós não podemos fazer com a Ceasa de Minas? Se o PSDB, de Geraldo Alckmin, fez a licitação dos metrôs em São Paulo, por que a Região Metropolitana de Belo Horizonte não merece ter um metrô igual ao de São Paulo? Então, eu acho que a gente vai ter que encontrar pontos de equilíbrio, que permitam que a gente avance nas pautas mineiras sem agredir o governo federal - não há nenhuma intenção de agressão - não vai haver briga pública com o governo federal porque não é o perfil do governador Romeu Zema, vamos sentar para negociar tudo que seja necessário, vamos apoiar o governo federal em tudo que ele tiver que fazer em Minas Gerais, mas com o respeito que Minas Gerais merece.

O Partido Novo teve um desempenho muito abaixo daquilo que era esperado nas eleições proporcionais e tanto o senhor quanto o governador Romeu Zema e outros membros do Novo reconhecem essa perda de espaço do partido nas últimas eleições. Estar junto de outros partidos na Assembleia Legislativa é um estratégia nova para garantir uma base de governo no legislativo?
Eu acho que teríamos que ter mais deputados conosco independente do desempenho do Novo porque a gente nunca conseguiria chegar aos dois terços que a gente precisa para aprovar emendas constitucionais, mas eu acho que a mudança de tom para uma forma mais construtiva vem do amadurecimento e do aprendizado gerado pela derrota que nós sofremos nas eleições proporcionais nacionalmente nessa eleição - o Novo é hoje um partido com um terço dos mandatários federais que tinha na última legislatura. O que isso sifnifica? Que, para o eleitor, na direita só existe o bolsonarismo e, na esquerda, bom, esse não é o espectro do Novo, então, nós, como não bolsonaristas, parece que perdemos, em algum momento, a condição de estar representando o interesse do brasileiro de direita, conservador e liberal, independente de como vamos classificá-lo. Acho que nós temos um desafio de mostrar que nós somos uma alternativa refletida, racional, técnica à esquerda no Brasil e Minas Gerais é um farol nisso, mostrando que é possível fazer de outra forma. O reconhecimento ao governador Romeu Zema é uma prova disso, mas há uma coisa interessante: o Novo sofreu um descolamento da imagem do governador e do próprio partido. O governador é, hoje, obviamente, muito maior do que o partido nacionalmente, mas ele, como reconhece a importância da plataforma do Novo como uma estrutura importante porque não tem vários dos vícios da prática política tradicional, vai ser importante nesse reconstrução. Estar junto de outros partidos é um aprendizado e uma necessidade. Isso não vai mudar nunca mais porque, para nós, está claro que não tem jeito de governar, estar no executivo se a gente fecha a porta para outros partidos que pensem, pelo menos e na maior parte das vezes, como a gente. A gente pode até discordar em pontos, mas se a gente não discutir com essas pessoas, o quê que a gente consegue aprovar numa Assembleia Legislativa que tem 20 partidos lá dentro?

Diante dessa análise sobre os erros cometidos pelo Partido Novo, o que se pode esperar da legenda de diferente com vistas a melhorar seu desempenho nas próximas eleições municipais de 2024 e nas eleições de 2026?
O retorno do prefeito de Patos de Minas, Luís Eduardo Falcão, ao Partido Novo, há dez dias atrás, é uma demonstração de qual é o novo caminho: interiorização, captando políticos que já estejam estabelecidos e que tenham alinhamento com o Novo e formando novas lideranças que estejam dispostas a transformar a realidade do município. Então, nós vamos ver, em Minas Gerais, um esforço muito grande do Novo ao longo dos próximos 24 meses para interiorizar, estar presente no maior número de cidades possível com lançamento de chapas para vereador, com abrigamento de políticos que já se identificam conosco e que e que eventualmente não estavam no Novo por esse 'visão higienista' do Novo em relação à política tradicional, que acho que está superada. Essa eleição foi muito importante porque, quando nós conseguimos romper esse melindre interno que existia sobre coligação, foi possível ver que dá para fazer acordo sem negociar nada. Nós não prometemos nada para os partidos que se uniram ao Novo nessas eleições. Dissemos que eles vão ter condições de dialogar conosco e que nós vamos contruir juntos, nós estamos cobrando que eles assinem o nosso plano de governo, todos os partidos da coligação assinaram o plano de governo e os deputados que pretendem estar junto do governador em eventos estão assinando documentos dizendo que se comprometem com a nossa pauta legislativa. Não prometemos nenhuma secretaria. Acabou a eleição e nós anunciamos a manutenção de todos os secretários nos próximos anos para grande espanto daqueles que achavam que a gente tinha negociado secretarias, que a gente ia lotear o governo. Os secretários estão todos mantidos, para mostrar que é possível, e isso é um avanço para o Novo, dialogar com a política tradicional em termos melhores, desde que você estabeleça os termos. Podemos negociar e trabalhar juntos, mas não vai ser na divisão de cargos. Nós vamos construir juntos, vamos ouvir os deputados sobre os problemas locais porque eles estão mais perto das bases. Então, a gente venceu alguns dos nossos preconceitos.

Essa ideia de não trocar os secretários vale inclusive para aqueles parlamentares aliados que não foram eleitos?
Não há nenhuma mudança de primeiro escalão. A única mudança de primeiro escalão que nós teremos, pelo menos já anunciada pelo governador, é que ele pretende trazer o deputado Marcelo Aro para o governo na posição de secretário responsável pelas Relações Institucionais, o que eu acho que é uma soma. Marcelo Aro foi o nosso candidato ao Senado, infelizmente não foi eleito, mas estamos muito felizes com eleição do Cleitinho Azevedo, é um parceiro do governo, sempre foi. O Marcelo Aro tem a somar e vem para o governo trabalhar conosco.

O que esperar desse novo vice-governador que foi secretário-geral do Governo durante o primeiro mandato do governador Romeu Zema?
Estava vendo na rádio Super, o quadro "Três sobre três" com os jornalistas falando que ia ter uma versão Mateus paz e amor, uma nova versão porque eu estou mais calmo, mais tranquilo. É difícil tirar de mim o tom mais enérgico, eu sou muito duro com as coisas. Eu prefiro pedir desculpas a pedir licença na gestão pública porque, na gestão pública, enquanto você pede licença, o mandato acaba e nada foi feito. O meu papel neste segundo mandato não muda, o governador até repetiu isso numa reunião de secretários essa semana, que a gestão do secretariado, dos projetos pequenos, do dia a dia sempre foi feita por mim e acredito que vá continuar sendo feita por mim, enquanto o governador cuida dos grandes projetos estratégicos. Então, o dia a dia das secretarias continua passando por mim, o que significa que nós vamos continuar tendo velocidade. Estou tentando ganhar um pouco mais de tranquilidade para que as pessoas não tenham uma impressão tão pesada de mim, mas quem me conhece mais de perto sabe que eu não sou de difícil diálogo, eu só não gosto de demora e, infelizmente, o ambiente público está muito acostumado a protelar as decisões.

 

 

 

 

 

 

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