Vice-líder de governo na Assembleia Legislativa (ALMG) e correligionário de Romeu Zema (Novo), Guilherme da Cunha destacou que o ex-secretário de Governo Bilac Pinto (DEM), que pediu exoneração da gestão, “se esforçou no limite das suas possibilidades”, mas que as queixas com relação à falta de articulação do governo com o Parlamento eram recorrentes. Além disso, o deputado acredita que a chegada de Igor Eto à Secretaria de Governo vai resolver os problemas existentes e que o novo gestor goza de confiança e proximidade com Zema como “talvez nenhuma outra pessoa em Minas Gerais e nessa gestão”.
“A substituição feita na articulação política do governo mostra um desejo forte de fazer um diálogo mais próximo, intenso e ágil com a Assembleia e os demais Poderes do Estado”, disse, ressaltando que Igor Eto esteve próximo a Zema “desde o primeiro dia do governo” e que sempre foi o “braço direito do governador”. “Uma pessoa da mais estrita confiança do governador sendo indicada para fazer essa articulação política demonstra o desejo (de Zema) de ter dessa maior proximidade e agilidade no diálogo (com a ALMG)”, afirmou.
Questionado se faltou agilidade durante a gestão de Bilac Pinto, o aliado de Zema disse que ainda há queixas por parte dos deputados. “Com toda a certeza, o secretário Bilac se esforçou no limite das suas possibilidades para fazer o melhor diálogo possível. Mas o que vemos, e é recorrente, são queixas de que o diálogo ainda não é da maneira como desejado, da proximidade e talvez com a agilidade que era mais desejada”, declarou.
No entanto, diversos parlamentares pontuaram, ao longo de 2019, que a dificuldade de Zema não estava na figura do articulador político, mas sim no próprio governador, que tinha problemas de diálogo com a Casa. Sobre essa leitura de seus colegas, Guilherme da Cunha ressaltou que “Minas Gerais elegeu Romeu Zema conhecendo todas as suas características, quais são suas fortalezas e áreas em que ele não é igualmente eficiente”.
Nesse sentido, o aliado de Zema reconhece que a ausência de experiência política é uma das características do governador. E defende que a saída é encontrar pessoas que possam auxiliá-lo a suprir essa deficiência. “A ausência de contato prévio com o mundo político também é uma característica do governador. E ele é o governador que temos, e ainda bem que temos. Me parece mais adequado que a gente trabalhe em encontrar as melhores pessoas, as melhores ferramentas, com as melhores qualidades no entorno dele para suprir o que sejam eventuais deficiências”, disse, pontuando que não se pode querer “uma reinvenção do governador, ou querer que o governador subitamente assuma uma outra persona”.
Troca
Sobre a segunda troca na articulação do governo com a ALMG em menos de um ano, Guilherme da Cunha pontuou que, embora o desejável seja uma “maior estabilidade nas funções”, as decisões não são tomadas de forma aleatória. “As trocas não são feitas por mero capricho, se não a busca de melhorar e aumentar a eficiência do governo em áreas que ele pode ser ainda melhor para Minas”, disse, reforçando que o diálogo e a interlocução sob a gestão de Bilac era alvo de críticas.
Com relação ao recuo de Romeu Zema no acordo feito com a segurança pública pela recomposição salarial, o aliado do governador repetiu o tom da nota enviada pelo Palácio Tiradentes, de que fatos novos surgiram entre a aprovação do projeto na ALMG e a sanção parcial.
"Tivemos a possibilidade concreta de ameaça de revogação da liminar que garante a suspensão do pagamento da dívida e o não bloqueio das verbas de Minas pela União. Caso (a liminar) caísse, Minas ficaria jogada em absoluto caos financeiro”, explicou, lembrando da sinalização dada pelo Tesouro Nacional de que a recomposição inflacionária poderia impedir a adesão de Minas ao Regime de Recuperação Fiscal.
“Todos esses fatos novos impõem desafios novos ao governo. E um governo que esteja preparado para atender bem a população tem que saber rever seus posicionamentos diante de desafios novos. Foi o que o governador fez”, declarou Cunha.
Base aliada
Em meio a uma crise na base aliada, que afirmou publicamente não ter sido previamente informada sobre o recuo de Zema, Guilherme da Cunha afirmou que o Palácio Tiradentes tomou uma posição internamente, em primeiro lugar. “É sempre importante respeitar o tempo do que são as decisões internas do governo e do que são as comunicações posteriormente feitas ao Parlamento. O governo tomou uma decisão que inicialmente era interna. Tomada a decisão, houve a comunicação”, pontuou.
O parlamentar também acredita que, nas próximas semanas, a situação já estará pacificada. “Até semana que vem, qualquer mal-entendido ou desconforto será superado, porque acredito que temos na Assembleia pessoas que são muito comprometidas com o projeto de resgate e recuperação de Minas”, concluiu.