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Zema se defende após Bolsonaro culpar governadores pelo aumento da gasolina

Sem citar presidente, governador de Minas disse que 'terceirizar a culpa é repassar a outros aquilo que não consegue resolver'

Por Franco Malheiro
Publicado em 27 de agosto de 2021 | 09:08
 
 
 
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Depois do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) culpar os governadores pelo aumento do preço dos combustíveis, condicionando a alta ao valor do ICMS que é de controle estadual, o governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo), sem citar o nome do presidente, rechaçou a versão impulsionada por Bolsonaro. Nas redes sociais, na manhã desta sexta-feira (27), o governador isentou Estado de culpa e ainda responsabilizou a Petrobras, que é controlada pelo Governo Federal, pelo o aumento nos preços. 

“O ICMS do etanol em Minas é o segundo menor do Brasil. O diesel é o terceiro menor. A culpa do aumento dos combustíveis não é do ICMS nem do governo do Estado”,  defendeu Zema no Twitter em postagem com 10 tópicos. 

A reação do governador veio depois que, nessa quinta-feira (26), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em pronunciamento a apoiadores na porta do Palácio do Planalto, eximiu de culpa o Governo Federal pelo aumento dos preços e culpou os governadores dos Estados. 

“O preço do gás não está caro. Está R$ 45 na origem. Eu zerei imposto federal, cadê os governadores para zerar o estadual? Aí chega a R$ 130 na ponta da linha”, afirmou o presidete. 

Em resposta, o governador alegou que o reajuste do preço final do combustível nos postos é de responsabilidade do Governo Federal .  

“O ICMS corresponde a percentual do valor cobrado nos postos, que tem sofrido reajustes constantes da Petrobras, controlada pelo governo Federal. Somente esse ano a Petrobras já subiu em mais de 50% os combustíveis no país”, argumentou o governador e completou em seguida: "Governo de Estado não trata de política monetária, econômica, dólar ou inflação, que impactam nos preços e são de competência Federal” 

Zema ainda explicou o direcionamento do ICMS arrecadado no Estado. "Do valor arrecadado com ICMS em Minas, 25% vai para 853 prefeituras, que utilizam na saúde primária, educação básica e serviços. Com o restante, o Estado paga hospitais, mantém a educação, financia obras, segurança, salários, remédios e tudo mais sob sua responsabilidade", pontuou e ainda justificou porque não se pode alterar o orçamento.

"A Lei de Responsabilidade Fiscal impede que qualquer governante mexa na receita ou despesa sem outra fonte para compensar. O governo Federal, por exemplo, nos meses que reduziu alíquota sobre combustível, aumentou para ind. química, bancos e na aquisição de carros para PCD", explicou. 

Zema destacou a situação de endividamento que vive o Estado e aproveitou para criticar a gestão anterior ao seu governo, do petista Fernando Pimentel.

“Minas tem Gestão e governador. Não sou irresponsável de deixar a conta para o próximo, assim como o governo passado fez, quando aumentou despesas mas não teve dinheiro pra pagar, e hoje estamos tendo que honrar as dívidas deixadas, que são muitas, impedindo espaço para cortes”, afirmou

O governador ainda destacou que defende a redução de impostos, uma das principais bandeiras do seu partido, o Novo e também da sua campanha como governador de Minas em 2018. 

"Ninguém mais do que eu quer que os impostos de Minas sejam menores, assim que possível, para gerar mais empregos em nosso Estado. Este é meu principal objetivo", garantiu Zema. 

Ao final da publicação, o chefe do Executivo estadual cobrou do Congresso Nacional a aprovação de pautas, que segundo o governador, solucionariam o problema.

“Ao invés de perder tempo com discussões como o aumento do Fundão Eleitoral, Brasília deveria debater a reforma tributária e um novo pacto federativo que permitisse facilitar a redução de impostos. “Terceirizar a culpa é repassar a outros aquilo que não consegue resolver”, concluiu.

Aumento dos preços do combustível

Gasolina, diesel e botijão de gás vêm batendo sucessivos recordes, mesmo considerando a correção de valores antigos pela inflação, desde o fim do segundo trimestre.

A escalada do preço nas bombas reflete aumentos promovidos pela Petrobras nos preços de suas refinarias. Apenas em 2021, a estatal já elevou a gasolina em 51%. Diesel e gás de cozinha subiram 38%.

Segundo levantamento divulgado pelo site Mercado Mineiro, com esse aumento o consumidor tem pagado até R$6,50 no litro de gasolina em postos de Belo Horizonte e região metropolitana. Em Minas Gerais, o preço médio encontrado nas bombas na segunda quinzena de agosto ultrapassa também os R$ 6. 

 

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