Microbiologistas da Universidade de Brunel, na Inglaterra, identificaram uma cepa de bactéria frequentemente encontrada em ambientes hospitalares capaz de decompor plásticos utilizados em equipamentos médicos. 

A descoberta foi publicada na revista Cell Reports na quarta-feira (7) de maio de 2025. Os pesquisadores do Reino Unido isolaram a bactéria Pseudomonas aeruginosa de uma ferida humana e detectaram nela uma enzima denominada Pap1, que degrada o policaprolactona (PCL), um plástico biodegradável usado na fabricação de dispositivos médicos.

Até o momento, enzimas com essa capacidade haviam sido encontradas apenas em bactérias presentes no ambiente natural, não em patógenos hospitalares.

A capacidade de degradação do plástico por esta bactéria representa um risco para pacientes, pois pode afetar a integridade de dispositivos médicos essenciais para tratamentos.

Os testes foram realizados em laboratórios da Universidade de Brunel, onde os cientistas analisaram o comportamento da bactéria e sua interação com materiais plásticos comuns em hospitais.

Os pesquisadores observaram que a enzima Pap1 consegue decompor até 78% do plástico PCL em apenas sete dias. Durante o processo de degradação, a bactéria produz mais biofilme, uma camada pegajosa que protege os microrganismos e dificulta a ação de antibióticos.

A Pseudomonas aeruginosa, conhecida por causar infecções hospitalares, foi o principal objeto da pesquisa. Pacientes que utilizam dispositivos médicos fabricados com PCL podem ser potencialmente afetados por esta descoberta.

 

"Se um patógeno pode degradar plástico, ele pode comprometer dispositivos médicos que contêm plástico, como suturas, implantes, stents ou curativos, o que obviamente impactaria negativamente o prognóstico do paciente", declarou o pesquisador Ronan McCarthy, coautor do estudo, à revista Nature.

Os pesquisadores sugerem que a triagem de bactérias hospitalares quanto à capacidade de degradar plásticos se torne uma prioridade no controle de infecções. Materiais como politereftalato de etileno (PET) e poliuretano (PUR) podem estar igualmente vulneráveis à degradação por bactérias.