Dia 24 de julho. A data não sai da memória da Massa atleticana. O grito de é campeão, entalado na garganta por longos 53 anos, enfim foi solto pelos quatro cantos. A América tinha um novo dono. E quis o destino que a trajetória do título da Copa Libertadores começasse num dia 13. E se era com o Galo, tinha que vir com sofrimento. 

Até aquele ano histórico de 2013, o Galo havia participado de apenas quatro edições de uma Copa Libertadores. E fracassou em todas. A falta de tradição, porém, nem de longe atrapalhou os planos do Atlético. Em fevereiro, o Galo iniciava sua caminhada da conquista da América diante do São Paulo, no Independência, estádio que teria fundamental influência para a conquista continental.

O 'jogo da água', como ficou conhecido, deu ao Galo o início com o pé direito na competição. Ronaldinho Gaúcho pediu água para o goleiro Rogério Ceni quando o jogo estava paralisado. E o camisa 10 se aproveitou da desatenção da defesa para ficar livre, receber a bola e tocar para Jô abrir o placar.

Galo iniciou a Copa Libertadores de 2013 com vitória diante do São Paulo

Réver ampliou, mas Aloísio descontou para o São Paulo. Nos minutos finais, Paulo Henrique Ganso ainda perdeu grande chance do empate, mas o Galo saiu com os três pontos no grupo 3.

Goleada histórica na Argentina

O Atlético entrou para a história da Libertadores ao ser o primeiro time brasileiro a vencer uma equipe argentina, na casa do adversário, tendo marcado cinco gols diante do Arsenal, de Sarandí.

Atlético venceu de goleada o Arsenal de Sarandi

Foi um passeio. Na estreia de Diego Tardelli, que voltava ao time depois de temporadas no exterior, o Galo sofreu um susto logo no primeiro minuto, com o gol de Furch.

Pouco tempo depois, apareceu a estrela do jovem Bernard, que empatou a partida. Na sequência, Tardelli virou o placar e ampliou. Ainda no final da primeira etapa, Aguirre cobrou falta e acertou o ângulo para diminuir para os donos da casa.

Mas no segundo tempo só deu Bernard. Em quatro minutos, o atacante da camisa onze marcou dois gols e deu números finais ao jogo. Uma goleada por 5 a 2 colocando o time alvinegro mais líder do que nunca da chave.

Horto

A mística do Horto, que já havia iniciado na primeira rodada contra o São Paulo, foi se confirmando com os dois duelos contra argentinos e bolivianos.

No primeiro deles, o Galo pegou o The Strongest. E passou com dificuldades, já que o time boliviano veio ao Brasil para se defender. Ronaldinho Gaúcho teve noite de gênio ao marcar um gol e dar uma assistência para . Melgar fez o de honra para o time de La Paz.

Altitude vencida

Na quarta rodada, o Galo enfrentou dois adversários, sendo um deles terrível para os brasileiros: a altitude. Além dela, do outro lado estava The Strongest, que quase sempre faz valer sua força em casa e tinha o volante Chumacero como destaque.

Tardelli abriu o placar no início do jogo, mas os donos da casa empataram com Reina. Com o ar rarefeito da altitude, o Galo demonstrava cansaço e parecia que o jogo caminharia para o empate, mas Serginho arrancou pela direita e cruzou para Méndez, todo atrapalhado, marcar contra.

Em casa

E volta ao Horto. E nova goleada por 5 a 2 sobre o Arsenal, com gols de Ronaldinho Gaúcho (2), Luan, Alecsandro e Diego Tardelli, contra um de Braghieri e um de Benedetto.

Ao final da partida, os jogadores argentinos promoveram cenas lamentáveis ao partir para cima do trio de arbitragem, além de quebrar o vestiário do Independência.

Primeira derrota

O Galo conheceu o primeiro revés na Libertadores no último jogo da fase de grupos. Já classificado, o Atlético não teve Bernard e Tardelli em campo e foi pressionado pelo Sâo Paulo desde o início do jogo.

Com gols de Rogério Ceni e Ademílson, o Tricolor conseguiu a vitória e a classificação, já que o Arsenal tirou pontos do The Strongest no outro jogo da rodada.

A partida no Morumbi ficou conhecida como o jogo do 'quando tá valendo, tá valendo', dito por Ronaldinho Gaúcho ao se referir que a partida não valia muita coisa para o Galo, que já estava classificado e garantido como primeiro do grupo.

Oitavas de final

E o adversário das oitavas seria o mesmo São Paulo. Vitória do Galo no Morumbi, depois de sair perdendo com gol de Jadson. Mas Lúcio foi expulso ainda no primeiro tempo e o Tricolor não suportou à maior qualidade alvinegra.

Ronaldinho, de cabeça, após cobrança de escanteio, empatou a partida ainda na primeira etapa. E Diego Tardelli sacramentou o triunfo atleticano na segunda etapa.

No Independência, um vareio de bola. Com três gols de Jô e um de Tardelli, o Atlético despachou o São Paulo, que ainda marcaria com Luís Fabiano.

Atlético venceu o São Paulo novamente pelas oitavas de final

Quartas de final

A partir das quartas de final o Atlético passou a sofrer na competição. O Tijuana, do México, quase complicou de vez a vida do Galo. No jogo de ida, em Tijuana, um empate improvável manteve o time mineiro com chances de classificação depois de um massacre dos donos da casa no primeiro tempo.

Mas o Tijuana não conseguiu traduzir a superioridade e foi para o intervalo com apenas 1 a 0 no placar, gol de Riascos (guarde este nome). No segundo tempo, Tardelli empatou a partida, mas Fidel Martínez voltou a colocar o Tijuana em vantagem.

No último minuto de jogo, em um lançamento no meio da defesa mexicana, Luan apareceu como um raio e tocou na saída do goleiro para empatar a partida.

No jogo de volta, aconteceu o 'dia de São Victor'. Depois de abrir o placar, com Riascos, o Tijuana viu o Galo empatar com Réver, ainda no primeiro tempo.

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Nos acréscimos da segunda etapa. Riascos teve a classificação dos mexicanos no pé direito. Em cobrança de pênalti, o colombiano chutou no meio do gol e Victor, de pé esquerdo, defendeu e classificou o Galo no critério de gols fora de casa.

Semifinal

Nas semis, o adversário era o Newell´s Old Boys, da Argentina. E os hermanos complicaram a vida do Galo ao vencer o jogo de ida por 2 a 0, com gols da Scocco e Maxi Rodriguez.

Na volta, a mística do Horto não falou e o Galo devolveu o placar com Bernard e o então contestado Guilherme. A disputa foi para os pênaltis e Victor, novamente, apareceu para salvar o Galo com a defesa da cobrança derradeira de Maxi Rodriguez.

A glória eterna (final)

Quis o destino que o Olímpia fosse o adversário da final. Os paraguaios foram os rivais do Galo na conquista do primeiro título oficial internacional do clube mineiro, a Copa Conmebol, em 1992.

No duelo de ida, em Assunção, no Paraguai, nova derrota por 2 a 0, com gols de Alejandro Silva e Pittoni. O Atlético precisava novamente repetir o placar para, no mínimo, levar a decisão para os pênaltis.

E no Mineirão, depois de uma batalha que durou mais do que 120 minutos, com direito a prorrogação, o Galo fez os sonhados 2 a 0 com Jê e Leonardo Silva. 

Mas estava escrito que 'São Victor' e a trave do Mineirão fariam a diferença para colocar o Atlético na lista dos eternos campeões da Libertadores. O goleiro pegou uma cobrança e quando a bola de Gimenez encontra o poste direito de Victor. A Libertadores teve um novo dono.

Recorde de Público

A final da Libertadores de 2013 entre Galo x Olímpia, do Paraguai, no Mineirão, registrou a maior renda de um clube de futebol do país. Foram arrecadados nada menos do que R$ 14.176.146,00 com os 56.667 ingressos vendidos.

A partida lidera o ranking de maior renda da história do futebol brasileiro. Ano passado, o Flamengo chegou perto com a final da Copa do Brasil contra o Corinthians, no Maracanã. A partida da decisão registrou R$ 11.177.332,00 arrecadados.

A maior renda de um jogo de futebol no Brasil foi registrada em 2019, na Copa América vencida pela seleção Canarinho. Diante do Peru, na final da competição, o jogo registrou incríveis R$ 38.769.850 com os 58.584 ingressos vendidos para a partida.

Repercussão internacional

A imprensa de várias partes da América do Sul e Europa repercutiram a conquista da Copa Libertadores do Galo em 2013. E o grande personagem escolhido pela imprensa internacional não poderia ser outro: Ronaldinho Gaúcho. 

"Ronaldinho faz história com o Mineiro", destacou o "Mundo Deportivo", de Barcelona, onde o brasileiro brilhou ao conquistar a Liga dos Campeões.

O craque do Galo também ganhou destaque nos jornais de Madri, como o "As", que frisou a conquista do "Mineiro de Ronaldinho" nos pênaltis.

O meia foi o assunto da manchete do inglês "Daily Mail", que chamou a atenção para o currículo do craque. "Nos mostre suas medalhas! Ronaldinho adiciona a Copa Libertadores à Copa do Mundo, Champions League e 29 títulos individuais", destacou a imprensa britânica.

O "Gazzeta dello Sport", da Itália, onde R10 atuou com a camisa do Milan, destacou uma declaração do jogador. "Ronaldinho rei da Libertadores. 'Viram que não estava acabado?".

 O Diário "Olé" destacou que a Libertadores foi "Outra vez brasileira" e ressaltou a presença de Ronaldinho Gaúcho na campanha do título.