Se Leonardo Jardim chegou ao Cruzeiro com uma carreira considerada consolidada, muito se deve ao seu trabalho no Monaco, onde conseguiu, dentre outros feitos, tornar o clube protagonista e revelar grandes jogadores. E esses são alguns de seus objetivos como técnico da Raposa.

Diferentemente da França, onde o português pegou o time antes do início da temporada de 2014/2015, ele desembarcou no Brasil no meio da disputa do Campeonato Mineiro, competição em que o Cruzeiro parou na semifinal. Com Jardim à beira de campo, foram três jogos, com dois empates e uma derrota.

Na primeira temporada, quando o Paris Saint-Germain já dominava o futebol francês, a equipe do principado, que três anos antes disputava a segunda divisão, ficou em 3º lugar na Ligue 1, em posição pior se comparado ao ano anterior, que terminou com a demissão de seu antecessor, o italiano Claudio Ranieri. Mas a direção da equipe deu a Jardim o que o Brasil é conhecido por não dar aos treinadores: tempo.

Com o passar dos meses, o venezuelano naturalizado português consolidou sua ideia de jogo e, principalmente, trabalhou os atletas individualmente para potencializá-los. Além disso, focou nos jovens, como Kylian Mbappé, que estreou pelo time profissional aos 16 anos, em 2015.

Leonardo Jardim em entrevista coletiva com Bernardo Silva

Entre os brasileiros, mudou o rumo da carreira do hoje volante Fabinho, revelado pelo Fluminense e com passagem por Real Madrid e Liverpool. Ele era lateral-direito, mas Jardim viu que o atleta renderia mais no centro.

"Ele estava no Monaco como lateral-direito, mas eu achava que ele era um jogador médio como lateral, não era muito bom. Falei com ele para jogar como volante. Em dois anos, foi vendido ao Liverpool por 60 milhões. Com a idade que ele tinha, de resolver jogar no meio, foi surpreendente", disse Jardim.

Na temporada 2016/2017, o Monaco de Jardim desbancou o PSG e foi campeão francês após 17 anos, fazendo história no clube. Neste mesmo ano, outro feito: a equipe, coadjuvante na Europa, chegou à semifinal da Uefa Champions League, tendo Mbappé, com 18 anos, como estrela.

Tudo isso fez o clube ser protagonista de seu país, o que o Cruzeiro luta para reconquistar há alguns anos. Os últimos títulos do Campeonato Brasileiro ocorreram em 2013 e 2014, enquanto os da Copa do Brasil em 2017 e 2018. Após isso, houve a maior crise de sua história e, desde então, a Raposa caminha para reconquistar o sucesso de um passado recente.

Toca

Ao Cruzeiro, Jardim chegou sabendo que pegaria um elenco montado por outro treinador (Fernando Diniz) e teria que dar sequência ao trabalho com a época em curso. Das 11 contratações da SAF na última janela de transferências, apenas duas ocorreram com o seu aval: o zagueiro Mateo Gamarra e o atacante Wanderson.

Além disso, há a pressão por resultados imediatos, que vem principalmente da torcida e passa pela diretoria, formada por cruzeirenses de berço. Concomitantemente, há outra demanda: a revelação de grandes jogadores.

No atual time titular, há apenas um cria da Toca: o lateral-esquerdo Kaiki Bruno. Também há o atacante Dudu, porém, ele saiu ainda jovem de Minas Gerais antes de retornar, nesta temporada, aos 33 anos.

Tendo promessas na base como Kaique Kenji, Kauã Prates e Bruno Alves, Jardim tem como uma de suas metas potencializá-los, como fez com, além de Mbappé, Bernardo Silva. Além disso, o português terá que 'domar' estrelas como Cássio, Matheus Pereira e Gabigol, como fez com João Moutinho, Falcão Garcia, Ricardo Carvalho, entre outros.