A disputa entre o presidente do Cruzeiro, Wagner Pires de Sá, e Zezé Perrela, presidente do conselho deliberativo do clube, tem data e horário para seu primeiro embate: dia 21 de outubro, às 19h. Isso porque ambos usaram de atribuições que julgam ter para convocar reuniões extraordinárias marcadas para o mesmo dia e horário, mas em locais diferentes.

De um lado, Perrella alega que "o presidente do clube não tem competência para convocar, apenas para solicitar ao presidente do conselho tal convocação para reunião extraordinária". Em resposta, "a presidência está amparada pelo departamento jurídico, que por seu lado está atenta a todas as movimentações", informou o diretor de comunicação do Cruzeiro, Valdir Barbosa. 

Diante disso, a reportagem do Super.FC entrou em contato com um especialista em direito esportivo para tirar as dúvidas.

De acordo com o advogado Fellipe Fraga Gerçossimo, que é especialista na área de Direito Desportivo, o atual mandatário celeste estaria, inclusive, ferindo o estatuto do clube como estratégia para esvaziar ou diminuir o quórum da reunião extraordinária convocada pelo presidente do conselho deliberativo.

"Essa assembleia convocada pelo presidente do Cruzeiro fere o estatuto do clube. Por mais que ele possa convocar uma assembleia geral, ele não pode convocar os conselheiros diretamente. A intenção dele com isso é deslocar conselheiros que que não têm conhecimento do estatuto do clube. Ou seja, alguém que não tem domínio do que rege o estatuto vai se ver em uma encruzilhada, já que terá sido chamado para uma reunião pelo presidente do clube e também pelo presidente do conselho deliberativo", explica. 

Além disso, no edital publicado nesta sexta-feira (4), nos jornais O Tempo e Super Notícia, Wagner Pires de Sá se baseia  no parágrafo 2º do art. 8º do Estatuto Social do Cruzeiro, para realizar a convocação de 'associados e conselheiros para a Reunião da Assembleia Geral Extraordinária'.

Fellipe explica que o respaldo de Wagner como presidente do clube serve apenas para convocação dos diretores e qualquer ato que necessite da presença maciça de conselheiros é preciso ser encaminhado ao presidente do conselho, para que ele faça a convocação.

"É um jogo político e ele (Wagner) está usando todas as armas que pode para tentar esvaziar a reunião que pode culminar com seu afastamento. Ele faz a convocação para falar de assuntos gerais do clube, o que sequer se encaixa como um assunto que necessite de uma assembleia extraordinária. Por isso, considero que ele esteja ferindo o estatuto", conclui o advogado.