Este 30 de julho marca os 46 anos que o Cruzeiro conquistou a primeira Copa Libertadores da América. Mas, nas memórias de Helenice Fernandes Duarte, de 71 anos, os jogos daquela trajetória parecem ter acontecido recentemente. Presente no Mineirão naquela campanha história, que fez do clube estrelado o segundo do Brasil a conquistar o torneio continental naquele ano de 1976, a torcedora ainda guarda os troféus que foram confiados a ela sobre a conquista. Jornal que noticiava o feito histórico e a camisa que vestiu em dias de jogos, doada mais tarde para a neta.

"Foram muito boas todas as disputas daquela Libertadores. Eu já era casada, estava esperando minha segunda filha e ainda fui ao Mineirão. Era muita gente", lembra Helenice, que levou essa paixão pelo Cruzeiro aos filhos.

Um deles, Fábio Fernandes Duarte, de 41 anos. "Somos uma família de quatro irmãos, eu me tornei cruzeirense pela paixão que eu via da minha mãe pelo Cruzeiro. E olha que meu pai é atleticano apaixonado também. Lembro de ter visto ela chorar de alegria por várias vezes, e meu sentimento foi crescendo cada vez mais", conta Fábio, que já passou esse sentimento à próxima geração. "Tenho um filho de 17 anos tão quanto apaixonado pelo Cruzeiro que todos jogos estamos lá", garante o pai do jovem Arthur Figueiredo Fernandes, de 17 anos. 

Em campo, o Cruzeiro varreu os adversários. Logo na primeira apresentação do time comandado por Zezé Moreira, um 5 a 4 diante do Internacional, que soou com um troco bem dado ao time que no ano anterior tinha conquistado o Campeonato Brasileiro justamente em cima da Raposa. Era a força que os celestes precisavam para fechar a primeira fase invictos: em seis partidas, cinco vitórias e um empate. 

 

Na segunda fase, uma trajédia poderia ter abalado as estruturas dos jogadores. O atacante Roberto Batata morreu em um acidente de carro na rodovia Fernão Dias, em Três Corações, quando ia visitar a família após as vitórias pela América do Sul do time estrelado: diante da LDU, do Equador (3 a 1) e de Alianza Lima, do Peru, por 4 a 0. O luto se transformou em força dentro de campo.

Prova disso foi a goleada do Cruzeiro por 7 a 1 diante do Alianza, a primeira partida daquela Libertadores sem Batata. Na sequência, um 4 a 1 diante da LDU, resultados no Mineirão que garantiram a Raposa na grande final diante do River Plate. 

Nas três partidas que valiam a taça, uma vitória para o Cruzeiro (4 a 1, no Mineirão), e uma para o River (2 a 1, no Monumental de Nuñez). O caneco só foi levantado em Santiago, no Estádio Nacional. O gol da vitória foi cravado por Joãozinho, de falta, aquela cobrança perfeita que garantiu o 3 a 2 no placar, corando uma campanha brilhante: em 13 jogos, 11 vitórias, um empate e uma derrota.


 
Primeira fase
07/03 - Cruzeiro 5 x 4 Internacional - Mineirão, BH
14/04 - Luqueño 1 x 3 Cruzeiro - Defensores del Chaco, Assunção
18/03 - Olímpia 2 x 2 Cruzeiro - Defensores del Chaco, Assunção
24/03 - Cruzeiro 4 x 1 Luqueño - Mineirão, BH
28/03 - Internacional 0 x 2 Cruzeiro - Beira-Rio, Porto Alegre
04/04 - Cruzeiro 4 x 1 Olímpia - Mineirão, BH

Semifinal
09/05 - LDU 1 x 3 Cruzeiro - Atahualpa, Quito
12/05 - Alianza 0 x 4 Cruzeiro - El Mamute, Lima
20/05 - Cruzeiro 7 x 1 Alianza - Mineirão, BH
30/05 - Cruzeiro 4 x 1 LDU - Mineirão, BH

Final
21/07 - Cruzeiro 4 x 1 River Plate - Mineirão, BH
28/07 - River Plate 2 x 1 Cruzeiro - Monumental de Nuñez, Buenos Aires
30/07 - Cruzeiro 3 x 2 River Plate - Estádio Nacional, Santiago