Assunto mais comentado no Twitter nesta terça-feira, o tema Toca da Raposa III segue gerando polêmica, uma vez que a faixa afixada pelos cruzeirenses no centro do campo a cada partida não está sendo mais exposta. Em contato com o Super FC, Samuel Lloyd, diretor comercial da Minas Arena, esclareceu o que vem se passando na história que domina o comentário dos torcedores celestes há alguns dias.
Lloyd deixa claro que a situação não pode ser tratada como um picuinha apenas com os cruzeirenses. A apropriação da produtora Konami da imagem do Mineirão no game de futebol "PES 2019" e a alteração do nome do estádio para Toca da Raposa III fere os princípios internacionais da comercialização de naming rights.
"Entendemos que a medida pode ser impopular, mas precisamos esclarecer o porquê da mudança. Por isso, estamos notificando a Konami extrajudicialmente e apontem de onde surgiu a ideia de colocar o Mineirão como Toca da Raposa III no game. Eles possuem um prazo de cinco para que se posicionem. Caso isso não ocorra, vamos entrar na justiça norte-americana para que medidas sejam tomadas", afirma Samuel Lloyd.
"A marca se apropriou do nome do estádio e não deu nenhuma satisfação", complementa o diretor.
A Konami ainda não recebeu a notificação da Minas Arena. Por isso, a produtora ainda não manifestou-se sobre o caso. Esta não é a primeira vez que a produtora utiliza o Mineirão em seus jogos. Desde o PES 2017, o estádio é reproduzido no título.
Questionado sobre o porquê da empresa ter se atentado ao assunto só agora, Samuel Lloyd destacou que a notificação extrajudicial também contempla os anos anteriores. No entanto, havia o entendimento que a exposição da marca nos games, inclusive da Copa do Mundo de 2014, produzido pela Fifa em conjunto com a EA Sports, era benéfica ao estádio.
"Em parte era isso mesmo (a exposição nos jogos), mas notificamos todo o histórico, todo esse período que utilizaram a imagem do estádio. Temos que lembrar no contrato de PPP do estádio está escrito que devemos garantir a isonomia, a isenção, para todas as torcidas e a defesa do povo mineiro. Não é uma picuinha com o Cruzeiro. Imagina se uma marca internacional pegasse a marca do Mineirão e modificasse para benefício da torcida do Atlético?", indaga Lloyd.
"Para nós, do Mineirão, tanto faz se as pessoas chamam de Toca III ou Salão de Festas. Queremos que os torcedores e as pessoas tenham este sentimento de pertencimento. Procuramos, inclusive, incentivar esse tipo de relação. Queremos que os torcedores tenham este sentimento que é o estádio do Cruzeiro, do Atlético, de todo o povo de Minas", salienta o executivo.
O Cruzeiro nesta história
Ao Super FC, o vice-presidente executivo do Cruzeiro, Marco Antônio Lage, disse que o clube não quer criar nenhum tipo de atrito com a Minas Arena em relação ao caso. "Queremos cumprir nosso acordo contratual com a Minas Arena como temos feito. Nossa relação sempre tem caminhado de forma positiva e acredito que a faixa vai voltar na hora certa. Estamos esperando apenas que a situação seja solucionada entre a Minas Arena e a Konami", afirma o dirigente.
Samuel Lloyd corrobora da fala de Marco Antônio Lage. "O Cruzeiro está junto com a gente nesta história. O contrato de PPP estipula que não podemos dar esse tipo de preferência. Só queremos que a situação se esclareça e que todos os torcedores possam se sentir abraçados no Mineirão", disse.
Em busca de respostas
Em apuração do Super FC, a decisão da Minas Arena em notificar a Konami também tem como objetivo compreender se o Cruzeiro utilizou-se indevidamente do "Toca da Raposa III" para o registro no game PES 2019. As partes trabalham para o entendimento da polêmica. O Cruzeiro mantém a postura de honrar com o compromisso assinado com a Minas Arena.
Jogos eletrônicos x direitos de imagem no futebol
No ano passado, mais de 70 jogadores brasileiros entraram com ação contra a Konami (Pro Evolution Soccer) e EA Sports (Fifa 17) por uso de suas imagens em jogos de videogame. A lista de atletas que buscaram a Justiça contém em sua maioria futebolistas renomados, como Paulo Baier (que já encerrou a carreira), Maxi Biancucchi (primo de Lionel Messi), Wellington Paulista (atualmente na Chapecoense), Vanderlei (goleiro do Santos) entre outros.
Com o Mineirão no centro da polêmica, esta pode ser a primeira vez no país que um estádio entrará com uma ação reivindicando o uso inapropriado dos direitos de imagem. Por conta desta situação, o Mineirão promete que tentará, no futuro, buscar acordos comerciais com as grandes produtoras.
"Nunca passou na nossa cabeça esse tipo de utilização comercial do estádio, mas, a partir deste episódio, vamos fazer contato com as grandes empresas para que possamos caminhar neste tipo de parceria. Os jogos virtuais têm sido uma grande fonte de renda e movimentado grandes eventos", pontua Lloyd.