O comissário da NBA, Adam Silver, confirmou ao Associated Press que está tendo conversas “muito mais sérias” com a FIBA, órgão regulador do basquete mundial, sobre a criação de um torneio ou liga da marca em território europeu. A iniciativa se junta aos projetos da África e China no plano de expansão global da NBA como liga e marca.

De acordo com fontes da própria liga, a Europa possui uma estimativa de 270 milhões de fãs de basquete e um mercado de mídia em crescimento avaliado em mais de $20 bilhões. “Acredito que há uma oportunidade enorme aqui. Há uma iniciativa entre os proprietários de equipes para um investimento adicional no basquete global. Dada a qualidade do basquete aqui na Europa, parece fazer sentido que também deveríamos estar fazendo algo”, afirmou Adam Silver.

“A participação cada vez maior de atletas europeus na NBA é um fator que potencializa a expansão da liga para o continente. Quando temos em quadra jogadores que representam boa parte do público daquele local, a conexão com os torcedores é amplificada, gerando resultados positivos para a relação entre liga, fãs e equipes”, afirma Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo.

E de fato, nas últimas temporadas, jogadores europeus têm assumido papel de protagonismo na NBA. Além de jogadores no auge da carreira, como Giannis Antetokounmpo, Nikola Jokic, e Luka Doncic, a Europa também vem dominando os drafts. As primeiras escolhas das últimas duas temporadas foram os franceses Wembanyama e Zaccharie Risacher, evidenciando uma grande crescente na formação de jogadores. Segundo levantamento da Associated Press, cerca de 60 atletas da NBA são europeus, representando praticamente metade dos estrangeiros da liga.

O projeto de expansão para a Europa é parecido com o que Silver já implementou no continente africano em 2021 com a criação da BAL (Basketball Africa League). Considerada um sucesso, a liga se tornou uma extensão da NBA e tem transmissão para 214 países e territórios, em 17 idiomas, através de parcerias com canais de TV, tanto gratuitos quanto pagos. 

O investimento já vem colhendo frutos no esporte. A equipe masculina de basquete do Sudão do Sul, por exemplo, fez história no ano passado ao fazer com que o país se tornasse o mais jovem a garantir uma vaga nos Jogos Olímpicos.

“Expandir a marca NBA é crucial para atrair novos públicos e investimentos, além de consolidar a crescente base de fãs ao redor do mundo, fortalecendo a presença da liga em mercados estratégicos. Obviamente, todas novas atitudes são baseadas em dados da jornada de quem consome o produto em cada canto do mundo. Essa iniciativa, que se junta aos projetos na África e na China, não apenas amplia o alcance da NBA, mas também pode elevar a própria liga ao integrar talentos internacionais e impulsionar o crescimento do basquete em escala mundial. Nos últimos seis anos, os prêmios de MVP foram ganhos por jogadores estrangeiros, o que demonstra o quanto a competição se tornou global", afirma Renê Salviano, CEO da agência Heatmap e especialista em marketing esportivo.

A NBA é um dos negócios esportivos mais lucrativos do mundo. Na temporada 2022/23, a liga alcançou receitas totais de US$ 10,2 bilhões (R$ 51 bilhões). Deste montante, US$ 5,1 bilhões (R$ 25,5 bilhões) vieram de direitos de transmissão e patrocínios gerais e US$ 920 milhões (R$ 4,6 bilhões) foram arrecadados com patrocínios nas arenas. A bilheteira gerou US$ 3 bilhões (R$ 15 bilhões), enquanto outros ganhos somaram US$ 1,2 bilhão (R$ 6 bilhões).

Com um controle salarial rígido, sistema de escolha dos melhores atletas pelos times mais fracos (draft) e divisão igualitária das receitas de patrocínios e licenciamento, a liga é vista como um modelo em gestão do esporte.

“A NBA é consumida globalmente. Além da sua qualidade e competitividade, a liga se destaca na forma como se comunica com seu público. Isso é crucial para uma possível expansão, pois cria oportunidades comerciais únicas para marcas e investidores, especialmente na Europa, onde o basquete é um dos esportes mais populares. Se o negócio de fato se concretizar, será um acerto significativo, valorizando o produto, aumentando o engajamento dos fãs e abrindo portas para novas iniciativas”, analisa Artur Mahmoud, Diretor de Negócios da End to End, empresa que conecta o torcedor à sua paixão e é um hub de soluções e engajamento para o mercado esportivo.