Fenômenos são raríssimos no esporte. De vez em quando somos agraciados com o surgimento de atletas extremamente talentosos e que conseguem realizar proezas e alcançar marcas inimagináveis. É o caso de Lewis Carl Davidson Hamilton. O inglês foi campeão já em seu segundo ano de F1, guiando pela McLaren. Entretanto, a sua história na principal categoria do automobilismo se mistura com a Mercedes. Essa relação será vista pela última vez no domingo (10), quando Lewis Hamilton irá se despedir das Flechas de Prata, no Grande Prêmio de Abu Dhabi.
Pela Mercedes, Lewis coleciona 245 GPs, 153 pódios, 84 vitórias e seis mundiais conquistados. Em mais de uma década, os dois protagonizaram o casamento mais bem sucedido já visto na F1. Uma parceria que colocou a marca alemã entre as maiores da categoria e consagrou Lewis Hamilton como o piloto mais dominante da história.
Por falar em dominância, Lewis é contratado pela Mercedes com a responsabilidade de substituir o também heptacampeão Michael Schumacher, dono de uma dinastia de cinco títulos pela Ferrari e que em 2012 se retirava da F1, pilotando pelas Flechas de Prata. Hamilton não imaginava que no futuro quebraria os recordes de Schumacher e se tornaria tão espetacular quanto o alemão. Talvez, saberia.
Lewis considera Ayrton Senna a sua principal fonte de inspiração. Costumo dizer que o inglês é a extensão do brasileiro nas pistas. O exemplo do fã que superou o ídolo, em números, no esporte. Porém, na Mercedes, Hamilton ganhou a mentoria de outro tricampeão mundial: Niki Lauda. Como presidente não executivo da equipe alemã, o austríaco teve participação direta em sua contratação. Com os seus ensinamentos, Hamilton deixou a impulsividade e a direção perigosa de lado, para se tornar um dos pilotos mais consistentes e cerebrais da história. Uma relação lindíssima e determinante para a virada de chave do, até então, jovem piloto.
Crédito: Jean-Christophe Magnenet/AFP
Nas Flechas de Prata, Hamilton obteve vitórias épicas e memoráveis. É impossível não se lembrar dos icônicos GPs da Alemanha em 2018 e Brasil em 2021, por exemplo. Provas em que Lewis teve que demonstrar todo o seu arrojo e ritmo de corrida para escalar o pelotão e terminar no lugar mais alto do pódio. Além dos triunfos, a rivalidade com o seu velho amigo de kart, Nico Rosberg, ficou marcada como uma das mais acaloradas e polêmicas.
Após um lindo capítulo construído na Mercedes, Lewis Hamilton decidiu encerrar a parceria. Os carros inconsistentes das temporadas 2022, 23 e 24, além da vontade explícita de guiar pela Ferrari, culminaram na ruptura do vínculo. Ele realizará o seu sonho profissional e honrará o legado de seu principal ídolo, Ayrton Senna. Afinal, o brasileiro tinha o desejo de defender a escuderia italiana nas pistas. Infelizmente, não deu tempo. Porém, como a extensão de seu herói, Lewis irá concretizar esse feito. Relação indireta entre aqueles que, na minha visão, são os dois maiores e melhores nomes do automobilismo.