Enquanto os três clubes de futebol masculino de Belo Horizonte já retomaram as atividades, o futebol feminino da capital mineira segue esperando pelo retorno da sua rotina de treinos, jogos e viagens. O lado bom é que a tendência, é que a volta dos treinos e partidas oficiais pelos times masculinos mostra que o retorno do calendário do futebol brasileiro de forma integral, incluindo a categoria feminina, pode estar próximo.
"O futebol feminino sempre se norteou através do masculino. Estamos usando os modelos adaptados e no momento devemos continuar assim. Não acredito que fomos mais prejudicadas. A parada fez muito mal a todos por causa do afastamento dos treinos com bola e da interrupção do calendário", comenta Nina Abreu, coordenadora do futebol feminino atleticano.
"O futebol masculino é o carro-chefe, tanto dos clubes, quanto das federações e da confederação. As atletas estavam ansiosas pelo retorno e eu sempre fui muito transparente com elas, dizendo que iríamos aguardar as manifestações quanto ao retorno do futebol masculino. Porque assim que fossem finalizados alguns protocolos e diretrizes do masculino, nós passaremos a ser o objeto de análise para retorno. De fato, é o futebol masculino que servirá de protótipo para o nosso retorno", pontua Bárbara Fonseca, coordenadora do futebol feminino do Cruzeiro.
Calendário mais curto pode trazer vantagens
Luiza Parreiras, supervisora do futebol feminino do América, vê um lado positivo na forma como a pandemia afetou a categoria. "Como o calendário do futebol feminino no Brasil não é extenso, mesmo diante da paralisação, teremos a vantagem de ainda conseguirmos datas disponíveis para encerramento, em campo, de todos calendários e campeonatos previamente agendados, evitando o que ocorreu em outros países. A paralisação afetou a modalidade em todas as suas categorias, sejam elas masculino, feminino ou de base, prejudicando planejamentos, preparação e formação de atletas. Infelizmente, o ano de 2020 prometia muito ao futebol feminino no Brasil, para sua consolidação, afirmação e espaço para novos projetos de incentivo, mas com certeza conseguirá recuperar este período de paralisação", destaca. No futebol masculino, quase todos os torneios serão retomados em 2020, mas encerrando-se somente no ano seguinte.
Previsão de retorno em agosto
As atividades presenciais nas equipes femininas de Atlético, Cruzeiro e América foram interrompidas, ainda em março, por causa da pandemia de coronavírus. Foi neste período que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) suspendeu campeonatos. Desde então, o acompanhamento com os atletas acontece à distância. No último domingo, o presidente Rogério Caboclo, da CBF, se manifestou sobre uma previsão de retorno do calendário oficial do futebol feminino, previsto para acontecer no próximo mês.
"A CBF estipulou uma data para a volta do Brasileiro A1. Teremos jogos a partir do dia 29 de agosto. Estamos no aguardo sobre o novo calendário. Com isso, a gente já começa a trabalhar a volta. Teremos um prazo bom, bem significativo, que funcionará como uma pré-temporada, e logo as meninas já estarão em campo", comenta Bárbara Fonseca, coordenadora do futebol feminino do Cruzeiro. O time celeste está na elite enquanto os rivais disputam a divisão de acesso.
A série A2 ainda não tem data prevista e a tendência é que seja retomada após a principal competição do país. "Fomos informados pela CBF que, brevemente, seremos orientados quanto à possibilidade de retorno da disputa, novo calendário e sobre os protocolos necessários", informa Luiza Parreiras, coordenadora do futebol feminino do América. A indefinição aumenta o ponto de interrogação para Coelho e Galo, uma vez que nenhuma data foi prevista até o momento.
A série A2, que teve apenas uma rodada, estava prevista para terminar em julho, obrigando os clubes a se readequarem ao calendário que foi imposto. "O América buscará seguir com o seu planejamento orçamentário previsto para o futebol feminino, apesar das dificuldades trazidas pela paralisação do campeonato. O clube havia traçado um planejamento para a disputa da série A2. O retorno do futebol masculino poderá nos auxiliar no retorno das atividades presencias do futebol feminino, mediante uma sinalização da CBF e das autoridades de saúde", reforça Parreiras.
Medidas para evitar prejuízos
Para conter gastos em um momento de menor receitas, o futebol feminino foi afetado diretamente e medidas precisaram ser tomadas, com férias compulsórias para aproveitar o período sem jogos. O Cruzeiro manteve os contratos e treinos à distância. Apenas alguns membros da comissão técnica tiveram seus contratos suspensos. A tendência é que esses membros voltem a trabalhar quando a situação se normalizar.
Já o Atlético desativou as atividades presenciais por tempo indeterminado e reduziu o grupo de 29 para 24 integrantes. Após as férias, os treinos voltaram a acontecer à distância. Nos últimos dias, o presidente Sérgio Sette Câmara enviou mensagem de vídeo, que foi transmitida durante live do clube, projetando o retorno da equipe feminina no segundo semestre.
Tanto o Galo quanto o América aproveitaram a MP 936 do Governo Federal, que permite que contratos sejam suspensos por 60 dias ou que salários e jornada sejam reduzidos por até 90 dias. O Atlético suspendeu contratos e também realizou redução de 25% dos salários, com o mês de julho sendo o primeiro com o novo valor.
O América optou por dar férias aos funcionários antes de suspender contratos, com o clube complementando a renda para evitar prejuízo dos profissionais. A suspensão dos contratos durou 57 dias e acabou no dia 3 de julho, data em que o acompanhamento das atividades foi retomado de forma remota.