A partir do dia 10 de outubro, terá início a 9ª rodada das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026. Por conta dos jogos de seleção, o calendário dos campeonatos nacionais passa por uma pausa para evitar que clubes que tenham atletas convocados sejam prejudicados. Apesar do intervalo sem partidas, as equipes seguem a rotina normalmente, com treinos e até amistosos, visando os próximos compromissos do ano, como Copa do Brasil, Libertadores e Brasileirão.
Para o fisioterapeuta esportivo associado à SONAFE Brasil - Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física, Rodrigo Nascimento, a paralisação tende a ser positiva ao analisar o aspecto físico dos atletas. Por conta de um calendário muito ocupado, por vezes os jogadores não conseguem realizar uma regeneração completa.
"Devido ao tempo limitado para recuperação e ao desgaste das partidas, além das longas viagens entre os jogos, esse período pode ser bastante benéfico para a regeneração. A pausa oferece uma ótima oportunidade para que os atletas recuperem completamente suas capacidades físicas e psicológicas", comenta o profissional.
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Além disso, o fisioterapeuta ainda aponta que o tempo contínuo de tratamentos e treinos, sem deslocamentos e partidas, é necessário para melhorar o corpo atlético de uma equipe. "Com a sequência dos treinamentos e o fortalecimento de certas habilidades físicas neste período, o trabalho do fisioterapeuta esportivo pode ser extremamente benéfico. Isso proporciona um tempo valioso para a recuperação e melhoria das capacidades funcionais dos atletas que, até agora, enfrentaram um desgaste mais significativo", explica.
Entretanto, segundo Rodrigo, a pausa da Data FIFA não é apenas positiva. Isso porque a perda de ritmo de jogo e a demanda física reduzida quando comparada a uma partida podem causar problemas aos atletas.
"Ao longo dos treinos, as condições são relativamente controláveis, ao contrário do que acontece nos jogos. Assim, mesmo que os atletas mantenham sua rotina, o retorno às competições pode exigir uma readaptação ao volume de carga suportado pelo corpo de cada um. Por isso, deve-se monitorar de perto para reduzir o risco de lesões", alerta o fisioterapeuta.
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Além de prestar atenção nos atletas que permanecem, os clubes também precisam dedicar um cuidado especial àqueles que retornam dos compromissos com as seleções, dado que estes voltarão de uma sequência de partidas sem o mesmo tempo de recuperação dos demais. Segundo o profissional, a condição deve ser observada individualmente para avaliar o risco à integridade física de cada jogador.
"Os riscos são relevantes quando não há um controle adequado e uma gestão das cargas de trabalho durante esse período contínuo. Os atletas que representam seus países necessitam de uma atenção especial ao retornarem às atividades. Por isso, a comunicação entre clubes e seleções é fundamental para garantir uma organização eficaz e um entendimento individual das capacidades fisiológicas de cada atleta, criando um ambiente de trabalho seguro para todos", reitera Rodrigo.
Já para Flávia Magalhães, médica com 20 anos de experiência no esporte e que já trabalhou com clubes, CBF e Conmebol, os dois lados da Data FIFA exigem atenção dos clubes, tanto para recuperar atletas, quanto para gerenciar jogadores que estarão com as seleções.
"A parte positiva desse intervalo sem jogos é que ele permitirá aos atletas uma recuperação do desgaste físico acumulado durante a temporada e a realização de trabalhos preventivos, ajeitando mudanças identificadas nas avaliações que poderiam levar a lesões. Além disso, a comissão técnica terá mais tempo para aprimorar a parte tática e estratégica, visando potencializar o desempenho da equipe. Ainda será possível implementar atividades específicas que seriam inviáveis durante a maratona de jogos", ressalta a profissional.
"A principal desvantagem desta situação está relacionada à perda do ritmo de jogo. Alguns jogadores podem apresentar uma queda na motivação, e a retomada da intensidade típica de uma partida pode levar tempo. Além disso, há um acúmulo de cansaço, especialmente para atletas que viajam longas distâncias e enfrentam fusos horários diferentes. A sobrecarga também aumenta o risco de lesões, e a pressão das Eliminatórias pode afetar tanto a saúde mental quanto a física dos jogadores, que já lidam constantemente com o estresse e a demanda por alto desempenho", analisa Flávia.
Porém, a médica reitera que a situação é contornável sem grandes perdas para os atletas e clubes afetados: "Essa é uma realidade enfrentada pelos jogadores ao longo de toda a carreira profissional. Além disso, com os avanços em tecnologia e profissionalização, os trabalhos têm evoluído, o que ajuda a minimizar esses impactos", conclui.