preconceito

Atletas brasileiros afirmam ter sofrido racismo, intolerância religiosa e sexual

41% dos jogadores negros que atuam pelas principais competições brasileiras afirmam já ter sofrido preconceito racial

Por Jeovana Oliveira
Publicado em 01 de setembro de 2023 | 10:59
 
 
 
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Um levantamento realizado entre 508 profissionais do futebol brasileiro foi apontado um recorte nocivo sobre questões relacionadas a raça, religião, orientação sexual e origem. A iniciativa foi idealizada pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol, em parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Nike.

Os dados foram levantados entre os meses de julho e agosto de 2023, com atletas, comissão técnica, staff dos clubes e arbitragem – atuantes nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro masculino, além das Séries A1 e A2 do feminino da temporada atual.

A pesquisa aponta que 41% dos profissionais pretos assumem terem sofrido racismo ao exercerem suas atividades. Destes, 11,4% afirmaram que sofreram dentro de centros de treinamentos e concentrações.

Entre os 508 profissionais entrevistados, 4,23% declararam não ter religião específica, enquanto 5,08% se identificaram com candomblé e umbanda. Neste último percentual, 2,75% dos praticantes dessas religiões de origem de matriz africana afirma que sentem que suas crenças são respeitadas dentro do futebol.

No âmbito da orientação sexual, apenas 1% dos homens entrevistados se declararam homossexuais ou bissexuais. Segundo o levantamento, em comparação à representação de 8,5% na população brasileira da comunidade LGBTQIAP+, mostra que o impacto do medo de represálias, como achincalhamento público, perda de contratos e falta de oportunidades, reflete diretamente sobre a autenticidade das respostas.

Em relação às mulheres, dos 508 personagens, 28% são do gênero feminino, representando 142 pessoas. Desse número, 57% são atletas e 35% ocupam cargos como técnicas, assistentes, dirigentes, assessoria e equipe médica, também do futebol feminino. Apenas 8% delas atuam no futebol masculino, sobretudo nas áreas de comunicação e saúde. Em contrapartida, 18% dos homens trabalham nas divisões do Brasileirão Feminino em cargos diversos.

Preconceito racial

  • 41% dos profissionais do futebol são pretos
  • 53,9% dos ataques são oriundos de torcidas em estádios 
  • 31% dos ataques são oriundos de torcidas em redes sociais
  • 11,4% dos participantes afirmaram ter sofrido casos dentro de centros de treinamentos e concentrações

Intolerância para religiões de matriz africana

  • 4,23% dos entrevistados declararam não ter religião específica
  • 5,08% se identificaram com candomblé e umbanda
  • 2,75% dos praticantes dessas religiões de origem de matriz africana sentem que suas crenças são respeitadas no contexto do futebol

Orientação sexual

  • 1% dos homens entrevistados se declararam homossexuais ou bissexuais
  • 61% dos casos de homofobia relatados são diretamente cometidos pela torcida  
  • 36% pela adversária 
  • 25% da torcida do próprio time

Xenofobia

  • 21,06% dos participantes relataram ter sofrido xenofobia
  • 3% decidiram denunciar tal comportamento

Mulheres no futebol

  • ​28% são mulheres
  • 57% são atletas
  • 35% ocupam cargos como técnicas, assistentes, dirigentes, assessoria e equipe médica, também do futebol feminino
  • 8% delas atuam no futebol masculino, sobretudo nas áreas de comunicação e saúde
  • 18% dos homens trabalham nas divisões do Brasileirão Feminino em cargos diversos
  • 45% das pessoas que atuam nas Séries A1 e A2 do campeonato feminino são homens

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