A Arábia Saudita é um país de 35 milhões de habitantes no Oriente Médio. A trajetória da nação se confunde com a da Casa de Saud, a família real que comanda o país desde a sua unificação em 1932 por Abdal Aziz ibn Saud (daí o nome “saudita”).
Cinco anos após ele consolidar o poder da monarquia absolutista teocrática, descobriu-se petróleo na península. Uma reserva estimada hoje pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em 267 bilhões de barris (17% das reservas do planeta), além de 8,5 trilhões de metros cúbicos de gás natural. Sem falar em reservas de ferro, ouro e cobre. O que garante aos árabes um PIB de US$ 833,5 bilhões, de acordo com o Fundo Monetário Internacional.
Mas, o que sobra em petróleo, falta em água potável acessível. Ao longo de 2,25 milhões de km2, o país quase não tem rios perenes e as chuvas não passam de 70 mm ao ano – para se ter uma ideia, somente em janeiro deste ano, foram 460 mm em Belo Horizonte. Assim, 70% da água usada pelos sauditas vêm da dessalinização, a um custo estimado de US$ 3 milhões diários.
Abdal Aziz ibn Saud iniciou sua dinastia com 45 filhos (o número de filhas não é contabilizado, mas estima-se que não foram menos que 50), e hoje a família real tem 15 mil membros e uma fortuna estimada em US$ 1,4 trilhão, segundo a consultoria Brand Finance.
Isso equivale a 70% do PIB de todo o Brasil em 2022 e mais do que a riqueza da própria Arábia. Boa parte da fortuna vem das receitas da Aramco, companhia de óleo e gás. Somente a marca da empresa é avaliada em US$ 45 bilhões.
Apesar da abundância de membros da família real, a riqueza se concentra nas mãos de pouco mais de 2.000 pessoas.
O mais poderoso é Mohammad bin Salman, o príncipe de 37 anos que, de fato, governa o país há cerca de sete anos. Filho do rei Salman bin Abdulaziz Al Saud, ele abriu caminho para o poder prendendo os concorrentes diretos, como o tio Ahmed bin Abdulaziz e os primos Mohammad e Nawaf bin Nayef.
Em 2018, ele foi acusado em um relatório da CIA (agência de inteligência dos EUA) de ser o mandante da tortura e morte do jornalista opositor Jamal Khashoggi, sequestrado dentro da representação diplomática em Istambul, na Turquia.
Outro notável da família real é Alwaleed bin Talel Al Saud, chairman do Kingdon Holding Company – outra fonte da riqueza da Casa de Saud. Com US$ 14 bilhões em ativos, a holding tem participações em empresas como Citigroup, Deezer, Twitter, Uber e Four Seasons.
Os negócios da família permitem gastos extraordinários como a compra, em 2015, do Palacete Chateau Louis XV, em Paris, em 2015, por algo em torno de R$ 1,7 bilhões, além de iates, obras de arte e, como não esquecer, times de futebol.