Estreia na Netflix

Documentário sobre tragédia no Ninho do Urubu emociona e propõe reflexões

Obra em três episódios mostra detalhes de todo o processo com os olhares dos envolvidos antes, durante e depois do desastre que vitimou dez adolescentes em 2019 no CT do Flamengo

Por Frederico Jota
Publicado em 14 de março de 2024 | 07:30
 
 
 
normal

Um retrato direto, bem detalhado e, consequentemente, doloroso de uma das maiores tragédias da história do futebol brasileiro. "O Ninho: Futebol & Tragédia", documentário em três episódios que estreou nesta quinta (14), na Netflix, mostra o que poderia ter sido feito para ter evitado o desastre, como ele aconteceu e a relação das famílias das dez vítimas do incêndio no CT do Flamengo em todo o processo. Em fevereiro, se completaram cinco anos da tragédia. E muitas perguntas seguem sem respostas.

Os três episódios são relativamente curtos - o mais longo tem pouco mais de 40 minutos -, mas são intensos. Assim como a produção ouviu os relatos de alguns dos pais dos garotos, mostrou também como foi a cobertura dos profissionais de imprensa na época e o que pensam, pensaram, fazem e fizeram dirigentes e advogados. Com imagens reais e também dramatização do acidente, o relato emociona.

Estão lá os sonhos de todo moleque que quer se transformar em jogador de futebol, a dificuldade que é para chegar a treinar em um clube grande, as perdas desse processo e as alegrias das conquistas - para os atletas e para as famílias. Também estão os relatos de quem sobreviveu. São tocantes. Vanderlei Luxemburgo, que estava no início do processo de modernização do CT do rubro-negro, e Zico, maior ídolo da história do Flamengo, falam sobre estrutura e sonhos.

Os erros em todo o processo de utilização do contêiner, a negligência, a postura do clube em várias partes do processo, discutível em alguns pontos, mostram a visão mais crua do ocorrido. Assim como a dolorosa novela que foi parar no Ministério Público, virou CPI e discussões sobre indenizações. As respostas seguem sendo esperadas. Além de mostrar todo o intricado quebra-cabeças que se formou em torno do desastre, o documentário acende um sinal de alerta para que situações desse tipo não se repitam e que a trajetória dos meninos em formação no esporte possa ser repensada - mesmo que nenhum deles vá jogar no Maracanã algum dia.

O documentário foi produzido pela A Fábrica a partir da ideia original do UOL e desenvolvida por Pedro Asbeg, Renato Fagundes e UOL, com direção geral de Pedro Asbeg.

 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!