Jornadas de junho

'Elefantes brancos': gasto com estádios foi um dos estopins de protestos em 2013

Custos total para construção ou reformas de estádios para a Copa foram quase 50% maiores que o previsto; muitas das arenas ficaram subutilizadas depois

Por Frederico Teixeira
Publicado em 09 de junho de 2023 | 07:00
 
 
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Um dos principais estopins para os protestos intitulados de 'Não vai ter Copa", que chegaram ao seu auge naquele junho de 2013, foram os elevados custos de construção ou reforma dos 12 estádios escolhidos para sediar o Mundial de 2014, que custaram quase 50% a mais do que o previsto inicialmente.

Quando o Brasil foi confirmado como sede da Copa do Mundo de 2014 - e consequentemente da Copa das Confederações 2013 -, o planejamento inicial previa custos de R$ 5,7 bilhões com as obras de construção e/ou modernização dos estádios.

A intenção também era que a maior parte dos recursos fossem privados, em especial através das chamadas PPPs, parceria público privadas. Foi o que 'garantiu' na época, Ricardo Teixeira, então presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Na prática, nada disso aconteceu.

Ao final das contas, os gastos com os 12 estádios foram da ordem de R$ 8,384 bilhões, segundo o balanço final do Grupo Executivo da Copa 2014 do governo federal. 

Já a participação do investimento privado foi muito baixa, representando apenas 7,2% do valor total. Desta forma, os governos locais foram os que mais gastaram com as arenas da Copa, contribuindo com 47%. Os 45,8% restantes foi fruto de financiamento federal, principalmente do BNDES. 

Estes fatores foram os que geraram ainda mais críticas dos manifestantes, que consideravam que o país tinha outras prioridades em áreas fundamentais e não deveria utilizar tamanha verba pública para a realização do evento.

Entre os 12 estádios, o Mané Garrincha, em Brasília, o Maracanã, no Rio de Janeiro, e o Itaquerão, em São Paulo, foram os três estádios mais caros, correspondendo juntos a 42% dos 8,384 bilhões. (confira na arte)

Já os estádios que demandaram menos custos foram o Beira Rio, em Porto Alegre (R$ 330 milhões), e a Arena da Baixada, em Curitiba (R$ 391,5 milhões).

Dos estádios construídos no modelo PPP, o Mineirão, aqui em Belo Horizonte, foi o único que acabou tendo um gasto superior ao previsto inicialmente.

Subutilizados

Além do alto custo em si da reforma dos estádios, também pesou para os protestos o fato de que boa parte deles estão localizados em centros que geralmente não contam com equipes nas divisões principais do futebol brasileiro.

Assim, terminada a Copa, algumas dessas arenas passaram a ser completamente subutilizadas. E nas vezes em que sediavam jogos locais, recebiam um público infinitamente inferior ao de sua capacidade.

É o caso, por exemplo, do 'líder' nos gastos, o Mané Garrincha, que sozinho custou R$ 1,4 bilhão. Como as equipes locais não disputam as Séries A ou B do Brasileirão, a alternativa encontrada mais recentemente para tentar ao menos evitar os prejuízos operacionais, foi sediar jogos de equipes de outros estados. 

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