Auxiliar técnico

Fluminense: Marcão fala sobre pressão antiga e explica papel em volta de Marcelo

Colega de time quando Marcelo começou no Fluminense, o ex-volante Marcão, hoje auxiliar técnico do Fluminense, teve papel importante no retorno do lateral

Por Agências
Publicado em 10 de março de 2023 | 12:37
 
 
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Marcelo será apresentado pelo Fluminense para a torcida nesta sexta-feira (10), no Maracanã.  De volta ao Rio de Janeiro depois de 17 anos, o lateral teve lobby de um antigo conhecido pelo retorno: Marcão, auxiliar permanente no time tricolor e ex-companheiro nos tempos de garoto.

Marcão e Marcelo jogaram juntos entre 2005 e 2006, quando o ainda jovem lateral subiu para o profissional. No total, foram 33 partidas, incluindo a da estreia do camisa 12, diante do Vasco.

O lateral-esquerdo ficou somente um ano no time principal do Fluminense e foi vendido ao Real Madrid. Marcão relembrou a pressão pela venda. Na época, o clube vivia situação financeira complicada.

"O Flu não passava um bom momento, teve a dificuldade em relação a pagamentos. Sempre aparecia proposta para o Marcelo. O clube todo querendo vender, falando 'vai embora, Marcelo'. A gente sempre mais perto, cuidando dele. Até os jogadores falavam isso no treino porque era um bom dinheiro, ajudava a resolver os problemas do clube no momento. O Marcelo sempre foi muito focado. É brincalhão, tem a alegria, mas sempre foi determinado. Teve uma proposta da Rússia que era absurda e resolvia a vida dele. Naquele momento, a Rússia estava pagando muito bem, até falei isso para ele. Passava um ano e ele voltava, ainda brinquei. Mas ele falou 'não, meu coração está dizendo para segurar mais um pouquinho'", disse Marcão à reportagem.

"Quando ele falou isso, eu disse que estava fechado com ele. Vamos no presidente dizer que não vai. O clube deu uma balançada, mas o caminho já estava sendo desenhado. Logo depois, ele foi convocado para a seleção brasileira e apareceram outras oportunidades. Acho que o Sevilla, da Espanha, também esteve atrás. Logo depois o Madrid. Quando ele voltou do exame na Espanha já foi com aquela camisa 6 maravilhosa, na época era esse número. Tenho guardada até hoje na minha casa, porque ele me trouxe de presente", falou Marcão.

IMPORTANTE NA CHEGADA

Não foi só o esforço da diretoria que levou Marcelo a optar pela volta ao Fluminense, Marcão também teve papel importante.

O auxiliar foi diversas vezes à Europa e visitou o lateral, com quem tem relação muito próxima. Marcelo o chama de "paizão" e o ex-volante sempre se refere a ele como "filhão".

"A gente sempre fala quando o ano vira 'vem ser feliz aqui'. Até mesmo antes de ir para o Olympiacos. Mando mensagem, vem sorrir, passar um ano com a gente. Falo para vir ser campeão da Libertadores. Sempre colocamos uma sementinha. Tem uma hora que ele veio. Mas nos falamos no dia a dia. É uma pessoa preocupada com o Fluminense, com o que está acontecendo. Passamos como é o ambiente, o trabalho do presidente, como é com o Paulo Angioni, o Fred, os trabalhos do treinador. Passo isso para eles. Eu falei que daria para vir, que só agregaria. O clube é maravilhoso, energia maravilhosa. O Marcelo tem mercado no mundo todo. O Cristiano (Ronaldo) acho que tinha convidado ele para ir ao clube que está. Ele escolheu o Fluminense. Ficamos felizes. Vamos fazer de tudo para que realmente ele seja feliz e tenha sucesso", diz Marcão.
A relação dos dois foi construída desde os primeiros passos de Marcelo no profissional.

Na época que subiu, o lateral recebeu grande apoio de Marcão. O ex-jogador atuou pelo Fluminense entre 1999 e 2005 e depois em 2005 e 2006.

"Eu sempre tive muito cuidado com os meninos que vinham subindo. A minha época era mais dura. Eu subi de divisão do Bangu, tive um ano de juniores e subi para o profissional. Peguei uma turma mais pesada, mas me abraçaram. Fiquei com aquilo na cabeça. Quando cheguei ao Fluminense após alguns anos, também peguei o Jorginho, que me botou debaixo do braço. Entendi que aquilo me fazia bem e pensei que faria o mesmo com os meninos que subissem. Tem uns que a gente tem que fazer um estímulo mais forte, outro tem que abraçar. É isso que que a gente tentou fazer, entender aquele menino, o que ele estava precisando. Foi legal para caramba ouvir que ele passou isso para frente", afirma Marcão.

VEJA OUTRAS RESPOSTAS DE MARCÃO:

Como vê a volta do Marcelo?
"É de grande importância. Temos que dar mérito ao nosso presidente. Só fiz a parte de colocar os dois para se falarem. O trabalho deles [presidente, Fred e Angioni] é incrível. Causa um impacto mundial absurdo. O Fluminense está sendo falado no mundo todo por causa do Marcelo. Um cara que ganhou tudo e escolheu o Flu. O Lelê, por exemplo, olha e pensa que o clube está montando uma grande equipe, com objetivo de ganhar grandes competições. Isso traz outros jogadores. É um impacto muito grande, que valorizou muito tanto o Marcelo quanto a nossa marca."

Alguma história marcante com o Marcelo?
"Eu e Marcelo sempre tivemos muitas brincadeiras, muita alegria. Teve um gol no momento que a gente estava sendo eliminado em uma competição sul-americana. Fizemos um jogo contra o Botafogo no Maracanã e no último minuto o Pet fez um lançamento para mim. Eu fiz um drible e até brinquei, falaram 'não era o Marcão ali'. O pessoal fala que o gol de bicicleta foi o mais bonito, mas não foi bem esse. Dei um corte em um zagueiro, fiz a bola colocada no canto do goleiro e levamos para os pênaltis, acabamos ganhando. Quando fui para o canto comemorar, o primeiro que estava lá foi o Marcelo. Temos isso guardado, lembramos quando estamos em família. Uma das últimas partidas que fizemos juntos."

Como ficou a relação de vocês?
"A gente sempre se fala. Às vezes estamos juntos no final do ano. Criamos uma amizade verdadeira, nos tornamos família. Quando tive a oportunidade de ir em Madri, foi maravilhoso, ele me apresentou a todo mundo lá. Falou que fui um dos responsáveis por ajudar dentro do Fluminense. Sempre nos falamos, torcemos, vibramos e comemoramos as vitórias. Sempre foi firme e passou por momentos de aperto com a gente. Ele teve tudo, ganhou tudo e não mudou a maneira de ser. É o mesmo que saiu daqui. Fizemos de tudo para que ele voltasse. Sabíamos que ele seria muito bem recebido. Nosso torcedor ama de paixão ele. Ele viu isso e fará de tudo para conseguir as vitórias. Tem muita coisa para passar para a gente, para os nossos meninos. Então, eu tenho certeza que ele vai contribuir muito com a gente e da mesma forma vai aprender muito aqui. Esteve com os melhores treinadores do mundo, mas se coloca à disposição de aprender."

Lembra dos primeiros contatos quando ele chegou ao profissional?
"Marcelo e Lenny subiram juntos e a gente pensou que nos ajudariam demais. Dois talentos, o Lenny na posição dele e o Marcelo na lateral. Mas sempre soubemos que o Marcelo daria um passo a mais. Tamanha habilidade, magia que ele tinha. Falei hoje que tive a oportunidade de jogar com o Marcelo e é impressionante como a gente já fazia leitura de quanto esse menino ia longe. Eu lembro até nos jogos que ele com essa habilidade toda, com essa genialidade, eu falava 'filhão, vai embora que eu seguro, dou meu jeito. Pode ir, garante lá nosso bicho lá na frente'. E sempre foi assim. Fora de campo a alegria em pessoa, valoriza a família também." (Luiza Sá - Folhapress)

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