FUTEBOL

Garra e força para realizar sonhos de infância

Zagueira do Paris Saint-Germain, Daiane supera dificuldades e infância pobre para disputar a Copa do Mundo da França

Por Josias Pereira
Publicado em 20 de junho de 2019 | 08:00
 
 
 
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Zagueira do Paris Saint-Germain supera dificuldades e infância pobre para disputar a Copa do Mundo da França. Nascida em Londrina, Daiane foi criada em Uberlândia, ao lado dos 22 irmãos, que estão vibrando com seu sucesso em gramados franceses.

Quando a comissão técnica da seleção brasileira anunciou o corte da experiente zagueira Érika, do Corinthians, da Copa do Mundo da França por conta de uma lesão no músculo sóleo da panturrilha esquerda, uma porta se abriu para Daiane, a filha de número 12 da dona Edleuza e do seu José Carlos, moradores do bairro Custódio Pereira, em Uberlândia. A dona de casa e o motorista são os orgulhosos pais de 23 filhos, mais do que dois times de futebol. Acertar da primeira vez o nome de todos os irmãos é um desafio e tanto. “Faltou um, mas já vou verificar e ver quem está faltando”, diz Adriana Silva Medeiros, 26 anos, atendente e uma das orgulhosas irmãs, a sétima na ordem, de Daiane, em entrevista ao SUPER.FC.

Passados alguns minutos, a conta é checada, e todos os nomes são ditos. José Roberto, Flávio, Magno, Lucas (e são dois), Erick, João Vitor, Carlos Eduardo, Mateus, José Andrade, Manoel, Joana Darck, Ana Paula, Ana Flávia, Adriana, Solange, Luana (duas vezes), Janaína, Ana Júlia, neta registrada e cuidada pela família, José Augusto, outro neto que mora com os avós, Jairo e a estrela da família: Daiane. Ufa! A escalação está completa.

“Viver em uma casa de 23 irmãos é simplesmente saber que você nunca esta só e que sempre terá alguém para brincar com você (risos)”, conta Adriana. “Mas cada novo filho que nascia era um novo amor”, ressalta a atendente.

Mas, além do amor, uma coisa vem unindo ainda mais a família nesses últimos dias: os jogos da seleção feminina. Na primeira partida, contra a Jamaica, quando Daiane entrou em campo, a explosão na casa humilde da família foi imediata. Quando o apito final foi ouvido em Grenoble, um pedacinho no Brasil não segurou a emoção. A filha e irmã querida por todos estava lá. “Esse sempre foi o sonho dela desde criança, mas nunca foi fácil, pois meus pais não tinham condições para colocá-la em alguma escolinha. Mas ela nunca desistiu. Jogava muito nas ruas, com os amigos na escola, até que um dia Deus colocou um anjo na vida dela chamado Wender, que a viu jogando e pagou as mensalidades da escolinha do Flamengo, aqui em Uberlândia, onde ela começou a ter várias oportunidades de fazer peneiras e conhecer outros clubes”, recorda Adriana.

Partiu Europa

Do Triângulo Mineiro à Europa foi um pulo. Daiane foi parar na Noruega. O reconhecimento do esforço. Há também a saudade daquele ambiente tão próximo, tão barulhento, mas tão caloroso. Tudo valeria a pena. “O primeiro clube dela fora do Brasil foi Avaldsnes, na Noruega. Para nós, da família, foi maravilhoso, mas o coração ficava apertado. A saudade era grande. Apesar de a gente se falar todos os dias por chamada de vídeo, nada se comparava ao carinho e abraço. Mas vê-la ganhando o mundo é e sempre será nosso maior orgulho”, diz Adriana.

Paris Saint-Germain, Neymar e Marta

Camisa 3 da seleção de Vadão, Daiane conquistou o mundo. Foi jogar no PSG feminino, conheceu Neymar e, principalmente, realizou um outro sonho que sempre guardou no coração. “Ela sempre falava para meus pais e para as amigas: ‘Um dia vou jogar com a Marta. Vocês vão ver’. Hoje esse sonho se tornou realidade. Meu coração, da minha família e de amigos quase explodem de tanta alegria ao ver ela jogando com a Marta”, conta Adriana, sem se esquecer da generosidade de muitas pessoas que ajudaram a família na chegada à Uberlândia.

Daiane nasceu em Londrina (PR), e a família passou por muitas dificuldades quando chegou ao Triângulo Mineiro. História de uma guerreira brasileira, que tenta mostrar na França o valor de toda uma nação. Daiane joga não só por ela, mas pela numerosa família, que sempre confiou em seu potencial.

Batom da discórdia

Polêmica

Com seis patrocinadores oficiais, a Fifa não permite que outras marcas sejam exibidas durante seus eventos esportivos. Por isso, o batom escuro utilizado pela atacante Marta na vitória de 1 a 0 contra a Itália, na última terça-feira, vem gerando polêmica. Após a partida, ao ser questionada, Marta citou o nome da fabricante e gerou um mal-estar na cúpula da entidade, que ainda não se pronunciou sobre o fato.

Regra

A jogadora é patrocinada pela Avon, mas não havia tocado no nome da marca até ser perguntada após o jogo. É nessa tecla que bate o empresário da jogadora, Fabiano Farah. “Em nenhum momento a Marta arquitetou ou provocou qualquer ação para com o endosso direto de uma determinada marca ou produto. O uso do batom é um direito de âmbito pessoal de uma atleta fazer uso ou não”, disse o empresário em defesa da jogadora.

Atitude

O que pesa contra a jogadora é que, ao responder a pergunta do jornalista, ela falou o nome, na cor e ainda esfregou os lábios na câmera na tentativa de mostrar que o batom não sai fácil. Logo em seguida, a marca postou um anúncio nas redes sociais. “Nossas garotas deram show, e o batom Power Stay também marcou um golaço! Fiquem de olho que em julho ele vem aí”. Em caso de culpa, a jogadora não será punida, mas, sim, a empresa de cosméticos.

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