Campeonato Mineiro

Interior começa a remontar times às pressas

Enquanto os clubes da capital já treinam há quase dois meses, clubes do interior iniciam processo de recontratação após definição de retomada do Estadual no dia 26 de julho

Por Thiago Nogueira*
Publicado em 08 de julho de 2020 | 07:00
 
 
 
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Com a confirmação da data de reinício do Campeonato Mineiro para o dia 26 de julho, os times do interior de Minas correm contra o tempo para remontar suas equipes. Serão menos de 20 dias de preparação. Enquanto os grandes da capital já treinam há quase dois meses, os pequenos viviam clima de indefinição, já que não valeria a pena – financeiramente – manter os contratos ativos dos atletas durantes a paralisação das competições provocada pela pandemia do novo coronavírus. Os torneios de futebol foram suspensos em todo o país em meados de março.

Apenas Boa Esporte e Tombense (atual vice líder), que disputam a Série C do Campeonato Brasileiro, ou seja, têm calendário para o segundo semestre, já tinha retomado às atividades, mantendo parte do elenco. Mas, no fim das contas, algumas equipes vão acabar refazendo seus elencos para disputar apenas as duas rodadas que restam para o fim da primeira fase.

Cada clube tem sua estratégia. " Vamos verificar com atletas da nossa região mesmo para completar o time. Não é fácil para URT, para nenhum time do interior, mas temos que completar esses dois jogos e virar essa página", destacou a presidente do time de Patos de Minas, Maria Isabel Pimenta.

Com a pontuação que têm e por estarem no meio da tabela, URT (oitavo), Uberlândia (sétimo) e Patrocinense (sexto) não correm mais risco de rebaixamento. Eles brigam apenas por vaga no Troféu Inconfidência, torneio inicialmente pensado para para dar mais calendário aos times do interior.

Preocupações regionais

A reunião entre os 12 clubes e a Federação Mineira de Futebol, na terça-feira (7), descartou a alternativa de se fazer os jogos numa sede única, no caso, Belo Horizonte. Restará, agora, a autorização das secretarias locais de saúde para a retomada da prática esportiva. Os clubes se comprometeram a seguir os protocolos estabelecidos.

"Estamos em contato com o prefeito Odelmo (Leão). Vamos lutar muito para mandar os jogos com todas as medidas de segurança possíveis no Parque do Sabiá", ponderou o presidente do Uberlândia, Flávio Gomide.

 

A cidade do Triângulo é uma das mais afetadas pela pandemia. O boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES) registra até esta terça-feira 7.736 casos confirmados e 122 mortes em Uberlândia, a segunda com mais registros em Minas atrás apenas da capital Belo Horizonte.

Juiz de Fora, na Zona da Mata, cidade-sede do Tupynambás, também é um dos epicentros da epidemia no Estado, com 2.202 casos e 58 mortes. Lanterna, com apenas três pontos em nove jogos, o Baeta corre sério risco de queda, assim como o Villa Nova, penúltimo, com quatro pontos. Os dois clubes foram os únicos entre os 12 a votar contra a retomada do Estadual no dia 26 de julho.

Presidente do Leão, Márcio Botelho promete ir à Justiça. "A FMF impôs essas datas. O Villa Nova vai tomar medidas judiciais para fazer valer seus direitos. O município de Nova Lima não está liberado para a prática esportiva. E aí? Eu vou mandar jogo em Uberlândia? Lá em Varginha? E os custos? Quem vai arcar? A FMF não vai ajudar em nada", questionou. Também na briga contra o descenso, o Coimbra, mantido pelo Banco BMG e com mais estrutura, já volta a treinar nesta quarta-feira (8).

Quarto colocado e na briga direta pelo G-4, a Caldense, assim como o Villa Nova e Tupynambás, têm vaga para a Série D do Brasileiro, mas a CBF ainda não sinalizou quando a competição retorna, ao contrário das Séries A, B e C que recomeçam em agosto.

Os contratos dos atletas da Veterana venceram no dia 26 de abril e eles foram dispensados. A Caldense, no entanto, possui uma parceria com um grupo de empresários do interior de São Paulo, que vão auxiliar na remontagem do elenco.

*Colaboraram: Geremias Sena, Fernando Martins y Miguel, Isabelly Morais e Pedro Abílio

PALAVRA DOS CLUBES

América - Paulo Bracks, diretor de futebol

"Participamos da reunião e foi confirmada a data de retorno para o dia 26 de julho, com encerramento da primeira fase no dia 29. O América sempre se posicionou que, para o campeonato ser legitimado, deveria ser resolvido dentro de campo. Isso vai acontecer, para o bem do futebol, sem que não nos descuidemos da saúde neste momento tão delegado, com o cumprimento de todos os protocolos médicos. A expectativa está grande e esperamos terminar bem e começar bem a Série B, prevista para o início de agosto"

Atlético - assessoria de imprensa

O clube informou apenas que votou a favor do retorno no dia 26 de julho.

Caldense - nota oficial

O contrato de todos os jogadores da Caldense terminou no dia 26 de abril e a diretoria optou pela não-renovação para conter gastos. Contudo a Veterana ainda possui a parceria com um grupos de empresários do interior de São Paulo, os quais gerenciam vários atletas que integravam o elenco alviverde. Todos tem treinado em casa desde que a competição foi paralisada e a grande maioria deve retornar ao Verdão para a sequência do Estadual, bem como a comissão técnica.

A Caldense enviou um projeto ao comitê gestor extraordinário de combate ao coronavírus de Poços de Caldas solicitando autorização para voltar aos treinos no Ninho dos Periquitos, seguindo o protocolo estabelecido pela CBF e uma série de cuidados com a saúde dos profissionais envolvidos. O clube aguarda a aprovação do Comitê Covid-19 para definir a data de retomadas das atividades no Centro de Treinamento.

Cruzeiro - nota oficial

O Cruzeiro Esporte Clube mantém sua posição favorável ao retorno das competições, desde que todos os protocolos de segurança sejam seguidos e haja a garantia de preservação da saúde não só dos atletas, como de todos os demais envolvidos. O Clube ainda informa que acompanha ativamente todas as discussões sobre a retomada dos campeonatos e torce para que o retorno aconteça de maneira segura

Coimbra - Hissa Elias Moysés, diretor do clube

"As resoluções se deram por votação. Não temos, diante disso, do que reclamar. Iniciamos amanhã a preparação"

Uberlândia - Flávio Gomide, presidente do clube

Os clubes votaram e o dia 26 de julho foi escolhido. A sede única em Belo Horizonte traria altos custos a todos os clubes, mas não chegamos a um acordo viável. Vamos retornar, se Deus quiser, no dia 26. Estamos em contato com o prefeito Odelmo (Leão). Vamos lutar muito para mandar os jogos com todas as medidas de segurança possíveis no Parque do Sabiá, contra o Villa Nova.

URT - Maria Isabel Pimenta, presidente do clube

"A data do dia 26 foi colocada em votação para os 12 clubes. E, conforme o arbitral, os clubes têm a sua pontuação e peso de voto. Os clubes retornam no dia 26. Agora é trabalhar, correr contra o tempo. Não tenho hoje nenhum atleta no clube. Temos que conversar com os que jogaram conosco em 2020, que tem o interesse de voltar e jogar esses dois jogos que restam. O clube que ficar de quinto a oitavo ainda tem dois jogos pela frente (Troféu Inconfidência). Vamos correr contra o tempo. Temos uma comissão técnica da nossa cidade. O Jonathan Alemão vai comandar como treinador. Vamos verificar com atletas da nossa região mesmo para completar o time. Não é fácil para URT, para nenhum time do interior, mas temos que completar esses dois jogos e virar essa página, já pensando em 2021. Concordo com o término dentro do campo"

Villa Nova - Márcio Botelho, presidente do clube

"Houve uma imposição de datas: ou dia 26 ou dia 29. Não houve discussão. A FMF impôs essas datas. O Villa Nova vai tomar medidas judiciais para fazer valer seus direitos. O município de Nova Lima não está liberado para a prática esportiva. E aí eu vou mandar jogo em Uberlândia? Lá em Varginha? E os custos? Quem vai arcar. A FMF não vai ajudar em nada. Ela deu somente um tapinha nas costas. O Villa Nova já está se preparando para a Série D, mas e os clubes que estão parados? Que já liberaram seus atletas? Que vão colocar time semi-amador nos jogos? O Tupynambás, por exemplo, não voltou a treinar. Serão menos de 20 dias para montar o time e voltar a treinar. O Villa Nova vai discutir essa pauta. E discutiremos isso na Justiça"

NOTA. O Super.FC não conseguiu contato com Tombense, Patrocinense, Tupynambás e Boa Esporte até o fechamento desta reportagem.

 

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