Negociação

Mineirão oferece descontos para jogos sem público em troca de contratos longos

Concessionária está disposta a subsidiar custos para partidas de portões fechados desde que Cruzeiro e Atlético assinem contratos de fidelidade por mais tempo

Por Thiago Nogueira
Publicado em 30 de junho de 2020 | 08:15
 
 
 
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Quanto vai custar um jogo de portões fechados no Mineirão? A reposta é: depende. Principal casa do futebol mineiro, o Gigante da Pampulha se coloca à disposição de Cruzeiro e Atlético para quando o futebol for retomado. Como nenhum dos dois clubes têm contrato com a administração do estádio atualmente, o preço da cessão de uso vai depender das pretensões dos rivais de aproveitar ou não o Mineirão como casa no pós-pandemia.

"O custo para jogos sem torcida depende dos contratos que os clubes vão fazer. A gente entende que possa ter uma cessão de espaço na casa entre R$ 15 mil e R$ 20 mil, mas hoje nenhum dos clubes tem contrato de longo prazo com o Mineirão, nem Cruzeiro, nem Atlético. Eles optam jogo a jogo. Se houver o interesse de um contrato a longo prazo, esse custo pode ser irrisório para os clubes pagarem neste momento de crise", explica o diretor comercial da Minas Arena, Samuel Lloyd.

A concessionária está aberta a negociações e disposta a colaborar com os clubes desde que tenha garantias de que o Mineirão será a casa de Cruzeiro, Atlético ou de ambos, quando a presença de público for autorizada pelas autoridades de saúde.

"Mesmo num momento de pandemia, o custo para jogar no Mineirão pode ser com investimento da gestora para viabilizar esses jogos (sem público), entendendo que, a longo prazo, tenha a possibilidade de uma parceria muito maior", ressalta Lloyd.

O Mineirão usa o próprio "rival" de mercado para barganhar os acordos. Último jogo no Independência antes da quarentena, em março, Cruzeiro x Coimbra, já disputado com portões fechados, custou cerca de R$ 60 mil, segundo o borderô da partida. "Tenho certeza que o custo de portões fechados no Mineirão seria pelo menos 25% mais barato (do que o custo apresentado no Independência). As pessoas falam sobre custos sem saber e sem consultar a própria Minas Arena. O Mineirão é um estádio extremamente competitivo", pondera o diretor comercial do Gigante.

Para Lloyd, há uma falsa impressão de que jogar no Mineirão é mais caro do que no Independência. "O Mineirão só é mais caro em números absolutos em comparação com estádios de Minas Gerais porque ele é maior. Um jogo para 60 mil tem uma operação muito maior do que para 20 mil. Quando você faz a conta de custo por torcedor, o Mineirão é imbatível. Com 50 mil torcedores, o custo do Mineirão é da ordem de R$ 5, R$ 6 em jogos do Cruzeiro", pondera.

Cenários

Casa do Cruzeiro desde a reformo do Mineirão, em 2013, o clube celeste tem uma dívida de R$ 47 milhões com a Minas Arena. O valor que pode cair para R$ 19 milhões conforme proposta apresentada pela própria administradora, que abre mão de juros e correções por um contrato de fidelidade de dez anos e quitação da dívida ao longo do tempo. O acordo ainda não foi fechado porque a Raposa não quer bancar 100% dos custos de suas partidas (aceitaria arcar com 70%, como era antes de quebrar o contrato).

O presidente Sérgio Rodrigues e o diretor comercial do Mineirão, Samuel Lloyd, se encontraram na semana passada para uma primeira conversa depois do processo eleitoral celeste. Em meio a isso, também na semana passada, o deputado estadual Douglas Melo esteve com o mandatário celeste na tentativa de convencê-lo de jogar na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, com custos na casa dos R$ 10 mil por partida.

O Cruzeiro ainda tem um agravante quando a Série B voltar porque, mesmo depois que as partidas com a presença de público foram autorizadas, o clube terá que cumprir cinco jogos de punição sem torcida por causas dos incidentes nas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro do ano passado.

Seguindo essa mesma linha do Cruzeiro, o Atlético também vai olhar os custos para saber onde será melhor jogar no período de partidas com portões fechados. Antes da pandemia, o clube indicava o retorno definitivo ao Mineirão, no intuito de potencializar seu programa de sócios. Mas agora, sem poder contar com seu torcedor de perto, o Independência volta a ser opção. O Super.FC apurou que os jogos de portões fechados no Horto custariam na faixa de R$ 15 mil, valor não confirmado pela concessionária Luarenas e menor do que consta no borderô de Cruzeiro x Coimbra.

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