O elenco do Sada Cruzeiro seguiu sendo um dos mais fortes do país para a temporada 2021/2022. Ter conquistado cinco títulos em seis torneios disputados não deixa dúvidas sobre a capacidade, qualidade e talento de cada um na nova trajetória de sucesso. A diretoria manteve a receita dos últimos anos, mantendo a base e fazendo trocas pontuais e necessárias, facilitando o trabalho dos jogadores e também da comissão técnica.
Mesmo ciente do que cada jogador poderia render, fazer a parte coletiva funcionar seria fundamental. A engrenagem em dia passaria pela eficiência de Filipe Ferraz, o novo treinador que tinha ao seu dispor jogadores que, até outro dia, eram seus colegas dentro das quatro linhas. A receptividade do elenco foi primordial para Filipe desempenhar bem seu trabalho e colocar tudo que queria nos treinos, com o resultado aparecendo nos jogos.
O levantador Cachopa chegava para a temporada com a bagagem de ter participado de uma Olimpíada, tendo como meta ser o titular na armação do time em uma final de Superliga pela primeira vez. Com a desconfiança da torcida, que esteve presente na primeira temporada do atleta como dono da posição, bem longe, ele comandou bem a distribuição das bolas e ratificou sua condição de referência do time. O bom desempenho do levantador só foi possível com uma linha de passe eficiente. O ponta Rodriguinho e o líbero Lukinha foram os maiores responsáveis por 'arredondar' o caminho das bolas cruzeirenses no chão adversário. Tudo começava ali para terminar em pontos.
Cachopa, com o passe na mão, tinha tranquilidade para escolher bem suas várias opções na rede ou no fundo de quadra. Os centrais foram usados com primor, com Isac e Otávio correspondendo bem nas bolas rápidas.
Nas extremidades da rede, nada além de dois dos maiores atacantes do mundo. O oposto Wallace, sem o mesmo vigor físico de outros anos, compensou com sabedoria, experiência e muita categoria. O jogador de 35 anos deu aulas de como explorar o bloqueio adversário, nunca deixando de usar a paralela como sua principal arma. Os ataques curtos, antes da linha dos três metros do outro lado, seguiram sendo usados sempre que um buraco aparecia na quadra oponente.
Na entrada de rede, López foi um tormento para as defesas. Nos ataques de fundo, ele mostrou-se praticamente imparável, parecendo estar na rede em bolas fulminantes. Sendo caçado no passe, seu principal ponto de melhoria, ele conseguia compensar em ataques de bola alta. "Esse período no Sada Cruzeiro tem sido importante. Evoluí como jogador, especialmente no passe. Era de mais finalizações, agora tenho trabalhado também na construção de jogadas. E esta evolução afetou outros fundamentos, como saque, bloqueio e ataque. Apesar de tudo que já aprendi, sinto que ainda posso evoluir mais", comenta López.
A insistência por enfrentar os bloqueios foi dando lugar a uma habilidade para saber o momento certo de usar toda sua força física. Em boa parte do campeonato, López não deu chances para o paredão do outro lado da rede encontrá-lo. O saque foi uma arma de suma importância do cubano. Não seria exagero dizer que o Cruzeiro contou com ataques do caribenho vindos do lado de fora da quadra. Serviços a 120km/h foram uma constante do jogador, que desbancou recepções das mais diferentes formas, confirmando seus status de pontuador nato.
Elenco
Filipe rodou o grupo quando as situações permitiram. De uma forma geral, o sexteto titular, ao lado de Lukinha, não sofreu muitas alterações. Quando lesões e desgastes apareceram, Filipe não pensou duas vezes antes de preservar suas principais peças e dar rodagem para outros nomes que tiveram sua importância.
Os jovens Rhendrick e Oppenkoski não comprometeram nas inversões, tendo na temporada uma grande oportunidade de crescimento e afirmação. Cledenílson substituiu bem os colegas de meio de rede e Lucas Lóh esteve sempre à postos para dar consistência no fundo de quadra. Jovens como Bauer e Rech atenderam aos chamados do professor quando necessário, cientes de que, a cada temporada, devem ganhar mais minutagem e espaço no elenco celeste.