Por mais que toda conquista seja única e suada, a sétima taça da Superliga do Sada Cruzeiro, confirmada neste domingo (8), no ginásio Sabiazinho, em Uberlândia, teve suas particularidades para se tornar emblemática. Seria importante voltar a conquistar a taça nacional depois de três temporadas fora da decisão. O time precisava dar esta resposta dentro de quadra para ratificar sua condição de potência nacional. 

A última presença azul na final da Superliga se deu em 2018, fazendo a torcida sentir saudades do seu time no momento crucial da temporada. Era ali que o time deveria estar e a presença foi retomada em uma trajetória com alguns tropeços que se tornaram aprendizados. O saldo de cinco títulos em seis torneios disputados na temporada não deixa dúvidas sobre o tamanho do novo feito celeste. 

Nas outras Superligas, o Cruzeiro acostumou sua torcida a fechar a fase de classificação na liderança isolada e até confirmada com boa antecedência. Com isso, o então técnico Marcelo Mendez rodava o elenco, dando chances para os reservas, preservando os titulares, ciente de que o posto mais alto da tabela já era azul.

Na atual temporada, o Cruzeiro viu o filme ser diferente. Na sua frente, o maior rival, Fiat Gerdau Minas, justamente o adversário da decisão, definida em três jogos. As oscilações em um ou outro momento fizeram o Cruzeiro correr atrás do Minas para seguir brigando pela liderança do começo ao fim. Mirar o topo parece ter sido um combustível e motivação para o grupo azul, que sempre perseguiu tal meta. 

O aproveitamento e a consistência do Minas foram maiores, com o time da Rua da Bahia fechando a fase de classificação na primeira posição com méritos. O significado disso seria o rival com mando de quadra em possíveis dois dos três jogos da decisão, isso em caso de clássico no momento mais importante da Superliga.

O poder de definição cruzeirense cresceu na hora mais importante, fechando a partida decisiva em 3 a 0. Quando mais precisava, o time correspondeu em quadra e não deu chances para novos altos e baixos virarem castigos e lamentações.

Derrotas por 3 a 1 para ligar o sinal de alerta
A trajetória dentro da Superliga masculina foi gradativa e com alguns percalços. A desconfiança chegou a aparecer na 6ª rodada, quando uma imprevista derrota, em casa, para o Sesi (SP) por 3 a 1, fez o sinal de alerta ser aceso. Não era comum um revés em casa, ainda mais diante de uma equipe de menor investimento.

Ali, o Cruzeiro caiu para a terceira posição, um lugar na tabela que a torcida dificilmente se deparou nos últimos anos. Duas rodadas depois, novo revés, agora para o Minas, pelo mesmo placar, com pontos ficando pelo caminho e vendo o adversário abrir vantagem. Estava claro que melhorias eram necessárias, aquele não era o Sada Cruzeiro que muitos gostariam de ver.

Mas nada como o tempo e o trabalho para novos rumos na temporada.
A insistência pela perfeição fez a equipe ter um outro caminho na maior competição do país, acumulando seguidas vitórias para encostar no rival. O Minas, apesar de somar o mesmo número de derrotas após 22 jogos, foi beneficiado por ter sido derrotado, em uma das oportunidades, no tie-break. 

Com os ajustes feitos e uma sequência pra motivar, o Cruzeiro foi com tudo para a fase final. Quando parênteses na Superliga precisaram aparecer, para a disputa do Sul-Americano e Mundial, o time celeste ganhou as forças que precisava para saber que seguia entre os melhores times do mundo. Vencer os dois torneios internacionais não deixou dúvidas que o Sada seguia sendo temido, com a certeza de que daria muito trabalho para quem aparecesse no seu caminho.

Nas quartas de final, foi inevitável não se lembrar do passado recente, quando a eliminação para o extinto Vôlei UM Itapetininga (SP) aconteceu na Superliga anterior. A maior zebra da história da Superliga não se repetiu, com o Cruzeiro enfrentando o mesmo adversário (agora com novo nome, São José, e sede) e sendo impiedoso para fechar a série em dois jogos.

Na semifinal, um sofrimento desnecessário contra o Sesi (SP), no jogo 1, em casa. Bolas não aproveitadas fizeram o jogo ir para o tie-break, quando os paulistas abriram 6 a 1 na parcial. A apreensão no Riacho se transformou em euforia com uma virada, com o time sendo carregado pela torcida. No jogo 2, nada de altos e baixos para cravar lugar na decisão.

No jogo 1 da final, mais castigo com oscilações que fizeram a definição do vencedor acontecer, de novo, no quinto set. Depois da derrota por 3 a 2 no segundo jogo da etapa final, o poder de decisão celeste falou mais alto para o time sair na frente e ficar a uma vitória do hepta. Em Uberlândia, o Cruzeiro provou que atuações irregulares não costumam se repetir, deixando em quadra um desempenho consistente para fechar a temporada como a torcida sempre esperou.