“As mulheres têm autoridade absoluta na hora de comprar carro. Os veículos delas, são elas que escolhem. E os deles, são elas que escolhem também”. A afirmativa de Miguel Albino, superintendente comercial da Audi Carbel, em Belo Horizonte, descreve uma tendência que as concessionárias já perceberam: quando o assunto é carro, a última palavra é feminina.
A máxima de que quem entende de carro são os homens, e que esse é um assunto exclusivo do universo masculino, caiu por terra faz tempo, assim como com o sexismo embutido nesse pensamento. Na hora de escolher qual o melhor veículo para atender as necessidades delas, as mulheres, ao contrário dos homens, são as que mais se interessam por todo o conjunto.
“Elas vêm surpreendendo cada vez mais os consultores de venda. Com o poder de compra nas mãos, estão bem informadas quanto aos veículos de interesse. Chegam sabendo exatamente o que desejam”, diz Bruna Perdigão, gerente comercial da Renault Valence. Quando vão às compras automotivas, elas pesquisam sobre os modelos e seus opcionais, avaliam o custo-benefício sem deixar de lado o toque de sofisticação. Estética, principalmente em relação às cores, também entra no pacote de preferências e os queridinhos nesse quesito são os modelos hatch premium e SUV. Em algumas concessionárias de Belo Horizonte, por exemplo, o público feminino chega a representar 40% do total de vendas.
“Desde que a Honda lançou o HR-V, há três anos, temos fila de espera para algumas cores e alguns modelos. Em nossa concessionária, mais da metade dos clientes que compram esse veículo são mulheres. Elas chegam aqui sozinhas, sem influência de ninguém”, explica Gabriel Lucian, superintendente da Banzai Honda.
Raio X antes da compra
Foi depois de avaliar todos esses fatores que Jaqueline Kelly dos Santos, de 37 anos, escolheu um Fiat Idea. “Na época era um carro confortável, tinha um bom custo-benefício e era um veículo espaçoso”, descreve. Agora, quase cinco anos após a compra, ela vai trocar por um modelo mais novo, da mesma marca ou um similar. “Gostei muito de tudo que o carro oferecia”, complementa.
Jaque, como gosta de ser chamada, trabalha em um escritório de arquitetura com duas amigas. Todas compraram o primeiro carro com recursos próprios. “Sempre avalio custo-benefício e a praticidade do carro. Sonho, agora, em ter um automático”, afirma Laís Laine, 28. “Avalio os modelos que têm um bom preço no mercado”, complementa a amiga Roberta Antunes, 37.
“As mulheres são bem mais objetivas na hora de comprar o carro, buscando sempre por conforto, segurança e estética. Geralmente, elas pesquisam bem sobre o carro na internet e já chegam sabendo de tudo. Os homens, ao contrário, ficam mais vislumbrados como rodas de liga leve e potência do motor”, finaliza Mark Crepalde, gerente de vendas da Roma Fiat (Cidade Nova).
Antenadas em novos modelos e opcionais
Se engana quem pensa que as mulheres não estão ligadas no que as montadoras lançam. Prestes a trocar de veículo, a contadora Marina Albuquerque, de 35 anos, espera por um test drive no Polo. Recém-lançado, a pré-venda do modelo registrou 4.000 pedidos de compra em um mês.
“Gosto de carros compacto premium, que tenham bom desempenho na estrada e na cidade. Não tem essa que carro é coisa de homem. Hoje, tudo é coisa de mulher também”, afirma. “As mulheres, de um modo geral, são muito mais assertivas nas suas escolhas automobilísticas. Os homens, num todo, gostam mais da comparação técnica: optam por modelos com mais potência e itens exclusivos. As mulheres prezam pelo layout, conforto e por andar também em um carro que seja bonito”, explica Miguel Albino, superintendente comercial da Audi Carbel. Segundo ele, só na concessionária, cerca de 30% de todas as vendas são feitas exclusivamente para elas.
Decisivas na escolha do carro da família
Quando a assunto for escolha do carro da família, as mulheres também comandam a direção das compras. Procurando por um modelo econômico e confortável para ir trabalhar e levar o marido e a filha para passear, depois de muita pesquisa, a assistente financeira Nayara Braga, de 28 anos, comprou o Uno Vivace. “Praticamente fui eu que escolhi tudo. O meu marido chegou a dar um palpite ou outro, mas, no fundo depois que eu tirei todas as dúvidas com o vendedor, a palavra final foi minha”, garante.
Atendimento hoje é mais personalizado
Algumas concessionárias de Belo Horizonte são unânimes em dizer: nos últimos cinco anos, a presença feminina nas revendas aumenta a cada ano. Tanto é que muitos vendedores já estão de olho nesse crescimento para melhor atendê-las.
“A maior parte das nossas clientes têm entre 47 e 56 anos e chegam aqui sozinhas. Na hora de escolher, o quesito manutenção é fundamental para elas, que sempre buscam por carros que lhes tragam segurança. As mulheres gostam e têm curiosidade em saber sobre todos os itens do carro de uma forma especial”, diz Gabriel Lucian, superintendente da Banzai (Pampulha).
Pesquisa
Palavra final. Segundo pesquisa desenvolvida pela General Motors (GM) do Brasil, as mulheres representam 46% do atendimento em oficinas mecânicas. Além disso, 40% delas compram carros e em 70% dos casos elas influenciam a decisão de compra do veículo.
Chevrolet. Entre os modelos da Chevrolet, Tracker, Onix e Celta são os com maior percentual de compra pelo público feminino, diz a GM. No caso do Tracker, umas das características mais valorizadas por elas é a posição de dirigir mais elevada. Já no Onix, os atrativos são preço e conforto.