Para sobreviver após a crise causada pelo novo coronavírus, pelos próximos três a quatro meses, a indústria automobilística no Brasil precisará de um socorro financeiro na casa dos R$ 40 bilhões. A constatação foi feita na tarde desta quarta-feira (6) pelo presidente da Volkswagen do Brasil e para a América Latina, Pablo Di Si, durante a Live do Tempo.
Segundo o executivo, as montadoras têm uma reunião com o governo e os representantes do Ministério da Economia e do BNDES, nesta semana, para discutir possíveis aportes para salvar a cadeia produtiva. De acordo com Di Si, há risco de pequenos e médios fornecedores das marcas não suportarem a crise econômica e irem à falência.
“Neste momento de crise, não tem empresa grande, média ou pequena. Caixa é caixa, liquidez é liquidez, e toda empresa sofreu da mesma forma. Então, esse plano precisa sair para injetar maior liquidez nos fornecedores, mas lembrando que todos os recursos são limitados”, disse Di Si.
Investimentos congelados
Segundo o executivo da Volkswagen, para se manter viva no mercado, a marca congelou todos os investimentos no Brasil por 90 dias desde o início da pandemia. “Não significa suspender ou cancelar os investimentos, mas nós precisamos preservar nossa liquidez”, disse.
“O mais importante agora é que o mercado comece a retornar de forma gradual, com muita segurança e disciplina. Isso é o melhor a se fazer, porque, se continuar esperando, o tamanho do buraco vai ficando cada vez maior”, conclui Di Si.
Retomada da produção
“Nosso planejamento começou com treinamento de nossas pessoas. Nós temos um grande conhecimento da VW China e Alemanha, que já voltaram antes, e eles desenvolveram um protocolo com 80 itens de segurança para colaboradores e fornecedores. Por enquanto, nosso plano de retomada é dia 18 de maio, porque vai depender da quarentena do Estado de SP. Temos um plano, um treinamento, e seguiremos as diretrizes do governo”, disse.
Mudança no perfil
“Decidimos congelar todos os investimentos por 90 dias, não significa suspender ou cancelar. Nós precisamos preservar nessa liquidez. No mercado chinês, já voltou quase à normalidade o mercado, e muitas pessoas migraram para segmentos de carros menores e também o receio é grande de usar o transporte público. Após a pandemia, precisamos entender como o mercado vai se comportar no Brasil”, afirmou.
“Em 2003, tínhamos essa conversa de como seria a segmentação do mercado, e vimos que os SUVs iam crescer. Acho que eles vão continuar a crescer, mas acredito que numa velocidade menor, e vai aumentar a segmentação dos populares nos próximos dois anos, porque o crédito vai ser mais restrito”, disse.
Processo de venda
“Hoje em dia, o consumidor vai ao seu tablet e, com óculos de realidade aumentada, escolhe tudo no carro. O quanto vai durar esse processo é uma escolha do consumidor. O consumidor está no centro da ação da Volks. Acredito que esse modelo vai acontecer muito mais. Em um mercado que vai mudar muito nos próximos meses. O consumidor vai querer alugar por hora, por dia, por meses, por semanas. Àqueles concessionários que queiram ter esse tipo de serviço vamos oferecer”, concluiu.