A sensação de insegurança cresceu entre comerciantes e moradores próximos a Praça Mirassol, no bairro Caiçara, Região Noroeste de Belo Horizonte, após dois estabelecimentos serem invadidos em dias seguidos nesta semana. Na madrugada de terça-feira (15/7), uma academia foi arrombada. Já na madrugada seguinte, quarta-feira (16/7), foi a vez de uma loja de laticínios ser alvo dos criminosos -  e o mesmo local sofreu ainda uma nova tentativa de invasão nesta sexta-feira (18/7).

Imagens de câmeras de segurança, cedidas ao Super Notícia, mostram a movimentação de três suspeitos carregando produtos roubados da loja de laticínios. Apesar de contarem com sistemas de alarme e vigilância por vídeo, os dois comércios foram invadidos com facilidade. A recorrência das ações tem assustado quem vive e trabalha na região.

O dono da loja de laticínios, que preferiu não se identificar por medo de represálias, relata o prejuízo e a constante tensão. “Foi uma coisa absurda. Roubaram a gaveta do caixa inteiro, encomendas de produtos. Eles chegaram a usar a cestinha e fizeram uma compra grátis na loja”, contou. Segundo ele, os criminosos utilizaram uma alavanca de madeira para erguer a porta metálica e invadir o local durante a madrugada.

+ Siga o Super Notícia no Instagram
+ Siga o Super Notícia no Tiktok 

“Levaram o caixa inteiro pra fora, cabos das câmeras internas ficaram espalhados no chão. Usaram algum tipo de bloqueador de sinal porque, no horário da ação, não tem imagem nenhuma gravada. Hoje vai chegar um alarme mais potente, pra ver se melhora a situação. A gente fica nessa insegurança porque foram quatro vezes só essa semana. Eles já voltaram, tentaram de novo, arrebentaram o cadeado. É desesperador”, desabafa.

A empresária responsável por uma academia ao lado da loja de laticínios afirma que foi a primeira vez que o estúdio, aberto há cinco anos, foi alvo de criminosos. “A sensação é de estar vulnerável, impotente. Acordamos cedo todos os dias para trabalhar e, de repente, isso acontece. Roubaram o notebook do estúdio e a gente ficou com medo até de entrar, com receio de que os criminosos ainda estivessem lá dentro", disse a mulher, que também preferiu não ter o nome divulgado.

Ela conta que reforçou o sistema de segurança com alarmes e mais trancas, mas a preocupação permanece. “A gente não consegue mais investir com tranquilidade. Fica sempre esse pensamento: será que vão levar? Será que vão entrar de novo? Fico com medo de trazer algo novo para os alunos, e ele não durar aqui nem um único dia”, comentou.

Comunidade local também sofre

O sentimento de medo se espalha também entre moradores. Uma mulher que mora no entorno da Praça Mirassol relatou que a área se tornou um esconderijo para quem age de má-fé. “Temos um comércio, nos sentimos inseguros sim. A praça é um grande esconderijo para os maus intencionados, pois ela abriga o indivíduo de forma que ele se esconda para agir no momento certo”, afirma.

Ela mora no bairro há 25 anos e diz que a situação piorou com o tempo: “Antes tínhamos mais tranquilidade. Hoje, várias pessoas relatam essa insegurança, tanto comerciantes quanto moradores”. Questionada sobre a presença da Polícia Militar na região, ela foi direta: “Não considero o patrulhamento suficiente.”

Moradores lembram que a região já enfrentou ondas de assaltos em anos anteriores, especialmente entre 2015 e 2016, e temem que a situação esteja voltando a se repetir. A ausência de policiamento, segundo eles, tem contribuído para que os crimes se intensifiquem. "Recentemente, eu vejo pouco os carros da polícia fazendo a ronda. Então, se nesse horário que é de movimento, está pouco, durante a madrugada (é) ainda menos", disse a dona da academia.

A Polícia Militar foi acionada pelas vítimas em ambas as ocorrências, mas até a publicação desta reportagem nenhum suspeito tinha sido preso. Procurada sobre os crimes recentes e os relatos de insegurança da comunidade local, a corporação não havia se manifestado, até a publicação desse texto,  sobre o aumento da criminalidade no Caiçara e a possível melhora no patrulhamento ostensivo na região.