A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu uma investigação que durou quase um ano e resultou no indiciamento de três homens por estelionato qualificado, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Eles são suspeitos de aplicar um golpe milionário em empresários do setor de alimentos do interior de São Paulo. Dois dos investigados foram presos preventivamente, nos dias 21 de junho e 11 de julho, nas cidades paulistas de Americana e Herculândia; o terceiro segue foragido.
O grupo é acusado de simular um investimento de R$ 10 milhões na empresa das vítimas e exigir, como “aporte inicial”, US$ 100 mil. A transação foi realizada em um hotel de luxo em Belo Horizonte, onde a vítima entregou a quantia em espécie. Em troca, recebeu uma maleta com apenas R$ 5.200 em notas verdadeiras e o restante em cédulas cenográficas.
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De acordo com a PCMG, os investigados, de 51 e 61 anos, usavam nomes fictícios como “Jorge” e “César” e se passavam por investidores de alto poder aquisitivo. Um deles era responsável por convencer as vítimas da seriedade do negócio; outro realizava a troca do dinheiro; e o terceiro, ainda foragido, se apresentava como o investidor principal.
“Essa investigação já transcorre há mais de 11 meses, quase um ano, e ela teve um início bastante complicado porque não havia nenhum ponto de partida. Tudo começou do zero mesmo. Nós tínhamos apenas as imagens do rosto de duas pessoas e os nomes fictícios que eram usados por eles”, afirmou o delegado Rafael Faria, titular da 2ª Delegacia Especializada em Investigação de Combate à Corrupção e Fraudes.
Segundo o delegado, as vítimas que são empresários do ramo alimentício da cidade de Bebedouro (SP) buscavam ampliar a produção e modernizar o parque logístico da empresa. A proposta fraudulenta incluía o investimento de R$ 10 milhões, com retorno financeiro ao investidor. O grupo criminoso, no entanto, exigiu um valor inicial de US$ 170 mil (que foi diluído em duas parcelas, uma de US$ 100 mil e outra de US$ 70 mil) como condição para liberação da primeira parcela do aporte, supostamente de R$ 1 milhão.
“Embora a empresa se situasse em São Paulo e o investigado que captou também fosse de lá, eles vieram para Belo Horizonte para aplicar o golpe, como uma estratégia de dificultar as investigações e a descoberta do crime”, explicou Faria.
No dia da fraude, as vítimas entregaram US$ 100 mil em espécie e, ao subirem para o quarto do hotel para conferir o suposto R$ 1 milhão, perceberam que haviam recebido, majoritariamente, notas cenográficas. “Eles fizeram essa troca, quando as vítimas perceberam que aquele dinheiro era falso, eles já não estavam mais no local. Deixaram de atender o telefone e desapareceram”, relatou o delegado.
As investigações identificaram os envolvidos a partir de cruzamento de imagens do hotel, quebra de sigilos telefônico e telemático e reconhecimento fotográfico. “Confirmamos que os aparelhos celulares deles estiveram no local do crime, no dia e hora, então foi uma confirmação muito robusta de que essas pessoas deixaram o estado de São Paulo para vir cometer o crime aqui em Belo Horizonte e logo em seguida retornaram”, disse.
Foram realizadas diligências em cidades como Araraquara, Juiz de Fora, Herculândia e Americana. Durante as buscas, foram apreendidos uma Mercedes, celulares, R$ 9.800 em dinheiro, documentos, além de um comprovante de depósito bancário no valor de R$ 22 mil feito no dia da fraude. Parte dos bens foi alvo de sequestro judicial.
Os dois detidos estão presos em São Paulo, aguardando transferência para Belo Horizonte. As penas pelos crimes cometidos podem variar de 8 a 21 anos de reclusão.