Nesta sexta-feira (1º/8), quando a Polícia Militar de Minas Gerais iniciou a operação Agosto Lilás, para intensificar o combate à violência contra a mulher, a família de Alessandra de Jesus Araújo, enterrou a jovem de 29 anos. Ela foi assassinada com três tiros, sendo dois na cabeça, em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, em mais um caso que escancara a necessidade da criação de mecanismos de prevenção a este tipo de crime, além da oferta de mais apoio às vítimas. O suspeito do feminicídio é o ex-companheiro dela, um homem de 44 anos, que foi preso.
A história de Alessandra, que tem um filho de 8 anos com o suspeito, se parece com a de muitas outras vítimas, com recorrentes episódios de violência física e verbal. Parentes dela contaram ao Super Notícia que a jovem, nos dias anteriores ao do crime, estava sendo ameaçada: "Ele falava que se ela não ficasse com ele, não ficaria com ninguém ", contou um parente que pediu para não ter o nome publicado. O celular da vítima, inclusive, está com a Polícia Civil, que investiga o caso.
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Genivaldo da Silva, padrasto de Alessandra, também contou à reportagem que o relacionamento dela com o suspeito foi tranquilo somente no primeiro ano. "Logo depois que ela ficou grávida, virou um inferno. Ele batia nela grávida", afirmou. Segundo o padrasto, Alessandra sofria agressões físicas e verbais do ex-companheiro, que nunca teria pagado pensão para o filho de 8 anos.
Os parentes contaram que vítima e suspeito iniciaram relacionamento antes de ele ser preso por outro crime. Segundo a Polícia Militar, o homem cumpria pena em regime semiaberto por outro homicídio. "Ele nunca deu nada pro menino, nem conhece o garoto. Nem quando esse miserável estava solto ele deu assistência", contou o padrasto de Alessandra. "Esse menino nunca teve pai, e a Alessandra fazia tudo por ele. Agora somos nós que vamos criar ele com muito amor", concluiu Silva muito emocionado.
Sofrimento
No velório da jovem, no Cemitério Municipal de Vespasiano, a mãe dela precisou ser amparada o tempo todo por parentes. Segundo Luciene Jamília, a perda da amiga de infância será difícil de ser superada. "Conheço a Alessandra desde pequena. Não consigo acreditar que ela foi embora. Menina trabalhadora", lamentou.
Outra amiga da vítima, Ingrid Silva disse que Alessandra não conseguia se distanciar do suspeito. "Ele ameaçava ela de morte o tempo todo. Aproveitou a saidinha pra fazer isso. Não consigo acreditar que perdi minha amiga desse jeito".
Relembre do caso
O assassinato de Alessandra ocorreu na noite de quarta-feira (30/7) quando a vítima voltava para casa após um dia de trabalho. Na garupa de uma moto, o suspeito teria se aproximado dela e atirado três vezes. Dois tiros a atingiram na cabeça. Alessandra, segundo a Polícia Militar, ainda teve o corpo jogado em um barranco.
Menos de 24 horas depois, o suspeito do crime foi preso na casa de um tio, em Belo Horizonte. A PM chegou ao local após receber denúncia anônima e, conforme os militares, o homem não teria demonstrado arrependimento.