Dois traficantes que ameaçavam e torturavam moradores, usuários de drogas e até seus próprios comparsas, foram presos em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), os dois homens de 30 e 35 anos eram os números 1 e 2 do grupo, respectivamente. Um terceiro suspeito está foragido.
Além dos suspeitos detidos, a Operação Pretório, deflagrada nesta segunda-feira (25/8), cumpriu quatro mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos envolvidos, além de confirmar as prisões preventivas de outros dois homens que já estavam presos desde janeiro de 2025 por tráfico de drogas e que, conforme as investigações, integravam a quadrilha.
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De acordo com as investigações, o grupo criminoso que atuava no bairro Jardim Colonial era organizado com hierarquia e divisão de tarefas entre os integrantes. Os suspeitos ameaçavam de agressão e até morte os moradores do bairro, caso alguém deletasse a quadrilha, além de impôr toque de recolher.
Em dois vídeos (clique aqui e assista ao vídeo) divulgados pela polícia aos quais o Super Notícia teve acesso, os criminosos fazem roleta russa - que é quando a vítima é ameaçada com uma arma de fogo, e os suspeitos apertam o gatilho, sendo que em apenas um tambor há bala - com uma das vítimas e dão coronhada e queimam outro homem com um maçarico improvisado.
O delegado Bruno Testa, responsável pelas investigações, disse que desde 2 de maio de 2024, quando dois integrantes do grupo foram presos por tráfico de drogas na região, a Polícia Civil passou a monitorar o bando. “Essa quadrilha tem cerca de 13 integrantes. Eles atuavam no bairro ameaçando moradores, fazendo toque de recolher. Quem desobedecia poderia sofrer consequências graves, desde tortura até a morte", contou o delegado.
Vídeos
Em um dos vídeos (clique aqui e assista ao vídeo), o traficante de 30 anos, o número 2 do grupo, que era o responsável por executar as ações, ameaça um vendedor de drogas do proprio grupo criminoso, fazendo uma roleta russa com um revólver calibre .38, enquanto dá risadas.
Segundo o delegado, a vítima teria perdido 15 porções com 13 pinos de cocaína cada, em um valor estimado de cerca de R$ 2.000. "O número dois inclusive nos disse em depoimento, que ele queria mostrar pro número 1 que ele estava cobrando a dívida da droga", completou o delegado Bruno Testa.
No segundo vídeo, é possível ver o mesmo suspeito com um aerosol utilizado como maçarico para ameaçar e até queimar as costas de outra vítima que devia aos traficantes. Nesse caso, o torturado tinha 40 anos, era pedreiro e teria vindo do estado do Amazonas para trabalhar em Minas Gerais.
A vítima que escondia as drogas para os traficantes, teria sido morta logo após a gravação da tortura, mas como a polícia ainda não achou o corpo, ele é considerado desaparecido. "Segundo depoimento dos presos de hoje (segunda-feira), essa vítima teria sido morta do lado de fora da casa, mas estamos investigando a veracidade da informação. Pode ser que o homem tenha voltado para o Amazanos", concluiu.
Material apreendido
Durante a operação, a polícia apreendeu um revólver calibre 38, provavelmente o mesmo utilizado nas torturas registradas nos vídeos, munições de vários calibres, droga, balança de precisão, aparelhos telefônicos, um veículo utilizado pelos traficantes e até um sagui, animal da fauna silvestre brasileira. De acordo com a polícia, o macaquinho estava em uma gaiola inadequada, e a nota fiscal apresentada pelo grupo era falsa. O animal foi encaminhado ao Ibama em Belo Horizonte.
Ainda de acordo com o delegado, as investigações continuam para prender o terceiro integrante que está foragido e para identificar outros sete homens suspeitos de integrar a quadrilha. Ao todo, até o momento, são quatro homens presos, sendo que três deles estão no Presídio Antônio Dutra Ladeira e outro no presídio de Caratinga.