O padeiro e o dono da padaria onde foi feita a torta de frango que causou a intoxicação de três pessoas foram indiciados pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) e vão responder por homicídio culposo, lesão corporal grave e por vender produtos impróprios para consumo. A Polícia Civil concluiu as investigações sobre o caso de intoxicação alimentar que resultou na morte de uma senhora de 75 anos e deixou o casal de sobrinhos, de 23 e 24 anos, com sequelas.

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A investigação da PCMG concluiu que as vítimas foram contaminadas pela bactéria Clostridium botulinum, causadora da doença conhecida como botulismo. Segundo a delegada responsável pelo caso, Elyenni Celida da Silva, para constatar a intoxicação foi necessária a atuação de uma junta médica formada por profissionais que atenderam os pacientes, além de outros especialistas. Também foram considerados estudos baseados nos laudos e relatórios médicos das três vítimas, 22 oitivas e o apoio da Vigilância Epidemiológica do Estado, do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde de Minas. “O principal critério decisivo para afirmar que houve intoxicação foi clínico-epidemiológico, ou seja, os sintomas apresentados pelas três vítimas”, concluiu.

O caso ocorreu em uma padaria no bairro Serrano, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, no dia 21 abril de 2025. Uma senhora de 75 anos faleceu após ficar mais de um mês em coma, após comer uma torta de frango contaminada. O casal de sobrinhos, de 23 e 24 anos, comeu da mesma torta e ficou com sequelas graves. 

De acordo com as investigações, a padaria não tinha nenhuma licença da prefeitura e alvará de funcionamento. A delegada relatou que a padaria não tinha nenhuma preocupação com as condições de higiene no armazenamento, produção e manipulação dos alimentos que eram vendidos. "Os alimentos não estavam devidamente acondicionados, alimentos crus com já fabricados, destampados, sem condições de refrigeração adequada; tinha até carne com verdura junto", concluiu. 

O proprietário da padaria e o padeiro vão reponder por três crimes: lesão corporal, homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e por vender alimentos impróprios para o consumo.

 

 

Defesa do padeiro

Em nota à imprensa o advogado de defesa do padeiro disse que recebeu com profunda surpresa e tristeza a notícia de seu indiciamento ressaltando que ele estava no local há apenas 5 dias.

"É impossível não reconhecer a dor da família que perdeu um ente querido e a difícil situação das pessoas que ainda sofrem com sequelas. Nosso cliente se solidariza sinceramente com todos. No entanto, é preciso esclarecer que o Sr. Ronaldo é um recém-contratado, sem carteira assinada, sem qualquer autonomia sobre a estrutura ou as condições de funcionamento da padaria. Sua função se limitava ao preparo dos alimentos, confiando que o ambiente oferecido por seus empregadores era adequado", concluiu dizendo que espera que no curso do processo judicial, fique provado que ele não contribuiu para o resultado trágico. 

Detalhes da investigação

O casal de 23 e 24 anos, veio de Sete Lagoas, na região central de Minas Gerais, para visitar a tia, uma senhora de 75 anos. Eles foram no dia 21 de abril de 2025, a uma padaria no bairro Serrano, região noroeste da capital, e compraram uma torta de frango.

Segundo as investigações, o trio voltou para casa e assim que abriram a torta para comer, sentiram um cheiro forte. O casal só experimentou, mas a idosa comeu um pedaço maior. Desconfiados eles devolveram o produto na padaria, que jogou fora a torta e ressarciu os clientes. 

Nesse mesmo dia, os sobrinhos voltaram para Sete Lagoas e começaram a passar mal. Eles foram para o hospital da cidade no dia seguinte e logo foram transferidos para Belo Horizonte. Enquanto isso, em Belo Horizonte, a idosa também passou mal em casa e teve que ir de ambulância para o Hospital, já em estado de coma.

A vítima ficou 35 dias internada no hospital até que veio a falecer, já os sobrinhos também ficaram internados por mais de 20 dias, mas foram liberados. O casal ficou com sequelas graves por causa da intoxicação. "Eles apresentam dificuldade de visão, dificuldade neurológica em relação a coordenação motora e motora fina, dificuldade para caminhar e desempenhar atividades diárias", relatou da Silva.