As imagens são chocantes. Elas são o flagrante da covardia sofrida pela manicure Michelle Colósimo, de 39 anos, que por cerca de 12 horas ficou trancada dentro de casa, em Itajubá, no Sul de Minas Gerais, sob as ameaças e agressões do ex-namorado, que é fisiculturista. O caso aconteceu entre os dias 8 e 9 de maio deste ano, mas veio à tona nesta quarta-feira (6/8) após a Polícia Civil confirmar que Rafael Pedro da Silva, de 28 anos, está preso e foi indiciado pelo crime.

Em entrevista ao Super Notícia , Michelle contou que resolveu expor sua história em uma rede social ao ver a notícia do espancamento sofrido por Juliana Soares, de 35 anos, que sobreviveu após levar mais de 60 socos do então namorado Igor Amaral, de 29 anos, dentro de um elevador em um condomínio de Natal, no Rio Grande do Norte. "Espero que minha história também sirva de exemplo e mostre a importância de que outras mulheres denunciem casos assim antes que o pior acontece", afirmou. 

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Segundo a manicure, o suspeito foi até a casa dela, onde também funciona o salão de beleza, de surpresa. “Ele estava escondido na rua de trás. Entrei em casa, e ele entrou junto. Disse que eu estava desfazendo dele, que estava buscando mais a Deus e que iria melhorar. Quando falei que não queria mais ficar com ele de qualquer jeito, ele começou a me agredir”, contou.

Era por volta das 21h do dia 8 de maio. Com uma faca, ele a teria ameaçado e a mantido em cárcere privado no local. O vídeo que registra as agressões sofridas por Michelle são da câmera de vigilância do salão de beleza. Nas imagens, com pouco mais de 2 minutos de duração, é possível ver a vítima sentada no sofá, enquanto conversa com Rafael, que está em pé.

Em dado momento, ele se exalta e começa a agredi-la com socos e tapas, além de apertar seu pescoço e dizer: "Você não tem escolha". Michele parece perder a consciência por alguns segundos. É possível ouvir gritos da mulher e o som dos tapas e socos que ela leva do suspeito - a reportagem optou por tirar o áudio diante da violência da agressão.

Segundo o boletim de ocorrência registrado pela vítima, ela foi trancada em um quarto, agredida com socos e tapas, ameaçada com uma faca e forçada a tomar remédios para dormir. “Ele falava que se eu não morresse com a faca, morreria pelas as mãos dele. Naquele dia, dormiu comigo sob ameaça da faca a noite toda”, revelou a vítima.

Pela manhã do dia seguinte, conforme Michelle, o suspeito a levou até sua casa sob a promessa de que prepararia o café antes de ir trabalhar. “Ele fez o café com a faca na mão. A todo momento me ameaçando, dizendo que ia me matar e que a culpa era minha. Eu só tentava manter a calma para sair dali viva”, contou.

De acordo com a vítima, depois das agressões, o suspeito a deixou em casa e seguiu para o trabalho dele. Foi quando ela resolveu denunciá-lo, pois os filhos perceberam que ela estava com o rosto bastante ferido. O suspeito foi preso no mesmo dia, conforme a Polícia Militar.

Versão

À PM, Rafael alegou que havia dado apenas um soco na ex, motivado por uma suposta traição, e negou as demais acusações. Disse ainda que o casal estaria em processo de reconciliação, o que foi desmentido por Michelle.

“Terminamos um mês antes das agressões. Ele me perseguia, mandava mensagens por celular de outras pessoas, ia até a escola do meu filho. Cheguei a dizer que procuraria a polícia, e ele respondeu que, se eu envolvesse a PM, ia piorar tudo”, afirmou Michelle.

Investigação

O caso configura violência doméstica, e Rafael foi indiciado pelos crimes de cárcere privado, lesão corporal e ameaça contra a ex-namorada, conforme a Polícia Civil. A prisão foi convertida em preventiva e ele está detido no Presídio de Itajubá. A Patrulha de Prevenção à Violência contra a Mulher também fez uma visita à vítima logo após a prisão do agressor.

O impacto das agressões, no entanto, seguem afetando a rotina da manicure. “Meu salão é na minha casa. Tem cliente que tem medo de vir. Gente que se afastou. Eu estou tranquila enquanto ele está preso, mas tenho medo do que pode acontecer quando ele sair. Me preocupo pelos meus filhos”, lamentou.

O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil. A reportagem procurou a defesa do fisiculturista, mas não encontrou nenhum contato até a publicação desta reportagem.