No mês de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) promove o lançamento de uma cartilha informativa com o tema “Pelo fim da Violência Doméstica: Reflexão, Responsabilização e Transformação” para apresentar o Grupo Reflexivo Dialogar. Clique neste link para ter acesso à cartilha completa.

O trabalho, pioneiro no Brasil, é voltado aos homens autores de violência doméstica e busca atuar para que eles não voltem a cometer o crime. Implementado pela PCMG de Belo Horizonte em 2013, o trabalho já atendeu a 1.500 homens acusados de algum tipo de violência doméstica.

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O programa forma agentes, chamados de "facilitadores", para atender a esses suspeitos. Sempre uma mulher e um homem da Polícia Civil fazem a escuta de um grupo de 13 acusados de violência em 12 seções obrigatórias durante o cumprimento de pena. Os atendidos recebem apoio psicológico e orientações de como ter relacionamentos mais saudáveis com suas parceiras em uma forma de fazê-los refletir para evitar atitudes violentas.

Douglas Santigo é investigador e um dos facilitadores formados pelo programa. Desde 2020 nos grupos reflexivos, ele destaca que a maioria dos casos de violência doméstica cometidos por homens vem de uma desestruturação familiar muito grande, às vezes sofreram abuso sexual ou emocional, negligência dos pais. "São homens de várias classes sociais", destacou.

Apesar do trabalho difícil, Douglas avalia o resultado positivo em muitos casos. "Eles chegam muito resistentes nas primeiras seções, mas, no final, ficam completamente transformados. Já recebemos ligação de esposas que pediam para os maridos continuarem no programa, porquê eles haviam mudado o comportamento dentro de casa", disse o agente.  

Lançamento

O lançamento da campanha de 2025 foi feito nesta quarta-feira (13/8) na sede do Departamento Estadual de Investigação, Orientação e Proteção à Família (Defam), no centro de Belo Horizonte. A delegada Pollyana Aguiar, responsável pelo Grupo Reflexivo Dialogar, disse que o programa é um reconhecimento da polícia de que não adianta agir apenas de maneira repressiva.

"É preciso agir na causa do crime contra a mulher para quê de maneira efetiva a gente consiga diminuir os números de violência", afirmou Pollyana. Ainda segundo a delegada é preciso fazer com que esses homens cumpram a pena, mas ela entende que só por meio da educação, da reflexão e da auto responsabilização será possível conseguir atingir a causa do problema de maneira mais efetiva, prevenindo que os crimes continuem.

Violência doméstica

Segundo os dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública, entre os anos de 2015 e 2024, foram registradas 11.650 ocorrências de feminicídios e 29.659 ocorrências de homicídio doloso e lesão corporal seguidas de morte de mulheres no Brasil. Esses números somam 41.309 casos de mortes violentas de mulheres no período. Em 2023, foram 1.438 casos de feminicídio e 2.707 casos de homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte de mulheres. Em 2024, foram 1.450 feminicídios e 2.485 homicídios dolosos e lesões corporais seguidas de morte. O que significa uma diminuição de 5,07% nos casos de violência letal contra as mulheres.

Ainda de acordo com o dados do Ministério, três a cada dez brasileiras já sofreram violência doméstica. A cada 24 horas, 13 mulheres foram vítimas de violência no Brasil e  84,7 % das agressões foram cometidas por familiares ou conhecidos da vitima. Uma mulher é morta a cada 17 horas no país.

Expansão do programa

Segundo a delegada responsável pelo Grupo Dialogar, uma cidade da região metropolitana vai receber o programa até o final deste ano. "Outras cidades estratégicas do Estado também já estão em fase final de estudo para também receber o apoio do grupo", completou Pollyana, sem adiantar quais municípios serão beneficiados com o atendimento.